sexta-feira, 1 de agosto de 2025

ESTRANHA LINGUAGEM.

                                            Carlos Eden Meira

Sisminino passudintirinzin acumê". Alguém poderia traduzir o significado dessas palavras? Não! Não são

palavras de origem indígena nem estrangeira. Prestando bem atenção, pode-se notar que é Português. Um linguajar típico, usado por pessoas idosas, nascidas e criadas na zona rural.

Na casa de minha avó tinha um quintal enorme, cheio de árvores diversas, com uma grande variedade de frutas. Mamoeiros, Goiabeiras, mangueiras, laranjeiras, além dos pés de pinha, "fruta-do-conde", acerola, pitanga, carambola, e outras. Era um tempo em que não tínhamos geladeira, e, assim sendo, consumia-se as frutas o mais cedo possível, antes que apodrecessem.

Nós, meninos na época éramos os maiores consumidores destas benditas frutas. E não era somente das frutas. Havia também os doces de leite, de goiaba, laranjadas, os bolos e biscoitos que as mulheres da casa faziam num tempo em que era tudo obviamente "in natura". Nada de conservantes, corantes, etc. Por isso mesmo eram saborosos.

Em tempos de férias, nos juntávamos todos a correr pela casa abrindo armários em busca de biscoitos e bolos, ou subíamos nas árvores do quintal à procura de frutas.

Era aí que minha avó pronunciava as tais palavras estranhas citadas no começo deste texto. Na verdade,o que ela dizia era: "Esses meninos passam o dia inteirinhozinho a comer".

Nesse mesmo embalo podemos citar palavras como: etuquitaí, quecocequé, deuzulivre, deuzemais, ceisqué, soceisquizé, capranóis, xacomigo que obviamente, são frases reduzidas a uma palavra só. Por aí vemos, que não era somente minha avó que usava esse linguajar. Mineiros e baianos usam muito essas reduções de frases como ebomdimais sô, (Minas) e o famoso opaió,(Bahia).

 

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