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Zezinho dos Laços
Charles Meira
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Através de um telefonema do escritor Domingos Ailton, fiquei
sabendo que uma pessoa chamada Nilva tinha lhe enviado um e-mail dizendo ter
lido no livro de sua autoria “Anésia Cauaçu” histórias sobre Zezinho dos Laços
e que gostaria de saber mais detalhes sobre sua vida, pois a filha de sua prima
era bisneta dele. Na conversa, Domingos orientou Nilva a manter contato com
Charles Meira que também era bisneto de Zezinho dos Laços, uma das fontes de
informações que contribuíram para enriquecer o seu livro.
Não tive paciência de aguardar o contato e passei a buscar
incessantemente me comunicar com Nilva. Entretanto não consegui resposta
dos e-mails enviados durante vários dias. A demora e os contatos não
concretizados levaram-me a pensar que poderia ser uma tentativa de golpe ou
Nilva teria desistido de falar comigo. Para minha alegria numa noite de sábado
aconteceu o tão esperado contato. Passamos várias horas conversando,
entretanto foram necessários outros contatos para nos inteirarmos de todos os assuntos
relacionados com a nossa família.
Nilva Maria Silva Alcântara, nascida no município de Itabuna/BA em
27/11/1955, mãe de Rodolfo Rafael Alcântara e Silva, 28 anos no contato
inicial, falou do segundo casamento de seu avô Cassiano Marques da Silva
(Cassiano do Areão) com Geraldina Augusta da Silva, que tiveram sete filhos:
Maria Augusta da Silva, Maria Venuzina, Laura, Cicerino, Cacilino, Elzira Silva
Alcântara, sua mãe, que nasceu na cidade de Porções-BA em 26/11/1918 e morreu
em 12/01/2013 com 94 anos no Rio de Janeiro-RJ e Laudenora, a mais nova, única
que conheceu, e faleceu em 2005 no Rio de Janeiro-RJ, deixando um filho.
Terminou este primeiro contato dizendo que sua mãe era criança quando seu avô
Cassiano morreu. Em outra oportunidade agradeceu o envio de várias revistas
Cotoxó, contendo textos que escrevi contando histórias da família que
aconteceram em Jequié-BA e região, confirmando os fatos exatamente como foram
contados por sua mãe, desde quando nasceu. No final deste e-mail contou que sua
mãe Elzira Silva Alcântara casou-se com Belmiro Souza Alcântara, que nasceu em
15/07/1912 na cidade de Maracás-BA, morreu no município de Itabuna-BA em
16/10/1970, tiveram doze filhos, seis estão vivos: Neuza, Antônia Wilma, Maria
Conceição, Altair, Nilva e Luzia Zilma, que moram no Rio de Janeiro-RJ.
Como na internet tudo acontece muito rápido, logo estávamos
conversando através do facebook. Num desses contatos nesta rede social, Nilva
passou a matar a minha curiosidade relacionada com a existência de mais uma bisneta
de Zezinho dos Laços. Este fato na época foi um escândalo tão grande no seio da
família, que até hoje sua mãe quando questionada não gosta de falar deste
assunto. Conta Nilva que sua tia Maria Augusta da Silva (Mariquinha)
apaixonou-se por um filho de Zezinho dos Laços. O agravante do caso foi porque,
além dele ser seu primo, era casado e durante o relacionamento ela ficou
grávida. Deu uma pausa na conversa para falar que, na ocasião em que aconteceu
o fato, o pai dela, Cassiano do Areão, já havia falecido. Retornou ao assunto
falando que, após o nascimento da criança, Mariquinha foi morar na casa de sua
irmã Elzira e, por causa da paixão pelo filho de Zezinho, ela deixou de comer,
contraiu tuberculose e por não aceitar fazer o tratamento acabou morrendo.
Nilva fez questão de frisar que ficou sabendo deste fato através de relatos dos
seus irmãos.
