J. B. Pessoa
Nos últimos tempos,
uma acirrada polêmica vem acontecendo nas redes sociais, entre os aficionados
fãs dos westerns: de um lado estão os fãs de Gary Cooper e do outro as novas
gerações, que veneram John Wayne e desconhece, quase completamente, o trabalho de
um grande astro, como Gary Cooper, esquecido, propositalmente, pelos lobistas,
responsáveis pela ascensão de um astro, herói da direita estadunidense.
De quem seria o
título de maior cowboy do cinema?! Gary Cooper ou John Wayne?!... Se essa pergunta
fosse feita às pessoas nascidas antes de 1960, com certeza o grande Gary Cooper
ganharia, sem a menor dificuldade. Entretanto, nas últimas décadas, o nome de
John Wayne vem se destacando entre as gerações posteriores.
Na realidade, em
termos qualificativos, se referindo as películas juvenis dos mocinhos &
bandidos, os maiores cowboys clássicos do cinema foram Tom Mix e Buck Jones. Os
dois cowboys já eram famosos na época do cinema mudo e continuaram reinando
após os filmes sonoros.
Embora John Wayne e
Gary Cooper tenha começado suas carreiras, ainda na época do cinema mudo, eles
eram atores coadjuvantes. Enquanto John Wayne veio de uma universidade, se
destacando nela como um atleta, Gary Cooper vinha de uma Fazenda do Estado de
Montana, na qual foi criado e talhado como um verdadeiro cowboy.
No início da
indústria cinematográfica, os filmes faroestes eram concebidos para a meninada
em geral, até que um dia, os produtores resolveram fazer westerns para adultos.
Antes, os filmes sérios ambientados no Velho Oeste Americano eram considerados
como épicos. Esse foi o caso do filme "A Grande Jornada", produção de
1930, do cineasta Raoul Walsh, estrelado pelo jovem John Wayne. Após esse
filme, ele participou de uma série de Western B, por toda a década de 1930,
enquanto Gary Cooper atuava em renomadas produções, como "Sócios no
Amor", de 1933; "Lanceiros da Índia", de 1935; "O Galante
Mr. Deeps", de 1936; e a grande produção de 1939, "Beau Geste.
A grande chance de
John Wayne veio em 1939, com o filme "No Tempo das Diligências" de
John Ford. Daí em diante, sob o comando desse grande diretor, John Wayne atuou
em grandes produções, cujo melhor desempenho foi no magnífico "Rastros do
Odio", (1956) um dos melhores westerns de todos os tempos.
Durante os anos de
1940/50, enquanto John Wayne seguia em sua progressiva carreira, Gary Cooper
atuava em grandes clássicos, que lhe davam grandes prestígios. Foi indicado ao
Oscar de melhor ator, por cinco vezes; sendo laureado em 1941, pelo filme
"Sargento York", de Howard Hawks, e em 1952, pelo filme " Matar
ou Morrer" de Fred Zimmermann, considerado pela maioria dos críticos, como
o melhor Western de todos os tempos. Durante as décadas de 40/50, Gary Cooper
atuou em diversos faroestes famosos, até o seu falecimento em 1961.
Nos anos de 1950 John
Wayne se destacou na luta contra os agentes comunistas, que atuavam nos
bastidores de Hollywood. Na vida real, ele atuou como o baluarte da direita
americana, sendo o grande herói da chamada era, que ficou conhecida como
"Caça às Bruxas". Nessa época, o famoso senador americano Joseph
MacCarthy, que combateu o comunismo nos Estados Unidos, foi bastante odiado
pelos artistas e intelectuais americanos, por perseguir, sistematicamente, uma
esquerda infiltrada na sociedade americana. Porém, depois da queda do Muro de
Berlim, ficou provado as autuações dos simpatizantes comunistas por toda a
América; sendo que a espionagem foi um fato verdadeiro, e muitos eram agentes
de Moscou. Ficou provado a culpa do Casal Julius e Ethel Rosenberg na entrega
dos planos da bomba atômica americana aos soviéticos, fato inteiramente
comprovado em 2008.
A partir daí, a
figura de John Wayne se ascendeu, definitivamente, entre a direita no mundo
inteiro.
No final da década de
40, Gary Cooper foi considerado como o maior cowboy do cinema. Isso deixou John
Wayne fulo de raiva. Numa época em que o western era considerado a expressão
máxima do cinema hollywoodiano, os filmes estrelados por Gary Cooper (que era
um ator de diversas modalidades de filmes) eram todos westerns A; ao contrário
de John Wayne, salvo alguns, todos eram westerns B. Mesmo assim, os faroestes B
dos astros Roy Rogers, Gene Autry, Charles (Durango Kid) Starrett e Allan Lane
fizeram mais sucessos entre a garotada dos anos 40/50, no mundo inteiro, do que
os filmes B de John Wayne. Além disso, para muitos críticos, os westerns A
estrelados por astros renomados como James Stewart, Joel McCrea, Gregory Peck,
entre outros, superam os de John Wayne. A exceção vai para "Rastros do
Ódio" de John Ford.
John Wayne, herói controverso
da direita americana, faleceu em 1979. Ganhou apenas um Oscar pelo filme
"Bravura Indômita". É considerado o ator que atuou em mais filmes na
História do Cinema. A partir de sua morte, uma exagerada promoção foi feita
pelo seu filho, então presidente da Academia de Artes e Ciências
Cinematográficas de Hollywood, o qual restaurou e editou todos os seus filmes,
inclusive os inúmeros e insignificantes westerns B, desprezando muitos
clássicos e famosos filmes. Como a "propaganda é a alma do negócio" e
as fake news imperam nas redes sociais, John Wayne se tranformou, para os
ingênuos, no maior cowboy de todos os tempos
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