Por Carlos Eden Meira
Não. Não é um título de filme.
Trata-se de uma perseguição que sofri no antigo IERP, por um professor de
matemática do qual prefiro "esquecer" o nome. Dizia-se na época, que
esse professor era frustrado por ter sido reprovado em seu teste num curso
superior para lecionar matemática. O caso se deu, devido a uma denúncia contra
mim, por uma funcionária do colégio que tinha uma certa antipatia por mim e por
um colega, Luiz Edmundo, que gostava, assim como eu, de fazer caricaturas.
Inclusive, de uma que Luiz fez da tal funcionária.
Luiz teve um bate boca com essa
funcionária, e a chamou de "maracujá de gaveta", devido a cara muito
enrugada da mulher. Houve então, um acontecimento que resultou na tal
perseguição sobre a qual me referi. Um outro colega nosso de nome Elmano,
sujeitinho insuportável desses que usam de brincadeiras de mau gosto só pra se
divertir, como urinar nos colegas na saída do colégio em plena rua, espremer
sumo de casca de tangerina nos olhos de alguém, e outras porcarias ainda mais
nojentas.
Uma colega nossa, Dalva - (acho
que esse era o nome da garota)- tímida, calada e que não tinha atributos
físicos que despertassem a atenção dos outros colegas, encontrou dentro de seu
caderno, um desenho imoral pessimamente desenhado e acompanhado de um bilhete
com frases também imorais. Imediatamente, ela associou esse desenho com os que
eu e Luiz fazíamos e mostrou à funcionária "maracujá de gaveta". Isso
ocorreu justamente durante uma aula do tal professor de matemática que exigiu
perante o diretor Milton Rabelo a minha expulsão do colégio. Não sei porquê,
Luiz ficou fora dessa ameaça, apesar de ter sido ele quem discutiu com a
funcionária.
O diretor, que era muito amigo
de meu pai, escreveu um bilhete explicando a situação, pedindo que ele
comparecesse na secretaria do colégio para melhor esclarecimento do problema.
Quando cheguei em casa com esse bilhete, meu pai ficou furioso! No dia
seguinte, foi comigo ao colégio e lá, exigiu a presença de um grafologista para
que examinasse o maldito bilhete e pediu providências legais contra o professor
de matemática.
Aquilo foi um exagero do meu
pai, pois, onde é que ele ia achar por aqui um grafologista? E também, o
diretor era amigo do professor de matemática. Não queria se indispor com ele.
Veio então a intervenção salvadora. O professor Atonin Brioude, que lecionava
Francês, Português e outras matérias interferiu a meu favor. Artista plástico,
desenhista, francês de nacionalidade, naquela reunião disse: "Carlos Eden
não fez o desenho, nem escreveu esse bilhete. Ele é meu aluno, conheço os
desenhos dele que são bons, e a letra dele é completamente diferente da letra
desse bilhete aí. Ele seria incapaz de escrever uma imoralidade dessa".
No entanto, eu tive parcela de
culpa, nessa acusação. O professor de matemática levou meu caderno de rascunho
para a secretaria para a comparação de letras e desenhos. Eu havia feito no
caderno, uma charge com uma caricatura dele, que era uma dessas pessoas que não
admitem serem caricaturadas. Isto bastou para ele me acusar. Mas, a intervenção
do professor Antonin foi definitiva para acabar com dúvidas. Eu e meu pai
agradecemos ao diretor e ao professor Antonin, e retornei à sala de aula
livre de suspeitas. Luis Edmundo ficou também, livre de suspeitas, mas em seu
caderno não tinha nenhuma charge com a caricatura do professor.
Mas, a vida é uma
caixinha de surpresas! (frase manjada pacas essa aí, é não)?
Aconteceu então, que alguns
anos mais tarde, um primo meu de Poções me contou que conheceu um rapaz de nome
Elmano, o qual ao saber que ele era dos Magalhães, perguntou:
-Cara, você tem parente em
Jequié?
-Tenho sim - respondeu meu
primo.
-Tem um tal de Carlos Eden?
-Sim . Carlos Eden é meu primo.
-Rapaz, eu botei esse teu primo
numa encrenca doida com um professor, no colégio onde fomos colegas de sala, lá
em Jequié.
Então, o sacana do Elmano contou toda essa incrível história aqui narrada. Até hoje não sei que rumo levou o cara, nem quero saber.
Nenhum comentário:
Postar um comentário