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Dilermando Martins Neves |
Entrevista realizada com Dilermando Martins Neves em 23/03 ás 12h pela equipe “Bola de Ouro” no programa “Falando de Esportes”, apresentado na rádio Cidade Sol FM.
E. B. O – Foi ídolo, jogador querido da cidade de Jequié e da Bahia, hoje é Médico, um atleta que foi realmente orgulho e vestiu a camisa do time amador do Flamengo de Jequié, da Seleção de Jequié e da Associação Desportiva Jequié. Boa tarde Dr. Dilermando.
Dilermando – Boa tarde amigo, é uma grande satisfação falar com vocês e falar para esta cidade que foi a minha segunda casa, onde fui bem acolhido e vivi bons momentos da minha fase no futebol.
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Tanajura e Dilermando no Independente de Ipiaú. |
E. B. O – E essa história, essa trajetória sua dentro do futebol começou por onde?
Dilermando – Comecei inicialmente na cidade de Ipiaú, onde meu tio era Promotor e me levou para fazer um joguinho. Depois fui convidado pelo Flamengo de Jequié de Maneca Sampaio, que foi um baluarte deste futebol. Em seguida consegui trazer Tanajura, pois Ipiaú necessitava de um jogador para o lugar de Gajé. Tanajura veio e deu certo, fizemos esta dupla de área que deu bastante alegria a esse povo de Jequié.
E. B. O – Onde era o campo em Ipiaú? É onde fica o estádio Pedro Caetano?
Dilermando – É esse mesmo. Ali fomos campeões pelo time amador do Independente. Depois fomos para Jequié, onde passou a ser a casa da gente.
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Time Amador do Flamengo de Jequié. |
E. B. O – O Flamengo de Jequié foi um dos orgulhos do futebol amador da nossa cidade, evidente que tiveram outras equipes e posteriormente a Seleção de Jequié. O que o senhor tem para passar para a gente da questão da Seleção de Jequié, vitoriosa na disputa do Intermunicipal e como foi pra conseguir conquistar o título do Intermunicipal no campo da Graça em Salvador no ano de 1969?
Dilermando – Começou tudo com o Flamengo de Jequié, da iniciativa de Maneca Sampaio, que montou o Flamengo de Jequié muito forte, conseguindo o apoio das cidades vizinhas, um time de qualidade, depois campeão do Intermunicipal e de fazer uma campanha muito boa na ADJ.
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Seleção de Jequié |
E. B. O – Se o Campeonato Intermunicipal que o senhor jogou pela seleção fosse ao formato de hoje, acredita que o time seria campeão?
Dilermando – Tranquilo, nós tínhamos um bom goleiro, uma boa zaga, um meio de campo muito bom e um trio de atacantes, que nós fizemos todos os gols, formado por mim, Tanajura e Marcos. Então não tenho dúvida que hoje seriamos também campeões e nós não ficaríamos aqui na Bahia, porque na época não tivemos chance de sair daqui, porque o futebol pagava muito pouco e, por exemplo, dei preferência aos meus estudos.
E. B. O – Toda equipe tinha ou tem um ou dois jogadores que era ou é um diferencial. Quem foi o jogador ou foram os jogadores diferenciais daquela equipe naquele ano?
Dilermando – Realmente tinha Edmilson, Carlinhos um zagueiro, Maíca, Tanajura, Marcos e fazia também parte desta turma, pelo menos os elogios eram feitos para nós.
E. B. O – Dr. Dilermando queria que passasse para milhares de ouvintes a emoção que sentiu na conquista do Intermunicipal no campo da Graça em Salvador por 3X2 de virada, como também de vestir a camisa da Associação Desportiva de Jequié e enfrentar o temível Esporte Clube Bahia aqui no estádio Waldomiro Borges na primeira vez do confronto e vencer por 2X1.
Dilermando – Na Graça foi um jogo histórico. Estávamos perdendo de 2X0, quando no intervalo Maneca Mesquita deu um puchão de orelha na gente e colocou Marcos no time, tirou Maíca e colocou Maneca e nós fizemos uma virada histórica, foi uma coisa impressionante. E quanto ao Bahia, o Bahia vinha de campanha do Nacional e cheio de estrelas, de nomes e nós conseguimos dar 2X1 com o estádio lotado na época. Você imagina que a satisfação foi tão grande que entrava um salário de 50mil por mês, tivemos um bicho de 50 mil, dobrou e outra coisa era uma febre em Jequié, a gente vinha para a rodoviária pegar a Tribuna da Bahia que dava elogios muitos ao nosso time e a cidade toda vivia isto, mas foi muito bom, tenho uma saudade muito grande deste tempo e agora mesmo nós vamos marcar um encontro com Zé Augusto, Marcos e Edmilson em Jequié.
E. B. O – Dilermando, a mensagem que o senhor pode transmitir, porque tem 04 anos que a Seleção de Jequié não disputa o Intermunicipal e a ADJ tem 20 anos que não disputa a elite do futebol da Bahia. O que o senhor tem a analisar e dizer uma mensagem para os nossos milhares de ouvinte?
