quarta-feira, 24 de setembro de 2025

"PERSEGUIÇÃO IMPLACÁVEL"

                                              Por Carlos Eden Meira

Não. Não é um título de filme. Trata-se de uma perseguição que sofri no antigo IERP, por um professor de matemática do qual prefiro "esquecer" o nome. Dizia-se na época, que esse professor era frustrado por ter sido reprovado em seu teste num curso superior para lecionar matemática. O caso se deu, devido a uma denúncia contra mim, por uma funcionária do colégio que tinha uma certa antipatia por mim e por um colega, Luiz Edmundo, que gostava, assim como eu, de fazer caricaturas. Inclusive, de uma que Luiz fez da tal funcionária.

Luiz teve um bate boca com essa funcionária, e a chamou de "maracujá de gaveta", devido a cara muito enrugada da mulher. Houve então, um acontecimento que resultou na tal perseguição sobre a qual me referi. Um outro colega nosso de nome Elmano, sujeitinho insuportável desses que usam de brincadeiras de mau gosto só pra se divertir, como urinar nos colegas na saída do colégio em plena rua, espremer sumo de casca de tangerina nos olhos de alguém, e outras porcarias ainda mais nojentas.

Uma colega nossa, Dalva - (acho que esse era o nome da garota)-  tímida, calada e que não tinha atributos físicos que despertassem a atenção dos outros colegas, encontrou dentro de seu caderno, um desenho imoral pessimamente desenhado e acompanhado de um bilhete com frases também imorais. Imediatamente, ela associou esse desenho com os que eu e Luiz fazíamos e mostrou à funcionária "maracujá de gaveta". Isso ocorreu justamente durante uma aula do tal professor de matemática que exigiu perante o diretor Milton Rabelo a minha expulsão do colégio. Não sei porquê, Luiz ficou fora dessa ameaça, apesar de ter sido ele quem discutiu com a funcionária.

O diretor, que era muito amigo de meu pai, escreveu um bilhete explicando a situação, pedindo que ele comparecesse na secretaria do colégio para melhor esclarecimento do problema. Quando cheguei em casa com esse bilhete, meu pai ficou furioso! No dia seguinte, foi comigo ao colégio e lá, exigiu a presença de um grafologista para que examinasse o maldito bilhete e pediu providências legais contra o professor de matemática.

Aquilo foi um exagero do meu pai, pois, onde é que ele ia achar por aqui um grafologista? E também, o diretor era amigo do professor de matemática. Não queria se indispor com ele. Veio então a intervenção salvadora. O professor Atonin Brioude, que lecionava Francês, Português e outras matérias interferiu a meu favor. Artista plástico, desenhista, francês de nacionalidade, naquela reunião disse: "Carlos Eden não fez o desenho, nem escreveu esse bilhete. Ele é meu aluno, conheço os desenhos dele que são bons, e a letra dele é completamente diferente da letra desse bilhete aí. Ele seria incapaz de escrever uma imoralidade dessa".

No entanto, eu tive parcela de culpa, nessa acusação. O professor de matemática levou meu caderno de rascunho para a secretaria para a comparação de letras e desenhos. Eu havia feito no caderno, uma charge com uma caricatura dele, que era uma dessas pessoas que não admitem serem caricaturadas. Isto bastou para ele me acusar. Mas, a intervenção do professor Antonin foi definitiva para acabar com dúvidas. Eu e meu pai agradecemos ao diretor e ao professor Antonin, e  retornei à sala de aula livre de suspeitas. Luis Edmundo ficou também, livre de suspeitas, mas em seu caderno não tinha nenhuma charge com a caricatura do professor.

 Mas, a vida é uma caixinha de surpresas! (frase manjada pacas essa aí, é não)?

Aconteceu então, que alguns anos mais tarde, um primo meu de Poções me contou que conheceu um rapaz de nome Elmano, o qual ao saber que ele era dos Magalhães, perguntou:

-Cara, você tem parente em Jequié?

-Tenho sim - respondeu meu primo.

-Tem um tal de Carlos Eden?

-Sim . Carlos Eden é meu primo.

-Rapaz, eu botei esse teu primo numa encrenca doida com um professor, no colégio onde fomos colegas de sala, lá em Jequié.

Então, o sacana do Elmano contou toda essa incrível história aqui narrada. Até hoje não sei que rumo levou o cara, nem quero saber.

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