quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Fundamentalismo religioso.

                                                                       J. B. Pessoa

Deus é religião!... Porém, nenhuma religião representa Deus. Por mais altruísta que seja, a doutrina de uma religião, fundamentada em uma ideia, tida como verdadeira, é necessário entender, que tudo isso são frutos das concepções humanas. Essas concepções, mesmo que sejam revelações de origem divina, as quais foram concebidas em tempos e espaços diferentes, e em circunstâncias especiais, sofreram alterações em suas conjunturas, maculando os seus livros sagrados, conforme os interesses das diversas organizações religiosas existentes, ao longo da História.

As primeiras civilizações conceberam as suas religiões, amoldando os seus costumes e lendas às adversidades do meio ambiente em que viviam, como também dos antagonismos existentes entre os diversos povos dessas regiões. No Vale do Ganges surgiu o hinduísmo e na Região dos rios Tigre e Eufrates as denominadas religiões abraanicas. Todas essas religiões conceberam as suas sagradas escrituras ou livros sagrados, os quais contam com bilhões de adeptos no mundo moderno.

Entre os muitos livros sagrados existentes em diversas religiões humanas, como o Alcorão, dos islâmicos e os Vedas, do hinduísmo está a Bíblia Sagrada judaica-cristã. A Bíblia é um conjunto de livros, venerados pelos povos ocidentais. Desse magnífico compêndio foram excluídos vários livros ou tiveram textos modificados, de acordo com os pareceres de grupos religiosos representando alguma religião, tida como verdadeira.

Essas questões, sempre caem em divagações, ao sabor dos interessados em manter seus conceitos ortodoxos, os quais levam ao fundamentalismo religioso, ferindo o livre arbítrio do crente em crer ou não.

As pessoas que acreditam na coerência das ideias, questionam muitas passagens bíblicas. É preciso entender que a complexidade bíblica é relativa à evolução intelectual, moral e espiritual do indivíduo. É um compêndio formado por vários livros e divididos em duas etapas: uma antiga e outra moderna, elaboradas conforme a evolução cultural de suas épocas! Torna-se necessário, saber interpretetar as suas manifestações com prudência. Além disso, existe os livros, que foram retirados da bíblia, constituindo os chamados apócrifos bíblicos, a exemplo do livro de Enoque, do Velho Testamento, encontrado entre os pergaminhos do Mar Morto. Não podemos esquecer dos diversos evangelhos apócrifos, que foram desprezados no grande concílio de Nicéia, cidade da Ásia Menor, hoje Turquia. A Bíblia, como a conhecemos, foi elaborada nesse famoso concílio em 325 AD., no qual foi criada a Igreja Católica Romana. Foi redigida em grego, pela influência do helenismo e, mais tarde, surgiu a a Vulgata Latina, redigida no latim vulgar. Nos últimos tempos, o moralismo paradoxal de algumas neopentecostais, retirou da bíblia católica o livro "Cântico dos Cânticos" atribuído a Salomão, filho de Davi. A grande pergunta é a segunte: Se a Bíblia é imutável, por que tantas correções, causando apreciações diferentes, entre diversas opiniões?!!!...

Para alguns eruditos, a Bíblia Sagrada é uma manifestação divina de Deus, lançada em palavras adequadas para a compreensão de todos em épocas diferentes. A criação do mundo, na narrativa bíblica, não contradiz a moderna teoria do Big Bang; o homem feito do barro, com o aparecimento da célula mãe de toda a matéria orgânica; o surgimento da vida no planeta, com a tese científica da Evolução das Espécies!... "Do pó vineste e ao pó voltarás". Todo o problema está no fundamentalismo religioso!...

As pessoas inteligentes que tem fé, cultas ou não; independentemente das religiões, elas conseguem conversar com Deus, lendo os seus livros sagrados, tendo-os como intermediários entre o Criador e a criatura.

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