A pesquisa já identificou 91 mutantes para a proteína do Spike do vírus (Foto: Arquivo Pessoal).
Por que as mutações do Covid-19 têm
tido uma atenção maior? De que forma essas variações podem afetar a doença nas
pessoas? Como a Uesb pode contribuir com esse cenário? Essas perguntas podem
ser respondidas pela pesquisa que está sendo realizada na Uesb, pelo professor
do Departamento de Ciências Biológicas, Bruno Andrade, no campus de Jequié.
Atualmente, uma das maiores preocupações da pandemia são as mutações do
Covid-19. Conforme pontua o professor, as mutações, por si só, já são muito
comuns em vírus, pois elas permitem que eles gerem novas cepas e continuem
infectando novos hospedeiros, mesmo que esses já tenham gerado imunidade por
uma cepa anterior. No caso do novo coronavírus (SARS-CoV-2), a grande
preocupação tem sido a aceleração desse processo, pois ele contém um tipo de
material genético mais frágil e susceptível a mutações. Intitulado
“Estudos in sílico e in vitro para busca de
potenciais fármacos contra o SARS-CoV-2”, o trabalho vem sendo realizado no
Laboratório de Bioinformática e Química Computacional, campus de Jequié. A
proposta consiste em identificar essas variações significativas na proteína
Spike do SARS-CoV-2 (Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2), ou
seja, as variantes que possam ser usadas para o desenvolvimento de novas
vacinas recombinantes para gerar imunidade. De acordo com Andrade, estão sendo
analisadas em torno de 180 mil genomas do coronavírus com o objetivo de
identificar as mutações mais significativas e, com isso, propor um novo epítopo
viral (partícula que gera a imunidade). “Com a geração de novas drogas que
possam bloquear a atividade dessas proteínas, inclusive nas cepas mutantes, os
indivíduos infectados podem ser impedidos de desenvolverem outras doenças para
essas novas cepas”, explica
Impacto social – As variações da cepa podem interferir, significativamente, nos sintomas, permitindo manifestações mais brandas ou graves. “Assim como podem surgir mutantes menos infecciosos, com menor poder de virulência, podem surgir formas virais mais agressivas, causando tanto um maior poder de infeção e dispersão na população”, pontua o pesquisador. Por isso, conhecer as mutações e minimizar seus efeitos é urgente para evitar uma nova pandemia, caso “não tenhamos métodos efetivos de vacinação e tratamento”, complementa Andrade. Estudante do curso de Ciências Biológicas na Uesb, Lucas Palmeira também integra o grupo de pesquisadores do estudo. Segundo o discente, “mutações no material genético dos vírus podem levar, por exemplo, a uma maior resistência à ação dos fármacos e, até mesmo, podem implicar no desenvolvimento de diferentes vacinas para diferentes variantes de um mesmo vírus”. A pesquisa já identificou 91 mutantes para a proteína do Spike do vírus, distribuídos nos continentes africano, asiático, americano, europeu, além da Oceania. Em breve, pretende-se desenvolver uma molécula para ser utilizada em produtos de limpeza ou cosméticos, bem como a realização de testes com as proteínas para futuras vacinas. (Ari Moura)
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