quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Associação Desportiva Jequié, Time Campeão Baiano de Juniores em 1979. Um Título Esquecido.

                                     Charles Meira
Juniores do Jequié, campeões Baianos de 1979.
Em Pé: Franco, Bonitinho, Buzú, Pedrinho, Cerinha, Sales, Samuel e Ornei
Agachados: Bino, Nilton, Cristóvão, Idalmy, Sérgio Cabecinha, Pedro Macaco e César Peixe.

Charles Meira, depois de informado por Messias Memória do título conquistado pelo time do Jequié de Campeão Baiano de Juniores em 1979, título que Meira não conhecia, realizou durante o ano de 2018 várias entrevistas com jogadores que participaram do campeonato, buscando dados sobre a história deste título, que é um dos mais importantes da Associação Desportiva Jequié, para informar aos seus apaixonados torcedores e toda população da nossa cidade.

Bino, Fau e Charles Meira.
Bino Cerinha e Charles Meira.
Paulo Sales, Charles Meira e Ydalmy Vieira.

Entrevista com Antônio Marques dos Santos Filho (Cristóvão).


Paulo Sales e Cristóvão.

Antônio Marques dos Santos Filho (Cristovão), atacante do time da Associação Desportiva Jequié, Campeão Baiano de Juniores em 1979, durante o bate papo com Charles Meira na sala da sua residência, falou pouco e descreveu que começou jogando no dente de leite do Santos de Jequié, time treinado por Caculé, época que ainda existia o Estádio Aníbal Brito. Que na equipe campeã da ADJ, começou com 17 anos de idade em 1979, treinando no campo do IERP e no Estádio Waldomiro Borges. Da campanha vitoriosa, Cristóvão relatou que o campeonato teve oito ou nove partidas, disputadas em duas chaves, jogando uma contra a outra, inicialmente no interior com os times do Atlético de Alagoinhas, Itabuna, Fluminense de Feira e em seguida na Capital com o Redenção e o Botafogo de Salvador, quando da final. Logo após a conquista deste título, Cristovão teve, ainda, a satisfação de jogar no profissional da equipe da Associação Desportiva Jequié.

Entrevista com Balbino Costa Cruz (Bino).


Messias memória, um novo amigo, foi o encarregado de marcar o dia e horário para Charles Meira entrevistar Balbino Costa Cruz (Bino), jogador que participou da campanha vitoriosa da equipe jequieense no Campeonato Baiano de Juniores em 1979.
Atualmente com os cabelos branco, muito sorridente e de tratamento amável, Bino recebeu os visitantes na sua residência. Após visualizar algumas fotos dele da época que jogou futebol em Jequié, Charles Meira iniciou a entrevista. Pacientemente, Bino começou falando que antes de acontecer o Campeonato de Juniores, o Jequié desde 1978 possuía uma equipe de base, tempo quando com 17 anos de idade, começou a jogar neste time. Com a fisionomia séria, confirmou no momento, que Vandé com certeza era quem tomava conta, organizava, era o técnico, o presidente, era tudo no time. Que o Jequié tinha equipes de dente de leite, infantil, ocasião que Bino tinha 12 anos de idade e foi convidado por Vandé para treinar no Estádio Aníbal Brito e no campo do IERP. Relatou em seguida, que depois da década de 70, quando o Jequié entrou no Campeonato Baiano de Futebol Profissional, a equipe tinha jogadores de base com 12, 14, 15 a 18 anos de idade, sem categorias definidas. E também informou, que 18 anos era a idade permitida pela Federação Baiana de Futebol para os jogadores disputarem o Campeonato Baiano de Juniores, competição que o Jequié continuou participando, porém não conseguiu novamente vencer. Detalhou, além disso, que a camisa azul, calção amarelo e meias brancas, foram sempre fornecidas e utilizadas nos jogos pelo Jequié, uniforme que Vandé naquele período tomava conta. 


Bino no Estádio da Fonte Nova em Salvador, onde foi realizado o jogo Botafogo 0 X 1 Jequié. 

