Carlos Eden Meira
Estávamos num bar que existia na
Praça Ruy Barbosa, cujo proprietário era "Seu Kennedy", que achávamos
parecido com o falecido presidente dos EUA, assassinado em 1963. Na mesa, onde
estávamos, obviamente como sempre, bebendo cerveja e tocando violão, fomos
abordados por um cidadão fã de uma farra de fim de semana, e que não aguentava
ver aquele violão ali sem que nos pedisse pra tocar algum samba-canção de
Nelson Gonçalves ou um bolerão qualquer. Dos boleros até gostávamos, mas
samba-canção não era nossa praia. Era mais de meia-noite, quando "Seu Kennedy"
nos pediu educadamente, licença para ele fechar o estabelecimento, o que
prontamente atendemos.
O rapaz que não conhecíamos, ao
perceber que a farra ia terminar, protestou:
-Poxa, agora que tava ficando bom! Eu
tô com um carro aqui na porta. Vocês não querem vir comigo? Eu moro na Cidade
Nova, e lá a gente continua a festa em algum outro bar. E aí? Vamos nessa?
Ficamos assim meio cabreiros com
aquele convite, mas, todos nós já devidamente alcoolizados topamos o convite.
Quando o carro em movimento deu um primeiro solavanco, percebemos um barulho na
parte traseira do veículo. O rapaz, ao volante, teve um sobressalto repentino e
gritou:
-Vixe! Agora que me lembrei! Esse
barulho aí é a feira lá de casa que eu esqueci de levar mais cedo! E agora?
Não tínhamos nenhuma sugestão a dar,
pois, como o cara ia chegar em casa àquela hora pra entregar a feira? A solução
foi a mais viável possível. Retiramos a feira do porta-malas, e fizemos uma
"montanha" de pacotes, encostados na porta da casa.
-A minha mulher vai virar no cabrunco
quando encontrar essa feira aí. Vamos bater na porta e correr pro carro. Dito e
feito! O cara bateu na porta, e, quando a mulher abriu, a feira desabou porta
adentro. Só ouvíamos os berros da senhora xingando o marido de todos os
palavrões cabíveis, enquanto corríamos todos para o carro, e fomos procurar um
bar aberto. E tome-lhe violão e cerveja, até o sol raiar... Éramos todos uns
irresponsáveis!
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