domingo, 28 de agosto de 2022

Futebol de categoria no Valdomiro Borges.

Mas hoje me desculpo: Fluminense de Feira e Jequié fizeram uma partida bonita, jogaram um futebol vistoso, limpo, com objetivo, com lances perigosos e muita vibração. Tanto Fluminense como Jequié poderiam ter ganho a partida. Ambos tiveram boas oportunidades, que não foram aproveitadas. A torcida do Jequié ajudou muito, incentivando seu time, mostrando de que ela também gostou do jogo. E o melhor resultado para um jogo como o de ontem, no Estádio Waldomiro Borges seria mesmo empate com ou sem gols.

A gente tem o hábito de analisar salientando quem esteve melhor, quais os jogadores que mais se destacaram e o time que perdeu maior número de chances para vencer o jogo, esta formula não se aplica absolutamente, à partida de ontem. Ninguém jogou melhor do que ninguém, jogador nem foi o dono do campo, embora, realmente tivesse havido aqueles que se destacaram mais e também os que estiveram com muita sorte. O destaque foi, sobretudo, a partida em si, agradou como espetáculo, em que os participantes procuraram expor o que salvou em termos de habilidade técnica e espírito de luta

Só para fortalecer o ponto de vista de que a partida foi de tudo um espetáculo artístico quem observou, como eu, com uma neutralidade, porque não me uma desta neutralidade, porque não  visualizava a vitória de Jequié ou a do Fluminense, mas sobretudo ver um bom futebol, e de que qualquer dos dois poderia ter vencido, dou um exemplo: Mário Braga, que não estava vendo, já no fim da partida com o Fluminense pressionado, virou pra mim e disse: “ Nós já estamos merecendo fazer um, gol – estamos melhores”, veja que logo depois, Marco, ponta esquerda do Jequié, entrou na área, sozinho e perdeu um gol de cara.

O primeiro tempo não foi tão bom quanto o segundo, mas não foi ruim. O Jequié começou com uma disposição assustadora, animado pela torcida que gastou muito dinheiro com fogos, bandeiras e charanga. O Fluminense chegou a assustar. Se não fosse a categoria de muitos jogadores bastante vividos neste tipo de jogo, bem que o Jequié poderia ter decidido logo. Além disso, o ritmo era acelerado, eu apontava que ninguém aguentaria até os 30 minutos daquele jeito. Poia bem: a turma correu o tempo inteirinho.

Aos dez minutos, João Daniel deu um meio gol para Zé Pequeno, lançando a bola pelo meio. O ponteiro do Fluminense chutou forte, mas bateu em Carlinhos, que vinha para cobertura, e foi para corner. Ainda no primeiro tempo, Helinho perdeu duas chances. Entretanto, o Jequié também pressionava. Toda vez que descia parra a área do Fluminense. Dilermando (principalmente este) e tanajura ameaçavam. Depois, o Jequié deu sorte. João Daniel sentiu uma distensão muscular e saiu de campo. Ele vinha sendo o mais perigoso do ataque do Fluminense.

Do ponto de vista tático, os erros também foram idênticos. Tanto Fluminense como Jequié não utilizaram os seus extremas. Aliás, isto é, até eufemismo, porque o real seria dizer que Fluminense e Jequié não tinham extremas em campo. Pinta e Marco nada fizeram. Do mesmo modo, Zé Pequeno, apesar de muito esforço, e Helinho, que correu muito. E só. Talvez uma orientação técnica para fazer as jogadas de ataque pelas pontas pudesse dar resultado.

Vejam bem: o setor mais positivo as defensivas era justamente o meio. Pelo Fluminense, Paulo Ricardo e Sapatão, ganhando bem as divididas com Dilermando e Tanajura. Pelo Jequié, Carlinhos e José Augusto estavam muito acima de Caculé e Jurandir, depois Paiva. Como, então, insistir nos avanços pelo meio, justamente o ponto menos vulnerável, mais sólido, dos dois times? Mas, o diabo era que, se os laterais dos times que já falei, merecem destaques; Merrinho e Quincas. Chinesinho e Maica. Os dois excelentes. Merrinho foi o melhor de  todos, mas Maica não ficou muito atrás, o garoto é bom. Pinherinho lutou muito no ataque do Fluminense, mas quase só tinha ele. Carlos Magno me pareceu um bom jogador, mas ainda fora de forma física. A gente nota que ele não tem flexibilidade, manejo de campo. Isto dificultou a execução de dribles, que poderiam furar o cerco da defesa do Jequié. Os goleiros, Edmilson e Carlos Henrique, foram seguros. Edmilson foi mais empregado e apareceu mais (até nas reclamações ao juiz e aos companheiros de defesa, Ele, apenas algumas vezes, se preocupou em dar voos para a torcida vibrar e quase complica. Mas, o carioca Carlos Henrique também mostrou que é seguro e pode resolver o problema do seu time, naquela posição.

FICHA

Jogo: Fluminense de Feira 0 X Jequié 0

Local: Estádio Valdomiro Borges

Renda: NCr$ 8. 282 mil

Juiz: Anivaldo Magalhães

Bandeirinhas: Wilson Paim e Valter Pereira

Times: FLUMINENSE – Carlos Henrique, Luiz Alberto, Sapatão, Paulo Ricardo e Noroel; Merrinho e Quincas; Zé Pequeno (Pombinho), João Daniel (Carlos Magno), Pinheirinho e Helinho.

JEQUIÉ – Edmilson, Caculé, Carlinhos, José Augusto e Jurandir (Paiva); Pinta (Betinho), Dilermando, Tanajura e Marco.

AÉCIO PAMPONET

(Fotos de ALONSO RODRIGUES)

(Matéria do arquivo particular de Dilermando, jogador do Jequié na década de 70). 

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