Dilermando – Acho o seguinte: tem que ter muita boa vontade, tem que fazer um time com base de jovens, porque um time pequeno não se sustenta num final de uma temporada se não vender um jogador, porque as despesas são muitos grandes e a gente vê até pelo fluminense daqui que andou caindo, agora está numa fase boa, porque a administração mudou a maneira de pensar. Esse negócio de ficar trazendo esses jogadores muito rodados de fora que dar um gasto enorme e não consegue conquistar nada, só faz perder dinheiro e é ruim para a equipe. Jequié é um lugar que o pessoal adora isso, esse calor daí faz com que dê mais calor ao querer do povo.
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Maneca Mesquita |
E. B. O – Dr. Dilermando quem foi o seu melhor técnico e o seu melhor parceiro em campo?
Dilermando – O melhor técnico para mim foi Maneca Mesquita, uma pessoa adorada, capaz, muito gente boa, tratava a gente como um filho. Companheiro de campo realmente foi Tanajura, porque é o meu conterrâneo, jogávamos juntos desde pequenos lá em Paramirim – BA. Edmilson, Marcos, Maíca eram assim pessoas que a gente tinha um nível bom de conhecimento, isso faria muito porque depois no outro ano que voltei ai em Jequié, tive problemas de relacionamento com outros colegas vindo de fora que conseguiram sentir como se fosse subjugado e não era isso, porque foi quando sai para o Bahia e voltei para ganhar o passe, eles fizeram um jogo amistoso contra o Redenção e por sorte neste dia a gente deu 6X0, fiz 04 gols, nisso na concentração depois foi uma confusão, os caras falando alguma coisa da gente, que eu estava muito homenageado, então isso criou um ciúme que na época nossa não tinha.
E. B. O – Dr. Dilermando, para finalizar dê as suas considerações finais e diga da sua emoção de ter marcado o primeiro gol no estádio Waldomiro Borges contra a Seleção de Vitória da Conquista, salvo engano meu.
Dilermando – E exatamente esse jogo a gente tinha festa em Jequié, dois dias de festa a gente perdeu noite, o time ficou concentrado e o Izidorio não queria botar a gente pra jogar, nós jogamos no grito e dei sorte fiz mais um gol que queria e fiz para sair, realmente nesse símbolo ali, que nunca apaga, Tenho muita gratidão por Jequié e por esse povo, que sempre me acolheu bem e sei que querem muito bem a mim. Agradeço vocês por essa oportunidade de falar, e o mais breve possível nós vamos a Jequié, eu, Marcos, Zé Augusto, Edmilson, vamos ver se a gente faz uma turminha para ir para visitar vocês.
E. B. O – Dr. Dilermando, nós que fazemos a equipe “Bola de Ouro” da Cidade Sol FM, gostaríamos de agradecer a sua participação, tão solícito para participar do nosso programa. Parabéns, eu que sou de outra geração, mas acompanhei o seu finalzinho de carreira aqui em Jequié. Parabéns, quando aparecer aqui em Jequié vamos bater um papo ao vivo no programa, ta certo?
Dilermando – Tudo bom, obrigado. Estou aqui em Feira, se precisar de mim aqui, pode contar comigo, agradeço.
E. B. O – Um abraço, boa tarde.
Entrevista realizada em outra data.
Bom dia Jequié, dia
25 de outubro de 1969, aniversário da Cidade, ocorreu à inauguração do estádio
Waldomiro Borges, em jogo primeiro entre as seleções de Jequié e Vitória da
Conquista, tendo o primeiro gol do estádio de minha autoria aos 14 minutos do
jogo, posteriormente, Tanajura completou o placar de 3 a 0.
Meu primeiro jogo
profissional pela ADJ, vencemos 2 a 0 com os gols marcados por mim, pois eu
estava participando das duas últimas partidas contra São Félix e Maragogipe, as
quais empatamos, consagrando campeões do Intermunicipal.
As viagens nossas
eram feitas em ônibus sem ar condicionado, e bancos sem inclinação, mas a
alegria de todos pela bela campanha não fazíamos fazer queixas.
A nossa convivência
era sadia, e todos estavam compenetrados pelo sucesso da equipe.
Como os esportes
aproximam os povos, criamos grandes amizades com colegas do futebol, e
imprensa, de Jequié, Salvador (Leônico, Bahia, Ypiranga) e Flu de Feira.
Nossa maior conquista
foi ganhar do Bahia, que estava disputando o campeonato brasileiro, foi uma
verdadeira festa na cidade, diretoria e a comunidade nos gratificaram com um
salário a mais. Eu tive a felicidade de marcar o primeiro gol e Marcos o
segundo.
Quanto às mágoas,
tenho por parte de uma atitude pouco pensada por dirigentes que nos colocou
para fora do hotel, vamos esquecer isso e outras atitudes mal pensadas e
odiosas.
Os salários eram
baixos, mas jogávamos por amor a essa terra e povo queridos.
Sou torcedor
apaixonado pela ADJ, sempre tenho sonhos jogando, era bom demais. Foram
momentos felizes que passei aí. Inesquecíveis foram todos os dias que convivi
com esse Jequiéqué como dizia França Teixeira.
Muito obrigado por me
proporcionar esse momento de relembrar um pouco daquela inesquecível época. Que
esse time de agora dê muita alegria a essa torcida apaixonada, estarei torcendo
pelo retorno á primeira divisão, onde nunca deveria ter saído. AVANTE ADJ!!!
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