J. B. Pessoa.
Nas enluaradas noites jequieenses, quando a brisa
natural das áreas agrestes beneficiava o típico verão sertanejo, a meninada dos
círculos periféricos da cidade aproveitava a claridade lunar, para realizar
suas famosas travessuras.
Nessas memoráveis noites de antigamente, as pessoas
reuniam-se em suas calçadas e, sob o encanto de uma Lua imaculada, distraiam-se
em agradáveis palestras com seus vizinhos, enquanto suas filhas moças e meninas
divertiam-se com as saudosas cantigas de rodas e outras saudáveis brincadeiras
de outrora, que a força do tempo apagou.
Aproveitando a falta de virgília familiar, a
molecada aproveitava a claridade lunar para realizar suas travessuras. Os
moleques eram peraltas e inconsequentes. Adoravam pegar peças irritantes, nos
transeuntes que encontravam pela noite. A molecagem preferida deles era o
famoso "pau de merda", também conhecido como pau de cocô. A pegadinha
consiste em untar um pau com excrementos fecais e, simulando uma briga, fazer
com que, alguém desavisado o segure, melando toda à sua mão.
Para o fato acontecer, torna-se necessário uma
articulação teatral de uma briga de rua. Os moleques eram talentosos em suas
atuações e, dificilmente, alguém percebia a fraude representada.
Em uma bela noite de luar, quando a lua cheia parecia
sorrir para todos, os moleques do Largo do Cururu resolveram sair pelas
redondezas, para aplicar nos ingênuos a pegadinha preferida deles. A molecada
percorreu às ruas próxima do largo encenando à sua malfadada arte e não logrou
êxito em seus objetivos. A Lua estava mais resplandecente, do que em noites
anteriores, e a meninada notava o pau sujo. Os moleques ficaram chateados, por
não haver pegado a peça em ninguém e desistiram da ideia. Quando voltavam,
decepcionados, para suas casas, apareceu um senhor humilde, de cabelos brancos,
aparentando uns sessenta anos. Naquele momento eles resolveram pegar a peça
naquele velho e, imediatamente, encenaram a trama da falsa briga.
Como havia um garoto pequeno e magro, dando uma
surra em um forte e grande, o velho parou e ficou observando toda àquela
encenação. Quando o moleque forte agarrou o dito pau e ameaçou o pequeno, todos
os moleques protestaram contra a covardia do grandão, mandando o medroso jogar
o pau fora e lutar como um homem. O moleque então pediu ao velho que segurasse
o pau, alegando que, se ele jogasse fora, o outro poderia usar aquele porrete
contra ele. O velho concordou! Quando o moleque lhe ofereceu o pau melado de
merda, ele segurou o seu pulso com firmeza e, tomando-lhe o pau, enfiou dentro
da boca do moleque, fazendo aquele mequetrefe comer o que não queria. Não
satisfeito com isso, limpou o pau sujo na roupa do moleque e, raivoso com
aquela falta de respeito, partiu para os outros, distribuindo porretadas a
torto e direito, botando toda a molecada para correr.
Moral da história: "Não subestimem os velhos. Eles já foram crianças, também".
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