Por Carlos Eden Meira
Toda sociedade bem organizada
tende a criar instituições chamadas entidades de classe, onde seus membros
trabalham pelo fortalecimento das diversas classes sociais que as compõem. Em
princípio, tais entidades bem intencionadas, garantem a segurança institucional
dos valores democráticos, éticos e morais da sociedade. Seja um clube, um
partido político, uma entidade filantrópica ou religiosa, todos têm o objetivo
comum de preservar os princípios básicos de uma saudável sociedade,
democraticamente organizada.
Ocorre, entretanto, que
interesses individuais dos representantes de cada classe, geram disputas entre
os diversos grupos, muitas vezes movidos por influências políticas, levando
seus afiliados a se protegerem mutuamente, o que acaba se transformando numa
prática na qual os membros de cada entidade, quando têm oportunidade de ocupar
um cargo público ou mesmo privado, procuram de alguma maneira, privilegiar seus
companheiros.
Inclusive, dependendo do poder
e da influência da entidade em questão, (agremiação política, por
exemplo), consegue-se até manter a salvo de punição, um membro que está sendo
acusado de alguma irregularidade ou crime, ainda que o mesmo, às vezes, seja
culpado das acusações. Surge assim, o corporativismo, um mal social que há séculos
vem deteriorando os organismos das instituições, e que no Brasil chegou às
raias do absurdo, no Congresso Nacional.
Ali, o corporativismo vem
entravando quaisquer tentativas de se fazer reformas que mudem a
estrutura viciada dos poderes onde a corrupção tem sido constante, ao longo dos
anos. Grande parte de seus membros cuida de defender entre si, seus interesses
pessoais. Através da História, as grandes revoluções modificaram, em parte, a
estrutura social dos países onde elas ocorreram, entretanto, o corporativismo
surgiu entre os membros dos partidos e comitês revolucionários, usando da mesma
prática de proteger e priorizar interesses com justificativas tornadas
incontestáveis, em nome dos ideais da revolução.
Durante a Revolução Francesa,
muita gente foi guilhotinada, por não concordar com algumas atitudes abusivas,
praticadas pelos comitês revolucionários. Os idealistas que acreditaram em
revoluções utópicas, quando deveriam prevalecer a liberdade, a igualdade e a
fraternidade, ao perceberem o corporativismo que acaba existindo entre os
grupos que integram as lideranças revolucionárias, tornam-se os principais
críticos da revolução que ajudaram a fazer. Ao criticar, passam a ser
considerados dissidentes do novo regime, sendo presos, exilados, ou mesmo eliminados.
O corporativismo é prejudicial à evolução de qualquer sistema, pois, coloca em dúvida os princípios democráticos, e só faz aumentar a distância entre as classes sociais, fazendo crescer o número de excluídos gerando revolta, e, consequentemente, a violência.
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