Por Carlos Eden Meira
O ano de 1957 foi para
mim, o ano em que pela primeira vez comecei a me interessar pelo jornalismo.
Foi quando realizou-se em Jequié, o SEGUNDO CONGRESSO DE IMPRENSA DO INTERIOR,
importante evento que movimentou o meio jornalístico local e regional. A Associação
Jequiense de Imprensa funcionava numa sala da residência da família Sodré, na
Avenida Rio Branco, onde é hoje o edifício Mansão Avenida. Meu pai, jornalista
Henrique Meira Magalhães era um dos fundadores da entidade, diretor do jornal
DEBATE e fazia questão de me levar com ele para conhecer a sede da AJI.
Juntos, visitávamos as redações
dos jornais da cidade, o que foi para mim, garoto de nove anos de idade na
época, de enorme importância. Aquelas já antigas impressoras eram novidades
para mim. Ali eram impressos os jornais locais que meu pai levava semanalmente,
para casa. Circulavam na cidade, naquele ano, vários jornais locais, sendo mais
ou menos uns quatro importantes. Não vou citar nomes para não correr o risco de
esquecer alguns. Jequié sempre foi uma cidade bem servida de jornais e
revistas, mesmo em épocas anteriores à qual me refiro, conforme já foram
citados em artigos e livros, por nossos antigos jornalistas, escritores e
historiadores.
Minha participação na Imprensa
começou no início dos anos setenta, desenhando charges e escrevendo tímidos
textos para jornais estudantis mimeografados, já que estávamos vivendo uma
época de repressão e censura à Imprensa. Naqueles velhos tempos da máquina de
datilografia, e da tipografia, publicar matérias em jornais e revistas,
dependia de recursos gráficos pouco práticos, com antiquados métodos usados
para a composição do texto datilografado, que era copiado pelo funcionário da
gráfica através da manipulação de tipos móveis, cujas letras invertidas eram colocadas
uma a uma no equipamento de impressão.
Dessa maneira, eram muito
comuns os erros ortográficos ou mesmo gramaticais, e assim, o autor do artigo,
muitas vezes tinha de ir à gráfica onde a matéria seria impressa, ficar de olho
na "prova" do texto antes da publicação, e fazer uma revisão. Se
assim não fosse, estaria perdido. Quando a redação do jornal, revista, ou
qualquer outro órgão responsável pela publicação dispunha de um bom revisor,
isso não era necessário. O autor podia dormir tranquilo que seu texto estava
salvo.
Naquela época, se não houvesse
uma boa revisão, o cidadão tentava elogiar um amigo através de um texto mas,
acabava xingando. Comentava-se, por exemplo,que num texto onde o autor dizia a
respeito de um amigo: - "Fulano, na sua maneira sutil de
viver..." - o jornal publicou: "Fulano, na sua maneira
fútil de viver..." Os dois quase saíram na porrada, por causa desse
infeliz erro gráfico. Um velho jornalista querendo elogiar um colega de jornal,
escreveu: "Fulano, naquela franqueza que lhe é peculiar..." Foi
publicado assim: "Fulano, naquela fraqueza que lhe é
peculiar"...
Não brigaram, porque sendo os dois velhos jornalistas e amigos, compreendiam tais falhas, mas, para o leitor, o erro foi de quem escreveu o texto, e pronto! Hoje, com a informática, ainda que também se cometam erros, é bem mais fácil redigir e revisar textos. Fico feliz em ter dado minha contribuição para a Imprensa, chamada de "O Quarto poder". Muitas pessoas costumam dizer: - "Esse pessoal da Imprensa fala, fala, mas nada faz". Ora o uso do termo "Quarto Poder" se justifica. Se o Poder Legislativo cria as leis, o Poder Judiciário julga, o Executivo executa, a Imprensa denuncia os desmandos existentes no meio político, ou mesmo os crimes comuns que põem em risco, a segurança do cidadão. Fico feliz, repito, em ter dado minha parcela de contribuição à Imprensa, obviamente dentro das minhas sinceras limitações.
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