Em continuação, Meira perguntou a Bino pela taça do título. Respondeu que não houve taça pelo título e, sim um prêmio de quarenta mil, recompensa, que ficou para a equipe profissional do Jequié. E prosseguiu falando, que o campeonato foi realizado no final de 1979 e a final aconteceu em 15 de novembro no Estádio da Fonte Nova em Salvador. Não se lembra do resultado contra o Itabuna e que os outros resultados foram: Atlético de Alagoinhas 0 x 1 Jequié, gol de Idalmy, Redenção 0 x 1 Jequié, gol de Getúlio que trabalhava na Embasa, partida realizada em 08/11/1979 à noite em Salvador na preliminar de Bahia 1 x 0 Londrina, jogo pelo Campeonato Brasileiro e a final contra o Botafogo 0 x 1 Jequié, gol de Idalmy, jogando o time com a seguinte formação: Bonitinho, Buzu, Pedrinho, Franco e Cerinha. Paulo Sales, Bino e Idalmy. Nilton Defunto, Cristóvão e Pedro Macaco, partida igualmente realizada em Salvador no Estádio da Fonte Nova em 15/11/1979, domingo à tarde na preliminar entre Vitória 3 x 1 XV de Jaú, Jogo também pelo Brasileiro. 



Niltinho, Bino e Bia, jogo pelo Campeonato Intermunicipal entre Seleção de Ubatã 1 X 1 Seleção de Jequié em 18/01/1984.


Posteriormente, Bino atuou em várias Seleções de Jequié, inclusive foi campeão em 1983, time que era titular absoluto, único jogador que participou de todas as partidas do Campeonato Intermunicipal.
No final da entrevista, Bino hoje com 57 anos de idade, muito alegre e calmo, uma marca dele, disse que jogou de meia esquerda amador, meia ponta de lança até o ano de 2000 e não teve oportunidade de jogar no profissional do Jequié, época quando tinha 35 anos.

Entrevista com Luiz Fernando Costa Cruz (Fau).


Acompanhado por Messias Memória e Balbino Costa Cruz (Bino), jogador também dos juniores de 1979, Charles Meira conversou com Fau na casa dele, localizada próximo ao antigo Posto Manoel Antônio em Jequié. Atualmente aposentado da Policia Rodoviária Federal, Fau iniciou a conversa, informando que jogou apenas na categoria de futebol juvenil, selecionado pelo Professor de Educação Física Vanderli Andrade, profissional que era ainda uma espécie de olheiro de jogadores juniores para o Jequié, time que na época era o treinador. No mesmo período, inesperadamente Vandé convocou os jogadores juniores do Jequié e informou que de acordo informação recebida da Federação Baiana de Futebol, aconteceria um jogo decisivo contra o Atlético de Alagoinhas e quem ganhasse esta partida iria disputar a final do Campeonato Baiano daquela categoria. Em continuação, respondendo uma pergunta de Charles, Fau disse que aconteceram outros campeonatos de juniores, entretanto aquele de 1979 foi o de maior destaque. Contou ainda, que jogou contra o Atlético de Alagoinhas 0 x 1 Jequié, gol assinalado por Idalmy, jogo muito duro, retrancado e, além disso, o Atlético de Alagoinhas atuou com o time que estava participando do Campeonato Baiano de Futebol Profissional. Posteriormente, aconteceram dois jogos no Estádio da Fonte Nova na preliminar de jogos do Campeonato Brasileiro, depois de vencer o Itabuna aqui e lá, resultados que não lembra, jogos que fizeram parte da chave do interior e o Jequié foi campeão, época que o futebol de juniores era muito valorizado.  Fau, além de falar da alegria do Jequié em ter ganhado o título, lembrou ainda que Idalmy, Paulo Sales e Cristovão, destaques do time, foram convocados para a Seleção Baiana de Futebol e a seguir Paulo Sales e Idalmy foram contratados pelo Bahia. No término da conversa, destacou a importância de Vandé para o futebol amador e profissional de Jequié, incansável dirigente, treinador e qualificado observador de jogadores nos campeonatos de futebol existentes na cidade, para jogarem nos juniores da Associação Desportiva Jequié, time que treinava naquela temporada.

Entrevista com José Fernando Santos Rodrigues (Cerinha).


