domingo, 5 de abril de 2020

As sombras

Carlos Eden Meira


Ouvir, da noite
O silêncio,
Em mal dormidas horas.
Aguçados os sentidos,
A perceber o imperceptível.

Sombras do passado,
A se fazer presentes,
Doem-me na alma
A me ferir o espírito.

Que querem ainda?
O que esperam?
Que eu me levante
E escreva?
Que eu me deite e morra?

Sinto-me tão incompetente
Com a pena,
Como o seria com a espada.
Se me levanto e escrevo,
É simplesmente porque
Preparo ainda não tenho,
Para deitar e morrer.

Ardem-me os olhos
Insones,
Pela vidraça a fitar,
Da noite o negrume,
De estrelas pontilhado.

Ponho-me a escutar as
Sombras,
A sussurrar escuridão
Em meus ouvidos.

Busco com o olhar,
O piscar de estrelas
A emitir a iluminada
Música Universal.

E ganho forças
Para espantar as sombras,
A contestá-las até que
Recuem
Ao nebuloso passado
De onde vieram.

21/11/98

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