J. B. Pessoa.
O primeiro cinema de Jequié apareceu em 1903. Foi
inaugurado na Praça Luís Viana por Jacinto Sampaio, cidadão soteropolitano. Foi
uma atração na cidade, enquanto durou aquela novidade. Porém, o modesto
cineminha mudo, de tanto repetir os mesmos filmes, perdeu o encanto e acabou
fechando.
Depois se algum tempo, sem nenhuma atração moderna,
nos anos 20 do século passado, outro cinema, foi inaugurado.
Edificado na atual Praça João Borges, esse cinema
era um verdadeiro cineteatro, na expressão exata da palavra.
Conhecido como Cine Teatro Guarani, tinha um
auditório característico de um teatro que, além de suas poltronas, era dotado
de camarotes luxuosos em sua sala de espetáculo, como podemos contrastar, em
uma fotografia existente no Museu Histórico de Jequié. Como era a época dos
filmes sem áudio, o cinema ainda possuía um piano e pianista, o qual executava
às partituras musicais, que acompanhavam as películas cinematográficas.
No início dos anos 30, outro cinema foi inaugurado
em Jequié. Edificado na Praça Castro Alves, pelo italiano Andrea Letto, com o
nome de Cine Brasil-Itália, esse cinema fez história na cidade.
No início suas projeções eram mudas; porém, Em
1936, seu proprietário adquiriu projetores sonoros de 18 milímetros, atraindo
muitos expectadores para sua sala de espetáculos. Pessoas, de diversas
localidades da região, visitavam a cidade para conhecer, a novidade de um
"filme falado".
No final da década de 40, o empresário Benjamim
Alves de Souza, comprou o cinema da família Letto, e uma nova e etapa surgiu,
nesse cinema, com o nome de Cine Bomfim.
Em 1948 surgiu o gigantesco e majestoso Cine Teatro
Jequié. Com suas 1. 200 poltronas era considerado o quinto maior cinema do
Brasil. Foi inaugurado com o Filme "Débil é a Carne". Daí então, os
dois cinemas existentes da cidade, começam às suas concorrências.
O Cine Bomfim, continuou com o seu velho projetor
de 15 milímetros, enquanto o moderno Cine Teatro Jequié, adquiriu dois
moderníssimos projetores de 35 milímetros, da RCA Victor. Durante os anos 50,
os dois cinemas da cidade, com suas telas panorâmicas, disputavam a preferência
dos expectadores jequieense. Enquanto o Cine Jequié exibia às produções
Hollywoodianas, o Cine Bomfim dava preferência aos melodramas mexicanos;
contudo, ambos exibiam os famosos filmes de mocinhos e bandidos e seus
inesquecíveis seriados.
Em 1953, a tecnologia cinematográfica revolucionou
a chamada Sétima Arte, com a criação da tela larga, atualmente conhecida como
Widescreen. Os estúdios da 20th Century Fox lançaram o Cinemascope com o filme
"O Manto Sagrado". Em 1957, o Cine Bomfim saiu na frente, e seu
proprietário reformou o seu velho cinema. Como não tinha capital suficiente,
ele adquiriu um só projetor, da Philips, de 35 milímetros, mudando a sua tela
panorâmica pela a do cinemascope, reinaugurado o cinema, justamente com o mesmo
filme rodado pela Fox. O fato de ter um só projetor houve a inconveniência dos
intervalos, para substituir os carreteis da película. Contudo, isso, não foi
perdoado pela molecada de plantão, que durante o curto intervalo, qritavam:
"meu dinheiroooo!... Benjamim ladrão de fita!"
Roberto Carlos e funcionário do cinema Marivaldo
Carvalho, quando da apresentação do cantor na nossa cidade, realizada em 1968
no Cine Teatro Jequié.
O Cine Teatro Jequié não ficou de fora. No início
de 1958, o cinema foi reformado esplendorosamente. Foi mudado todo visual
arquitetônico do seu prédio, por um mais moderno, o qual foi inaugurado com o
famoso filme "Trapézio".
A partir daí, pôde a população jequieense, assistir
às atuais produções Hollywoodianas e europeias, em tela larga, com um belíssimo
colorido. Simultaneamente, ao cinemascope, apareceu às películas com
fotografias em "Vista Vison", que possibilitava uma visão notável do
plano de fundo dos filmes.
Nessa época, nas soirées aos domingos, a plateia
podia assistir, também, um verdadeiro desfile de moda; tal era a elegância das
pessoas presentes às sessões de cinema.
Um terceiro cinema foi inaugurado em Jequié, no ano
de 1961. Denominado de Cine Teatro Auditorium, foi um cinema e teatro ao mesmo
tempo. Era formado de duas partes. Uma em baixo e outra alta. Tinha até um poço
de orquestra e camarins. Diversas vezes, os desavisados, quando entraram no
cinema, após o início da projeção, iam direto ao poço da orquestra, pois ficara
após a porta de entrada, e muitos caíam, provocando vaias e gargalhadas da
hilariante plateia!
Os dois cineteatros foram palcos de várias peças
teatrais, tanto às amadoras da cidade, como peças teatrais vinda de
profissionais do Sul do país, principalmente o chamado Teatro Revista, com
famosos astros da televisão e cinema.
Após a inauguração de uma emissora radiofônica na
cidade, o Cine Teatro Jequié iniciou uma série de programas de auditório em seu
palco, nas manhãs de domingo. O primeiro foi o chamado "Programa do
Bira", ainda nos anos 50. Mais tarde, apareceu outros programas, todos
transmitidos pela Rádio Bahiana de Jequié. O mais famoso, na época da
"Jovem Guarda", foi o "Festival dos Brotos" criado e
apresentado pelo radialista Humberto Roosevelt; sendo substituído, mais tarde,
pelo locutor Geraldo Teixeira.
Após a sua inauguração, houve, também, uma série de
programas no Cine Teatro Auditorium, com soberbas apresentações, além dos
inesquecíveis festivais da música popular, os quais revelaram talentosos
artistas jequieenses, que muito sucessos fizeram em épocas posteriores. Esse
peculiar cinema era o ponto de encontro dos jovens namorados que, no final dos
anos 60, tornou-se o paraíso dos "western spaghett", adorado pela
meninada da cidade.
De 1961 a 1965, funcionaram, simultaneamente, em
Jequié, quatro cinema, com a inauguração do Cine Jequiezinho, ambos do
empresário Benjamim Alves de Souza, que acabaram fechando às suas portas no ano
de 1965, restando apenas os cineteatros Jequié e Auditorium.
Com a construção de antenas televisivas na cidade,
a partir de 1966, os cinemas foram perdendo, gradativamente, seus fiéis
frequentadores, fechando as suas portas, na primeira década do novo século.
Atualmente, há quatro salas de cinemas, funcionando
em Jequié. Porém sem o chame e glamour dos velhos e bons tempos.
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