quinta-feira, 4 de abril de 2024

Empresa de mineração busca por terras raras, essenciais para fabricação de eletrônicos no mundo.

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A Equinox Resources investirá 32 milhões de reais em seu projeto brasileiro para início da pesquisa. Empresa articula parceria com a prefeitura, governo do estado para investir em projetos de infraestrutura e socioambientais para beneficiar comunidade local e com universidade Federal da Bahia para ampliar o conhecimento sobre a geologia da região de Jequié.Previsão é gerar 500 empregos para moradores da cidade ainda na fase de pesquisa.

A região de Jequié atraiu a atenção de empresas australianas, capitalizadas na bolsa da Austrália, que estão pesquisando o subsolo baiano, a procura de terras raras, grupo de 17 elementos químicos essenciais para diversas tecnologias que vão impulsionar a transição energética no mundo. Esses elementos químicos não são tão raros como o nome sugere, eles podem ser encontrados na natureza associadas a outros minerais.

Na Bahia, as pesquisas são voltadas para argilas iônicas, que contém íons desses elementos químicos em sua composição.

O acesso a reservas viáveis economicamente e o domínio de tecnologia para processamento das terras raras estão no centro de uma disputa geopolítica entre EUA, países da Europa e China, que disputam o controle dessa cadeia de suprimento, essencial para novas tecnologias.

O mercado global de terras raras é estimado em cerca de 6 bilhões de dólares por ano, com projeções de crescimento de 10% ao ano, podendo atingir 14 bilhões de dólares até 2028, de acordo com relatório da consultoria Grand View Research.

A exploração de terras raras é considerada o ouro do futuro/ Divulgação: Mirabela

Esse crescimento é impulsionado pela crescente demanda por tecnologias de energia limpa, eletrônicos de consumo e veículos elétricos, que dependem desses elementos químicos em suas aplicações. A Equinox Resources (ASX:EQN), é uma das empresas australianas que está investindo na busca por terras raras no Brasil, com projetos em Minas Gerais e na Bahia.

A empresa acredita que o país tem condições de suprir a demanda mundial desses elementos químicos. “O Brasil possui geologia com potencial para reservas de classe internacional, infraestrutura e segurança jurídica. Esse ambiente favorece investimentos como o que pretendemos fazer no país,” avalia Zac Komur, CEO da empresa, que esteve no Brasil para acompanhar os preparativos para o início das pesquisas em Jequié.

A júnior companie australiana está iniciando na região de Jequié, numa área de aproximadamente de 1.755,2 km², a primeira fase dos estudos do projeto de terras raras em argila iônica, batizado de Campo Grande, onde pretende investir até agosto cerca 10 milhões de reais, em trabalhos de geologia, geofísica e geoquímica para determinar teores e o tamanho da reserva e sua viabilidade econômica.

A Equinox está otimista com o potencial do projeto Campo Grande, que pode transformar a região em um polo internacional produtor de terras raras, conforme o empreendimento for evoluindo, além de extrair, a empresa pretende verticalizar a produção para agregar valor, separando e processando os elementos de terras raras na Bahia, disse Komur.

Diálogo com governo federal, estadual e municipal
Em sua vinda ao Brasil, o executivo se reuniu com autoridades do governo federal em Brasília, para apresentar os planos da empresa. Ele se encontrou ainda com o prefeito de Jequié, Zé Cocá para discutir parceria com o município para qualificação de mão de obra e investimentos futuros que a empresa deseja fazer em projetos de infraestrutura e socioambientais.

“Nossas conversas com autoridades brasileiras foram ricas e inovadoras, com foco nos projetos de infraestrutura crítica que pode moldar o futuro da região. Conversamos sobre como a Equinox Resources poderia desempenhar um papel de parceiro nessas iniciativas transformadoras de desenvolvimento comunitário”, disse o executivo.