Nilva encerrou o bate-papo virtual daquele dia. Mais tarde, deu
continuidade a essa história, agora falando de acontecimentos relacionados com
Maria Cacildina Silva Oliveira (Cássia), a filha de Maria Augusta da Silva e
Randulfo Marques da Silva, que nasceu em 12/04/1897 e morreu em Jequié-BA em
05/03/1974. Contou que sempre teve Maria Cacildina como sua irmã e somente
ficou sabendo que era sua prima depois de adulta. Em outro relato, Nilva disse
que sua prima Cacildina, quando morou em Salvador, encontrou com o seu pai e
recebeu uma proposta dele para reconhecê-la, entretanto ela não aceitou.
Prosseguiu falando que Maria Cacildina faleceu em abril de 1986 em
Gandu-BA e deixou três filhos: Marcos Antônio, Paulo José, que residem em
Salvador-BA e Rita Eurides, morando no Rio de Janeiro-RJ, que são bisnetos de
Cassiano do Areão e de Zezinho dos Laços.
Em outra ocasião, Nilva enviou outro e-mail, contando que o motivo
maior de ter mantido contato inicialmente com Domingos e em seguida comigo, era
o desejo dela e de sua prima saberem quem era o pai de Cacildina,
consequentemente o avô de Rita Eurides Silva Oliveira, que nasceu na cidade de
Salvador/BA em 17/05/1973. Mesmo sabendo das dificuldades de atendê-la, prometi
a Nilva fazer uma pesquisa junto aos meus familiares para tentar encontrar a
pessoa desejada. Numa análise preliminar, chegamos à hipótese de que Rodolfino
Marques da Silva seria a pessoa procurada, pois residiu em Salvador, local onde
Cacildina morou, encontrou o pai da criança e também por ser ele um jovem muito
namorador. Na ocasião, cheguei a informar a Nilva desta possibilidade. Esta
hipótese perdurou até o dia que Eulália Meira e Silva (tia Lala) 81 anos,
depois de perceber a minha real intenção de saber quem era o pai de Maria
Cacildina, resolveu revelar que certa época suas primas Nair Silva Meira, 91
anos, e Adalgisa Silva Meira (Zizinha), 87 anos, afilhada de D. Geraldina, foram
à cidade de Manoel Vitorino-BA, fazer uma visita a um familiar e trouxeram para
ela uma foto de uma jovem, afirmando ser filha de Randulfo Marques da Silva
(Duca de Porto Alegre), seu pai. Minha tia disse que a foto estava no seu
álbum de família ou em duas caixas dentro do seu guarda-roupa. Por várias horas
procuramos essa foto, porém não conseguimos encontrá-la. Passados alguns dias,
tia Lala abriu o jogo e contou que realmente o seu pai havia engravidado uma
jovem e que sua mãe ficou sabendo do ocorrido. Revelou também que na ocasião de
uma visita dela aos familiares de Randulfo, sua esposa, Dona Florinda, teria
rogado uma praga para que a criança da jovem nascesse antes de chegar à
localidade chamada Espinho, distante algumas léguas de Porto Alegre, hoje
distrito de Maracás-BA. Depois de insistirmos bastante, tia Lala falou que tudo
aconteceu como Dona Florinda havia desejado.
Naquele mesmo dia mantive contato com Nilva e narrei a conversa
conclusiva que tive com tia Lala. Com palavras de agradecimento, Nilva falou
que eu era seu amigo, seu irmão, seu primo lindo e que Rita Eurides, a filha de
Cacildina que estava perto dela, sentia-se muito feliz em saber quem era seu
avô. Mesmo com o desvendar deste grande mistério, os contatos com Nilva
continuam acontecendo constantemente pela internet e por telefone, enquanto
aguardamos ansiosos a visita dos nossos familiares em Jequié-BA para
comemorarmos pessoalmente o final feliz desta emocionante história.
* Matéria
publicada na revista Cotoxó de março/2013.
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