domingo, 14 de dezembro de 2025

O CORPORATIVISMO

                                               Por Carlos Eden Meira



Toda sociedade bem organizada tende a criar instituições chamadas entidades de classe, onde seus membros trabalham pelo fortalecimento das diversas classes sociais que as compõem. Em princípio, tais entidades bem intencionadas, garantem a segurança institucional dos valores democráticos, éticos e morais da sociedade. Seja um clube, um partido político, uma entidade filantrópica ou religiosa, todos têm o objetivo comum de preservar os princípios básicos de uma saudável sociedade, democraticamente organizada.

Ocorre, entretanto, que interesses individuais dos representantes de cada classe, geram disputas entre os diversos grupos, muitas vezes movidos por influências políticas, levando seus afiliados a se protegerem mutuamente, o que acaba se transformando numa prática na qual os membros de cada entidade, quando têm oportunidade de ocupar um cargo público ou mesmo privado, procuram de alguma maneira, privilegiar seus companheiros.

Inclusive, dependendo do poder e da influência da  entidade em questão, (agremiação política,  por exemplo), consegue-se até manter a salvo de punição, um membro que está sendo acusado de alguma irregularidade ou crime, ainda que o mesmo, às vezes, seja culpado das acusações. Surge assim, o corporativismo, um mal social que há séculos vem deteriorando os organismos das instituições, e que no Brasil chegou às raias do absurdo, no Congresso Nacional.

Ali, o corporativismo vem entravando quaisquer tentativas  de se fazer reformas que mudem a estrutura viciada dos poderes onde a corrupção tem sido constante, ao longo dos anos. Grande parte de seus membros cuida de defender entre si, seus interesses pessoais. Através da História, as grandes revoluções modificaram, em parte, a estrutura social dos países onde elas ocorreram, entretanto, o corporativismo surgiu entre os membros dos partidos e comitês revolucionários, usando da mesma prática de proteger e priorizar interesses com justificativas tornadas incontestáveis, em nome dos ideais da revolução.

Durante a Revolução Francesa, muita gente foi guilhotinada, por não concordar com algumas atitudes abusivas, praticadas pelos comitês revolucionários. Os idealistas que acreditaram em revoluções utópicas, quando deveriam prevalecer a liberdade, a igualdade e a fraternidade, ao perceberem o corporativismo que acaba existindo entre os grupos que integram as lideranças revolucionárias, tornam-se os principais críticos da revolução que ajudaram a fazer. Ao criticar, passam a ser considerados dissidentes do novo regime, sendo presos, exilados, ou mesmo eliminados.

O corporativismo é prejudicial à evolução de qualquer sistema, pois, coloca em dúvida os princípios democráticos, e só faz aumentar a distância entre as classes sociais, fazendo crescer o número de excluídos gerando revolta, e, consequentemente, a violência.

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