Por
Carlos Eden Meira
Em finais dos anos sessenta e
princípios dos anos setenta surgiu por aqui um boato de que um violão que teria
pertencido a Caetano Veloso, veio parar aqui em Jequié, trazido por amigos de
Caetano que moravam em Salvador na época, como Waly, por exemplo. Na verdade,
esse boato só circulou entre um grupo de jovens artistas do chamado
"Tropicalistas de Jequié”, principalmente entre os músicos. Esse
boato rolava quando ficávamos à noite no jardim da Praça Ruy Barbosa,
a "jogar conversa fora". Eu tive a oportunidade de tocar nesse famoso
violão. Era um lindo violão de cor marrom escuro, com um som maravilhoso!
Dizia-se que o citado violão trazia discórdia entre amigos, ou mesmo parentes
que com ele tivessem contato. Lembro que meu velho amigo e parceiro de músicas
Paulo Krupa (de saudosa memória), estava com o estranho violão em sua casa
quando teve uma briga doida com seu irmão Kleber Pastinha, hoje, também já
falecido. Os dois já andavam se estranhando não sei por quais motivos, mas a
verdade é que trocaram porradas inexplicavelmente.
Fomos avisados dessa briga, e a
solução foi tirar o violão da casa de Paulo, já que a "urucubaca" do
violão poderia ser o que desencadeou a briga entre os dois irmãos.
Eu, pessoalmente, não
acreditava nessas superstições.
Trouxe o fabuloso instrumento
para minha casa, fiquei sentado no passeio experimentando o som.
Tive que entrar pulando o muro do quintal com o violão, já que ninguém iria abrir porta para mim àquela hora da noite, cuidei de guardá-lo numa dependência da casa onde era o quarto e oficina de consertos de meu irmão Henriquinho. Ocorreu que, naquela noite, ele jogava dominó ou baralho, com seu velho amigo Cosme. De repente, começaram a discutir sobre o resultado do jogo. Um dizia que o outro estaria roubando, e vice-versa. Fiquei no quintal deitado num velho banco, esperando o dia clarear, quando ouvi um barulho de briga vindo do quarto de meu irmão. Lá chegando, encontrei os dois rolando pelo chão trocando socos e xingamentos. Apartei a briga, mandei Cosme pra casa. Pois bem, o famoso violão, lá estava, atrás da porta, exatamente onde eu havia deixado! Mais tarde, no dia seguinte, alguém da nossa turma levou o violão, que acabou sendo roubado por um viciado em drogas. Deve ter vendido por uma ninharia, pra comprar uma droga qualquer. Imagine só, um instrumento caríssimo como aquele! Eis aí, o resultado do "violão muito estranho".
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