No
centro-sul da Bahia, Santa Inês, município com cerca de 10 mil habitantes, vem
ganhando fama nacional ao ser apelidado de “cidade dos dinossauros”. O título é
fruto do projeto Dinovale, da prefeitura, que espalhou pelas praças e ruas
réplicas em tamanho real de animais pré-históricos, tornando o cenário urbano
um verdadeiro museu a céu aberto.
Entre os
gigantes já instalados está o Pycnonemossauro, carnívoro de 8,5 metros que
viveu no Centro-Oeste há cerca de 70 milhões de anos, no período Cretáceo.
Também chamam atenção o Irritator Challengeri, encontrado na Chapada do Araripe
(CE), e o pterossauro Tropeognathus. O acervo inclui ainda uma
preguiça-gigante, animal pré-histórico que habitou a Bahia há mais de 11 mil
anos e cujos fósseis já foram encontrados em cidades vizinhas como Irajuba,
Anagé e Planaltino.
Santa Inês, a cidade dos dinossauros
As
esculturas foram concebidas pelo paleoartista Anilson Borges, 40 anos, nascido
em Santa Inês. Autodidata, ele começou a esculpir aos 15 anos, aprimorou
técnicas ao longo de décadas e hoje utiliza ferro, isopor, resina e fibra de
vidro para dar realismo às peças. “Aprendi sozinho a fazer as esculturas. Com o
tempo, fui aprimorando a técnica, usando materiais melhores, mais
resistentes”, explicou
ele ao CORREIO. Borges também tem trabalhos espalhados em
museus de estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina
e Ceará.
A maior
escultura já produzida por Anilson foi a de um Camarassauro, dinossauro
herbívoro quadrúpede que viveu no período Jurássico, na América do Norte. A
peça, com 18 metros de comprimento e cerca de 8 metros de altura, levou oito
meses para ser concluída com o apoio de três artistas que trabalharam
diariamente no ateliê “Criando Dinossauros”. O projeto é resultado de anos de
dedicação e da paixão do artista, que começou após assistir ao filme Jurassic
Park, em 1994, experiência que o motivou a criar sua primeira escultura no ano
seguinte.
O que
inicialmente era apenas um hobby ganhou força em 2001, quando Anilson recebeu o
convite para realizar sua primeira exposição no antigo Shopping Iguatemi, atual
Shopping da Bahia, em Salvador. Na ocasião, apresentou esculturas menores do
que as que produz hoje, mas já despertou o interesse do público. A boa recepção
fez com que ele passasse a investir na produção de novas peças voltadas ao
mercado.
Educacional
Além de
embelezar os espaços públicos, o projeto tem objetivos turísticos e
pedagógicos. Em cada réplica, há informações sobre a espécie retratada, o
período em que viveu e seus hábitos alimentares. “Anilson Borges é um talento
que temos na nossa cidade, uma pessoa da terra, seria ignorância da nossa parte
não fazer algo que valorizasse as suas obras e ao mesmo tempo estimulasse a
nossa economia”, afirmou o então secretário de Cultura, Reubem Alves.
Especialistas
ressaltam que a iniciativa também tem relevância científica. A professora Rita
Barreto Bittencourt, bióloga da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
(Uesb), lembra que fósseis da preguiça-gigante chegaram a ser usados como
utensílios domésticos por moradores de Irajuba, até que pesquisadores explicaram
o valor das peças. Para ela, o Dinovale deveria receber incentivos de outras
esferas de governo: “Ele é algo inédito, torço para que Santa Inês vire
referência no assunto”.
*Com
informações do repórter Mário Bittencourt
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