segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

O “HOMEM DA SANFONA”.

                                                          Carlos Eden Meira

Um amigo meu apreciador da boa música e da boa leitura tem grande admiração por músicas clássicas, chorinhos, e, principalmente pela música nordestina de LUIZ GONZAGA. Desta forma, ele, cuja esposa estudou sanfona tem em sua casa, alguns desses instrumentos, inclusive um violão, sendo que ele mesmo confessa sua frustração por nunca ter aprendido tocar nenhum instrumento musical. Bem, certa ocasião quando ele voltava da casa de um amigo entendido do assunto, e que havia consertado uma das suas sanfonas que apresentara defeito em uma das teclas, este nosso amigo passou em frente a um bar, onde um grupo de pessoas tomava seus "gorós" de fim de semana. Devia ser obviamente num sábado ou domingo. Não sei bem. Foi aí que ele ouviu alguém daquele grupo gritar: "Ei, moço! Venha cá"! Ele então, aproximou-se do grupo e respondeu: "Pois não. Bom dia"! O rapaz que o havia chamado foi logo dizendo com a característica voz pastosa de quem está naquele estado etílico de quem chama urubu de "meu louro" e Jesus de "Genésio": "Senta aqui, cara! Toca essa sanfona aí pra nós"! Os outros imediatamente concordaram e gritavam: "Toca, toca, toca...!!" Ele então começou a sorrir todo sem jeito, e falou: "Vocês estão enganados! Eu não toco sanfona"! "Como não toca"? Berrou um dos "comedores de água". E continuou já engrossando a conversa: "Esse é o mal desses músicos. Cheios de "marra"! Se é pra receber dinheiro, nenhum deles se nega a tocar! Pois bem, vamos fazer uma "vaquinha" aqui pra lhe pagar, cara"! Aí você vai tocar até a sanfona furar"! Nosso amigo já em pânico tentou explicar: "Eu estou vindo da casa de um amigo meu que conserta sanfona! Esta aqui é de minha esposa. É ela quem toca. Me desculpem, mas eu não sei tocar nada"! Aí então, a coisa quase vira um "quebra pau". Já tinha gente querendo dar porrada, mas aqueles menos bêbados e mais sensatos acalmaram a situação, seguraram os mais exaltados e deixaram o nosso amigo seguir em paz. Até hoje ele dá risadas lembrando-se desse fato constrangedor, no qual ele quase entra numa fria por causa de uma bendita sanfona!

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