terça-feira, 16 de dezembro de 2025

O QUARTO PODER

                                              Por Carlos Eden Meira

O ano de 1957 foi para  mim, o ano em que pela primeira vez comecei a me interessar pelo jornalismo. Foi quando realizou-se em Jequié, o SEGUNDO CONGRESSO DE IMPRENSA DO INTERIOR, importante evento que movimentou o meio jornalístico local e regional. A Associação Jequiense de Imprensa funcionava numa sala da residência da família Sodré, na Avenida Rio Branco, onde é hoje o edifício Mansão Avenida. Meu pai, jornalista Henrique Meira Magalhães era um dos fundadores da entidade, diretor do jornal DEBATE  e fazia questão de me levar com ele para conhecer a sede da AJI.

Juntos, visitávamos as redações dos jornais da cidade, o que foi para mim, garoto de nove anos de idade na época, de enorme importância. Aquelas já antigas impressoras eram novidades para mim. Ali eram impressos os jornais locais que meu pai levava semanalmente, para casa. Circulavam na cidade, naquele ano, vários jornais locais, sendo mais ou menos uns quatro importantes. Não vou citar nomes para não correr o risco de esquecer alguns. Jequié sempre foi uma cidade bem servida de jornais e revistas, mesmo em épocas anteriores à qual me refiro, conforme já foram citados em artigos e livros, por nossos antigos jornalistas, escritores e historiadores.

Minha participação na Imprensa começou no início dos anos setenta, desenhando charges e escrevendo tímidos textos para jornais estudantis mimeografados, já que estávamos vivendo uma época de repressão e censura à Imprensa. Naqueles velhos tempos da máquina de datilografia, e da tipografia, publicar matérias em jornais e revistas, dependia de recursos gráficos pouco práticos, com antiquados métodos usados para a composição do texto datilografado, que era copiado pelo funcionário da gráfica através da manipulação de tipos móveis, cujas letras invertidas eram colocadas uma a uma no equipamento de impressão.

Dessa maneira, eram muito comuns os erros ortográficos ou mesmo gramaticais, e assim, o autor do artigo, muitas vezes tinha de ir à gráfica onde a matéria seria impressa, ficar de olho na "prova" do texto antes da publicação, e fazer uma revisão. Se assim não fosse, estaria perdido. Quando a redação do jornal, revista, ou qualquer outro órgão responsável pela publicação dispunha de um bom revisor, isso não era necessário. O autor podia dormir tranquilo que seu texto estava salvo.

Naquela época, se não houvesse uma boa revisão, o cidadão tentava elogiar um amigo através de um texto mas, acabava xingando. Comentava-se, por exemplo,que num texto onde o autor dizia a respeito de um amigo: - "Fulano, na sua maneira sutil de viver..."  - o jornal publicou:  "Fulano, na sua maneira fútil de viver..." Os dois quase saíram na porrada, por causa desse infeliz erro gráfico. Um velho jornalista querendo elogiar um colega de jornal, escreveu: "Fulano, naquela franqueza que lhe é peculiar..."  Foi publicado assim:  "Fulano, naquela fraqueza que lhe é peculiar"...

Não brigaram, porque sendo os dois velhos jornalistas e amigos, compreendiam tais falhas, mas, para o leitor, o erro foi de quem escreveu o texto, e pronto! Hoje, com a informática, ainda que também se cometam erros, é bem mais fácil redigir e revisar textos. Fico feliz em ter dado minha contribuição para a Imprensa, chamada de "O  Quarto poder". Muitas pessoas costumam dizer: - "Esse pessoal da Imprensa fala, fala, mas nada faz". Ora o uso do termo "Quarto Poder" se justifica. Se o Poder Legislativo cria as leis, o Poder Judiciário julga, o Executivo executa, a Imprensa denuncia os desmandos existentes no meio político, ou mesmo os crimes comuns que põem em risco, a segurança do cidadão. Fico feliz, repito, em ter dado minha parcela de contribuição à Imprensa, obviamente dentro das minhas sinceras limitações.

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