J. B. Pessoa
Qualquer
cidadão que progride na vida, honestamente ou não, é taxado de burguês. Esse é
um termo conhecido por todos. Entretanto, ainda é uma palavra que denota certo
desprezo em muitas pessoas, principalmente àquelas que não conhecem a sua
história.
Na
época dourada da filosofia marxista, quando ser comunista, era sinônimo de uma
pessoa honesta, culta e inteligente, o termo burguês era altamente ofensivo,
principalmente nas universidades públicas brasileiras.
Nessa
época, quando a imbecilidade reinava entre artistas e universitários de
formação intelectual duvidosa, o termo passou a ser totalmente pejorativo, a
ponto de que, muitos jovens ricos e equivocados, passassem a esconder às suas
condições naturais. Era o tempo em que, os jovens, ricos ou pobres, saudáveis e
estudiosos eram considerados alienados burgueses, pelos modernosos de então,
pois uma parcela da juventude se subdividia em hippies ou comunistas.
Quando
o mundo político vivia as incertezas da Guerra Fria, o mundo intelectual
vomitavam as aberrações da chamada "Contra Cultura", a qual marcou,
substancialmente, as gerações posteriores, fazendo estragos até os dias atuais.
Nessa época, ninguém se preocupou em contestar a História da Burguesia, vista
sob o prisma marxista.
Enquanto
a Igreja vivia a sua primeira fase existencial, dentro das concepções
platônicas, herdadas do Concílio de Nicéia, pode o povo europeu, antes
escravizado na era romana, viver sob a condição de servos da gleba, protegidos
pelo papa. A partir do Século XI, com a infiltração dos príncipes na Igreja,
criando o chamado feudalismo eclesiástico, os pobres foram sendo explorados de
forma cruel e sistemática. Com o aumento populacional da Idade Média, muitos
deles foram expulsos de onde viviam, sendo relegados à própria sorte. Vivendo
como mendigos, ou da caça ilegal, em pequenas vilas ou burgos, seus habitantes
foram classificados de vilões ou burgueses, vindo daí a origem do termo.
Nas
parcas condições em que foram cometidas essas criaturas, a maioria sucumbiu ao
extermínio imposto pelo feudalismo. Contudo, apesar do sofrimento e miséria,
era o alvorecer de uma classe social, predestinada a dominar o mundo e o futuro
da humanidade.
Das
mais humildes condições, pode os pobres burgueses evoluir, através das suas
persistências, no comércio, na arte e artesanato, solidificando às primeiras
indústrias. No feudalismo, a maioria dos senhores feudais tinham mais poder do
que os reis; os burgueses se aproveitaram disso e, aos poucos, foram se
associando aos monarcas, ajudando-os a estabelecer o absolutismo real em toda a
Europa. Foram os burgueses enobrecidos (fidalgos) lusitanos, que fundaram o
primeiro estado nacional moderno: Portugal.
Quando
o poder real, protegido pela Igreja, começou a incomodar, os burgueses fizeram
a Reforma na Igreja, criando o protestantismo e mais tarde duas revoluções, a
americana, com sua democracia e a Revolução Francesa, liquidando, pra sempre, o
feudalismo e inaugurando uma nova etapa mundial.
Os
burgueses criaram o mundo político e econômico moderno. Sua Ciência, antes
pesseguida, foi protegida pela reforma religiosa, que culminou com o primeiro
homem a pisar na Lua.
Depois dos burgueses no poder, houve tentativas esdrúxulas da implantação do velho ideal socialista. Porém, por ser uma ideologia utópica, não deram frutos plausíveis; contudo, a ideia persiste, com seus anacrônicos militantes tentando fazer o impossível: acabar com a burguesia.
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