Por Carlos Eden Meira
O
título acima pode até lembrar qualquer interessante assunto de livrinhos de
cordel, mas, nada tem a ver. Andávamos pela Rua Dois de Julho, num alegre dia
de Carnaval: eu, “o padre, o santo e a onça”. Tímido como sempre fui recusei-me
a usar qualquer outra fantasia, e saí fantasiado de mim mesmo. Washington Rosa
era o “padre”, Eliziário Andrade era o “santo” e João Batista Pessoa era a
“onça”. Nesse alegre grupo, o mais engraçado era João, numa fantasia de onça,
curta e apertada, com um rabo feito de arame revestido de algodão ou coisa
parecida, coberto pelo mesmo tecido amarelo pintado de manchas pretas como o
resto da fantasia, e enrolado para cima. O interessante é que todos que
passavam por ali diziam: “Olha João, vestido de onça”! E todos nós ríamos daquilo,
pois João, mesmo com a máscara da fantasia era facilmente reconhecido.
Quero,
entretanto, esclarecer que na verdade, este texto foi a maneira mais singela
que encontrei para homenagear nosso querido amigo Washington, o “padre” daquele
alegre grupo. Nesses últimos anos antes da pandemia, João, Washington, eu e
Eliziário nos encontrávamos às vésperas do São João, pra relembrar os velhos
tempos de juventude. Íamos para a casa de um sobrinho de Eliziário, e lá
tomávamos “umas e várias” noite adentro, enquanto relembrávamos as alegres
noitadas do passado. Com a Covid 19, esses encontros obviamente deixaram de
existir, e, neste terrível ano de 2021 fomos bruscamente atingidos pela dor e
tristeza profundas, já que alguns dias após a angustiante perda da minha esposa
Lourdes, pessoa muito querida de muitos dos nossos amigos, perdemos também o
nosso dileto amigo Washington que quase diariamente ligava para mim, tentando
me reconfortar pela partida de Lourdes, a quem tinha grande consideração e
amizade.
Washington
Nascimento Rosa, muito ligado à arte e cultura em Jequié foi um dos pioneiros
no nosso teatro, tendo sido ator na primeira apresentação de “Morte e Vida
Severina” dirigida por Eliziário Andrade e Osvaldo Bulhões, e diretor em
algumas peças, como “A Volta do Camaleão Alface”. Por um longo tempo,
Washington atuou no meio musical, como empresário de diversos cantores e grupos
musicais que aqui se apresentaram. Nos últimos tempos, passou a trabalhar no
ramo de barzinhos e restaurantes típicos, onde pretendia continuar, não fosse
seu estado de saúde seriamente abalado por um infarto do qual sobreviveu e
vinha se cuidando.
No dia
14 de junho, Washington partiu após um terceiro infarto. Este que poderia em
outras circunstâncias ter sido mais um feliz São João a reunir mais uma vez,
aquele “grupo carnavalesco o padre, o santo, a onça” e eu, acabou sendo o mais
triste da minha vida, até aqui. Mas, tenho a esperança de que um dia, estaremos
todos juntos eternamente, no melhor São João de todos os tempos! Com Luiz Gonzaga,
Dominguinhos e quem mais lá estiver!!
Gostei muito ! O padre, o santo e a onça. Tem muitas histórias.
ResponderExcluirObrigado pelo seu comentário!!
ExcluirMuito bem lembrado Éden, linda homenagem ao meu querido irmão. Não é em vão que ele tinha tanto carinho por vcs. Obrigada do fundo do meu coração.
ResponderExcluirAgradeço a todos pelo gentil comentário!!
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