segunda-feira, 31 de julho de 2023

Pesquisadora indígena baiana, Adriana Fernandes Carajá, é selecionada para intercâmbio na França

"Essa é uma oportunidade única em minha carreira", disse Adriana Fernandes Carajá, pesquisadora indígena da Bahia, ao receber a notícia de sua aprovação em um edital de intercâmbio internacional na França. Ela foi selecionada para participar do programa de mobilidade estudantil Guatá, que promove a cooperação acadêmica entre o Brasil e a França, possibilitando que quatro pesquisadores indígenas brasileiros tenham a experiência de um enriquecedor intercâmbio em Paris.

Adriana, de 34 anos, está atualmente cursando o doutorado em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFMG (PPGAn-UFMG). Sua origem é da etnia Kariri-Sapuyá, e seu nome indígena, Korã, simboliza esperança e a presença de seus ancestrais. Nascida em Jequié, no Sertão baiano, ela possui formação em enfermagem e mestrado pelo Programa de Promoção da Saúde e Prevenção da Violência (Faculdade de Medicina/UFMG).

Além de suas atividades acadêmicas, Adriana tem uma participação ativa em pesquisas científicas e antropológicas, sendo integrante dos Observatórios de Políticas e Cuidado em Saúde e dos Povos Originários e suas Infâncias, e do Grupo de Pesquisa Gênero e Sexualidade (GESEX), todos vinculados à UFMG. Comprometida com causas sociais e ambientais, é membro ativo do Movimento das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) e contribui na Coordenação da Rede de Articulação de Indígenas em Contextos Urbanos e Migrantes. Sua pesquisa abrange diversas áreas, incluindo estudos feministas, estudos de gênero e etnologia indígena, com foco em temas como identidade étnica, dinâmicas territoriais, fluxo cultural, performances e rituais, presença indígena em contexto urbano, políticas públicas, direitos indígenas e saúde indígena.

Ademais de seu envolvimento acadêmico, Adriana dedica-se a projetos artístico-culturais, como elaboração de projetos culturais, composição de roteiros para peças teatrais, poesias, contos e organização de eventos indígenas.

Sua tese que foi selecionada para a bolsa tem como título: “Bate Folhas: presença das Caboclas e dos Caboclos em manifestações religiosas do município de Jequié-BA”. Além da trajetória acadêmica, a indígena trabalha com medicina tradicional e conta que em seu percurso, tem buscado fortalecer os conhecimentos tradicionais indígenas, “com a presença da cultura indígena viva na cidade, através da troca e compartilhamento com as Benzedeiras, Parteiras, Rezadeiras, Raizeiras, Mestres que se encontram Região Metropolitana de Belo Horizonte e demais Pajés de outras regiões do Brasil”, afirma.

Adriana conta que está entusiasmada com a oportunidade proporcionada pelo programa de mobilidade Guatá. Ela espera adquirir novos conhecimentos, compartilhar saberes com pesquisadores de outras nacionalidades, aprimorar suas habilidades linguísticas e vivenciar experiências culturais enriquecedoras. Para a pesquisadora, esse intercâmbio é uma chance única de ampliar suas oportunidades profissionais, fortalecer a luta pela visibilidade dos povos indígenas e contribuir com novas perspectivas em temáticas relacionadas às comunidades indígenas

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O projeto Guatá, cujo nome significa "viagem" em tupi-guarani, é uma parceria entre o governo francês, universidades brasileiras e instituições de ensino superior francesas. Além de Adriana, outros três pesquisadores indígenas brasileiros também participarão do programa. Mairu Hakuwi Kuady, doutorando em Direito na Universidade de Brasília, Autaki Waurá, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Estadual de Campinas, e Alícia Patrine, do povo Kokama, doutoranda em Doenças Tropicais e Infecciosas pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), também terão a oportunidade de desenvolver seus projetos em duas renomadas instituições francesas de ensino superior, Paris 8 e Paris Nanterre.

Ao retornar ao Brasil em 2024, planeja continuar suas pesquisas de forma institucional, mantendo uma interlocução sólida com as comunidades indígenas e tradicionais. Ela pretende apresentar novos projetos e compartilhar os conhecimentos adquiridos durante o intercâmbio, concentrando-se nas pautas relacionadas às questões indígenas e tradicionais, especialmente em Jequié, sua cidade natal na Bahia.

CONTATO

Email: dricaraja@gmail.com

Telefone: 031 97167-2866 – Adriana Fernandes Carajá

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