O prefeito de Jequié, Zé Coca falou que a visita do executivo da Equinox foi importante para que as autoridades municipais pudessem conhecer os planos da companhia australiana. “A empresa não chegou trazendo nada fechado, mas para discutir com o município, trazendo alternativas e já mostrando que a curto prazo já vem para gerar emprego, renda e se colocando à disposição do município para uma discussão muito forte sobre o futuro. Colocando Jequié como a cidade que vai acoplar todos esses investimentos que a empresa pretende fazer na região,” destacou Zé Cocá.

Komur esteve também em Salvador onde participou de reunião na Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) para apresentar o projeto Campo Grande e discutir parceria com o governo do estado. A CBPM é um exemplo bem sucedido de empresa estadual de pesquisa mineral, que identifica recursos minerais e atrai investimentos da iniciativa privada para desenvolver empreendimentos de mineração no estado.

Henrique Carbalhal, presidente da CBPM agradeceu a visita em nome do governo Gerônimo Rodrigues. “Nosso objetivo é garantir o desenvolvimento econômico do estado, tendo a mineração com um vetor desse desenvolvimento, gerando renda e melhorando a qualidade de vida da população do estado,” frisou Carbalhal.
A reunião teve a participação do diretor técnico da CBPM, Manoel Barreto; do chefe de gabinete Carlos Borel Moreira Neto; do gerente de exploração da Equinox no Brasil, Luciano Bruno Oliveira; e do diretor da Ígnea Geologia e Meio Ambiente, Giancarlo Silva; consultor da empresa australiana.

Silva foi o responsável por identificar às áreas adquiridas pela Equinox na Bahia e assessorar a vinda da empresa para o Brasil. A Ígnea tem auxiliado empresas estrangeiras que desejam investir no Brasil e estão em busca de áreas com alto potencial prospectivo.

Parceria Universidade Federal da Bahia
Zac Komur visitou a Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde se reuniu com professores do departamento de geologia e geofísica da universidade para tratar de uma parceria estratégica com a universidade nas áreas de geologia, geofísica e geoquímica. A Equinox pretende oferecer bolsas de mestrado e doutorado para pesquisas voltados para desenvolver o conhecimento geológico nas áreas do projeto Campo Grande.

“Nossa reunião foi muito proveitosa. Avaliamos que uma parceria com a Equinox seria muito importante para a universidade, tendo em vista que temos alunos de graduação, mestrado, doutorado. A ideia é que a gente possa, a partir de uma parceria como essa, permitir que os alunos possam desenvolver não só as atividades acadêmicas dentro desse projeto, como também relativas à atividade profissional,” comentou Joelson da Conceição Batista, professor adjunto do departamento de Geofísica da UFBA.

Batista explicou que universidade possui experiência para contribuir com o desenvolvimento do projeto da Equinox. “A ideia é que a gente utilize a expertise tanto da geofísica, quanto da geologia e geoquímica, de modo que a universidade entre com essa contrapartida, realizando essas medidas geofísicas e geológicas em campo e também realizando as análises geoquímicas a partir da definição de áreas de possíveis alvos de depósitos de terras raras,” disse.

O professor afirmou ainda acreditar no potencial do projeto da Equinox em Jequié e que a colaboração da universidade no empreendimento é uma contribuição para a sociedade, permitindo que a Bahia, se torne líder na produção de terras raras.

Zac Komur também visitou a Gerência Regional da Agência Nacional de Mineração da Bahia. Ele foi recebido por Carla Ferreira Vieira Martins, gerente da unidade regional. Komur falou sobre os planos da Equinox para o projeto Campo Grande. Destacou que deseja atuar em parceria com a ANM para viabilizar o empreendimento. Ele formalizou ainda convide para que a ANM participe de um simpósio sobre terras raras que a Equinox vai realizar em julho, em Jequié para debater com a sociedade o projeto Campo Grande.

Minera Brasil (Ipiaú Online)


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