Por Carlos Eden Meira
A História nos conta que os
primeiros cristãos, motivados pela força da fé, enfrentaram sem medo, toda
sorte de atrocidades que lhes eram impostas pelos romanos, senhores do mundo,
naquele tempo. Mesmo após a morte do seu líder maior, Jesus Cristo, os cristãos
não se sentiam derrotados. Pelo contrário, animados pela ideia da
ressurreição, continuaram a pregar o Evangelho em toda parte, mesmo com o risco
da própria vida, pois havia naquela pregação, uma proposta de transformação
espiritual, moral e cultural que mudava os velhos conceitos do conservadorismo
da época. Ao longo dos séculos, tais mudanças sofreram sérias distorções à
medida que o Cristianismo passou por inúmeras divisões causadas pela
interpretação das Sagradas Escrituras, distorcidas conforme os interesses dos
exploradores da fé e das classes dominantes, através dos tempos.
Num mundo hostil, onde a luta
pela sobrevivência mantém os mesmos padrões de violência e brutalidade dos
tempos das cavernas, onde a lei do mais forte parece continuar a ser a lei
maior, sobrepondo-se às convenções e às instituições ditas livres, ainda que se
tenha alcançado altos níveis de conhecimento científico, torna-se cada vez mais
difícil para o cidadão comum acreditar que tenha havido algum progresso no
aspecto religioso ou social, desenvolvido através das lutas e revoluções
ocorridas com o passar do tempo.
Em qualquer parte do mundo,
seja oriental ou ocidental, as leis permanecem sendo criadas pelos poderosos
que delas se beneficiam, impondo seus conceitos de moral ou mesmo de fé
religiosa, mantendo enorme parte da população "pacificada" e
ignorante, obediente às leis criadas e debatidas em assembleias compostas, na
sua maioria, por indivíduos inescrupulosos e pelos manipuladores da fé, em suas
respectivas entidades.
Incentiva-se assim, a
intolerância religiosa ou cultural, perseguindo e segregando quem não pertence
aos padrões inseridos no contexto de alguns hipócritas "salvadores de
almas" e dos poderosos conservadores radicais, gerando assim, mais injustiça
social. É a injustiça social que leva o indivíduo à total descrença nas
leis, nas instituições e, consequentemente, à falta de confiança em seus
líderes.
Não se pode, entretanto, ser
derrotista e aceitar a ideia do "cada um por si", ou "quem tem a
unha maior, que suba na parede" pois, aí, estaríamos nos deixando levar
pelo instinto e não pela razão. As pessoas que acreditam na dignidade humana,
que têm senso de justiça e respeito ao próximo, mesmo diante de derrotas ou
humilhações, devem manter-se unidas para conservar a chama da esperança e
transmiti-las às futuras gerações.
A luta secular da humanidade pelo seu aperfeiçoamento deve continuar ainda por muito tempo, enquanto houver a prepotência, a corrupção, o egoísmo e a sede de poder que transformam seres humanos em seres irracionais.
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