Carlos Eden Meira
O Viaduto Daniel Andrade, construído de 1963 a
1966, divide a Avenida Rio Branco exatamente no meio. Uma parte em direção ao
Bairro do Joaquim Romão, outra em direção ao centro da cidade. Na época, que eu
me lembre, não havia nenhuma maquete gráfica da obra, que era administrada por
Mestre Agusto, então funcionário da prefeitura, e supervisionada por Seu Délio
e Seu Matos, responsáveis pelas escavações e pelos explosivos utilizados na
citada obra.
Dizia-se então, que alguns detalhes na arquitetura
do viaduto seriam concluídos mais tarde, ficando dessa maneira os acabamentos
para serem concluídos mais tarde. Era uma obra imprescindível para o
melhoramento do trânsito, já que facilitava o movimento de veículos que antes
tinham que subir duas íngremes ladeiras: a que vinha do centro para o Joaquim
Romão, e a que vinha do citado bairro em direção ao centro.
As explosões utilizadas durante a construção
causaram sérios danos aos moradores das residências mais próximas do viaduto.
Paredes rachadas, telhas quebradas provocando goteiras, além do enorme perigo
para quem caminhava pelas estreitas laterais a caminho de suas casas. Era um
risco terrível, mas não havia alternativa para essas pessoas. Ou era assim, ou
teriam que dar voltas através de ruas adjacentes para chegar em casa.
Durante o período de chuvas de verão, os barrancos
nessas laterais caíam tornando ainda mais perigosas essas caminhadas. O
Jornalista Raymundo Meira, (de saudosa memória) morador de um dos lados da rua,
viu ali, a oportunidade de protestar contra os perigos e prejuízos causados
pela construção do viaduto. Gozador como era, teve a ideia de criar duas
charges em cartolina dupla, e me pediu para desenhar. A primeira, intitulada O
SONHO DOS JEQUIEENSES e a segunda, com o título A TRISTE REALIDADE.
Como não havia naquele tempo um processo gráfico
disponível para publicar charges como temos hoje em dia, em que até no celular
pode-se desenhar qualquer coisa, Raymundo pediu a um lojista local, para exibir
os dois desenhos, na vitrine de sua loja. Os transeuntes que por ali passavam,
davam boas risadas ao verem as charges. Ocorreu então que o prefeito, homem de
mente aberta, também viu essas charges e se interessou pela primeira, ou seja:
O SONHO DOS JEQUIEENSES.
O prefeito então procurou meu pai, perguntando se
eu faria uma reprodução gráfica da segunda charge, para colocar no "Jornal
Jequié", no que foi prontamente atendido, pois, meu pai também se
interessou pelo assunto. Utilizando um recurso gráfico disponível naquela época,
o jornal publicou o meu desenho. Foi para mim, uma enorme satisfação ver um
desenho meu, publicado num jornal.
O correu que o jornal publicou o desenho com o nome do viaduto que seria inaugurado em breve, e a palavra "foto", sem citar o nome do autor. Se não fosse minha assinatura tímidamente colocada num cantinho do desenho, ninguém saberia quem desenhou. Conclusão: eu fui o autor da maquete gráfica do viaduto. Acredite se quiser.
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