Por Carlos Eden Meira
Há sempre um momento em que se acredita em ideias transformadoras,
na democracia plena, nas justiças humanas e divinas, em um novo tempo de paz
duradouro. Após o fim dos horrores da Segunda Guerra Mundial, houve o
"bombardeio midiático" do cinema, do rádio, dos jornais e revistas
que mostravam os Estados Unidos como os "grandes salvadores do mundo
livre". O "comunismo ateu" era, após o fim do nazismo de Hitler,
o grande vilão para o mundo ocidental. A fantasia hollywoodiana povoava nossas
mentes juvenis com seus heróis e com suas mensagens subliminares, onde o
fetichismo imperava dentro dos novos conceitos de modernidade.
Quando foi lançado o filme "REBEL WITHOUT A CAUSE"
(1955), cujo título no Brasil foi pessimamente traduzido para "JUVENTUDE
TRANSVIADA", seus autores e produtores ainda não imaginavam os efeitos
midiáticos que o filme provocaria. Tendo James Dean como protagonista, um jovem
ator de 24 anos, que morreu num acidente de carro no mesmo ano do lançamento do
filme, descobriu-se a força do fetichismo representada nas roupas, trejeitos,
comportamentos e penteados do personagem de Dean.
Todos os rapazes e adolescentes queriam possuir uma
jaqueta vermelha como a de James Dean no filme. Surgia ali, um antagonismo
ideológico onde a chamada "sociedade de consumo" ia de encontro à
rebeldia histórica dos jovens, sempre inconformados com a hipocrisia da
sociedade, já que a mensagem do filme mostrava essa realidade da juventude
estadunidense do pós-guerra. Poderia até ser mesmo uma rebeldia sem causa, como
diz o título do filme, já que se tratava de um país tido como uma das nações
mais ricas do mundo, entretanto, não creio que haja rebeldia sem causa. Nos
anos sessenta, a ilusão estadunidense foi desmascarada pelos jovens rebeldes da
contracultura que denunciavam a violência da guerra do Vietnam. Músicos, poetas
e artistas diversos aliaram-se aos ativistas políticos que escancaravam para o
mundo, o racismo, o imperialismo e o belicismo de uma nação que se propunha ser
"guardiã da liberdade"
Veio daí, a tendência esquerdista de alguns países da América
Latina, sempre tratada pelos estadunidenses como seu quintal. Passou-se então,
a acreditar que a salvação viria com o socialismo. Dessa forma, movimentos
revolucionários de esquerda explodiram em quase toda América Latina, sufocados
pelas ditaduras, e a consequente repressão, financiada pelos EUA. Che Guevara
era agora, o novo ídolo. Anos mais tarde, com o fim da União Soviética e seu
sistema totalitário de esquerda, e após a queda do muro de Berlim, passou-se a
questionar a "salvação socialista" em muitos países, principalmente a
Rússia, país que deu origem à revolução comunista, e que apesar de ser hoje uma
república democrática, possui todos os defeitos e imperfeições sociológicos de
qualquer país imperialista do mundo. Ainda assim, o pensamento de Karl Marx
continua vivo. Ao ler "A UTOPIA" de Thomas Morus, cheguei à
conclusão de que o socialismo puro de Marx tem certas semelhanças com o
pensamento de Morus, por ser difícil de pôr em prática.
A rebeldia dos jovens é natural e necessária para que as coisas mudem. E sem utopia, não haveria esperança num futuro melhor para se lutar. Sem ir de encontro "àquela velha opinião formada sobre tudo", como cantava o saudoso Raul Seixas, não haveria evolução.
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