Acompanhado por Balbino Costa Cruz (Bino) e Messias Memória, Charles Meira entrevistou José Fernando Santos Rodrigues (Cerinha), próximo ao Campo do Cururu, local que jogou bastante durante a sua carreira de jogador de futebol amador em Jequié.
Segundo Cerinha, naquele tempo jogava futebol de zagueiro e lateral esquerdo, contudo na partida final do Campeonato Baiano de Juniores, que aconteceu no Estádio da Fonte Nova, atuou de lateral esquerdo. Cerinha, um senhor baixo, forte, alegre e desinibido, contou a seguir, que o time de juniores do Jequié jogou no campeonato e o resultado dos no interior foram: Itabuna 1 x 3 Jequié, Cristóvão fez um gol, Jequié 1 x 0 Itabuna, Jequié 2 x 1 Fluminense de Feira, com gols de Cristóvão e Idalmy, Jequié 0 x 0 Fluminense de Feira, Jequié 2 x 0 Atlético de Alagoinhas e Atlético 0 x 1 Jequié. 


Cerinha no Estádio da Fonte Nova em Salvador, onde foi realizado o jogo Botafogo 0 X 1 Jequié. 

Com uma fisionomia séria, disse que foi um campeonato pequeno, difícil e teve as partidas finais disputadas em Salvador. Na primeira, o resultado foi Redenção 0 x 1 Jequié, gol marcado por Getúlio da Embasa, filho de Ambrosina, que morava perto de Vandé e na final Botafogo de Salvador 0 x 1 Jequié, ADJ campeã com o gol marcado por Idalmy.
No final da entrevista, repetiu a opinião de outros profissionais entrevistados, falando que Vandé foi também preparador físico, técnico, fazia tudo e, que o futebol de juniores era treinado no Estádio Waldomiro Borges e no IERP, existindo  em Jequié, devido à dedicação e a luta dele, profissional que teve também uma escolinha de dente de leite, time que treinou no antigo Estádio Aníbal Brito. Além disso, citou que Vandé acompanhava os campeonatos de futebol dos bairros e deles escolhia e levava os melhores jogadores para o time do Jequié. Além desses trabalhos realizados, Cerinha contou que o Professor de Educação Física era ao mesmo tempo, dono e técnico da Desportiva, time amador que foi campeão nos anos de 1981, 82 e 83 na cidade de Jequié.

Entrevista com Idalmy Vieira Andrade e Paulo Sales.

Paulo Sales e Idalmy Vieura.

Foi difícil, mas Charles Meira conseguiu entrevis
tar no mesmo dia, dois jogadores importantes na campanha vitoriosa do time de juniores do Jequié em 1979. Da Igreja Batista Sião de Jequié, local marcado para encontrar com Idalmy, foram para a casa de Paulo Sales. Na sala aconchegante da residência dele, Charles Meira tirou várias fotos com os jogadores Paulo Sales, hoje conceituado treinador e Idalmy Vieira, hoje Pastor Evangélico em Jequié. Meira conhecia Paulo Sales, pois há pouco tempo, havia feito com o treinador, uma matéria para a Revista Cotoxó e Idalmy também, entretanto não sabia que o esposo de Suely Peixoto, era jogador e, do time de juniores do Jequié, campeão de 1979. A entrevista foi bastante harmoniosa, emocionante e esclarecedora para a matéria.
Logo que iniciou a conversa, Charles Meira fez um questionamento relacionado à Vanderli Andrade e, Idalmy com firmeza respondeu que havia trabalhado no time da base do Jequié naquele período comandado por Vandé. Sales igualmente confirmou, dizendo que também tinha trabalhado com o professor e carinhosamente falou ainda que Idalmy continue sendo como um irmão, pois é amigo dele desde os 15 anos de idade, época que veio morar em Jequié e começaram a jogar juntos no time amador do Fluminense de Muthato. 

Time do Fluminense da Cidade Nova, jogando na cidade de Milagres - BA na década de 70.
Em pé: Alfredão, Badico, Niva, Ivan, Vadinho, Adauto, Inho, Bida e Jitaúna.
Agachados: Fau, Teola, Luizão, Idalmye Walter.

Prosseguindo, Idalmy falou que o time era dirigido por um empresário bem sucedido na cidade nova, gostava muito de futebol, muito dedicado e fez um time diferenciado no bairro da Cidade Nova. E que através da amizade com Vandé, levou para a equipe dele os bons jogadores que tinham na cidade, atletas que na época jogavam por amor e eram destaques nos campeonatos da cidade como: Sales, Pelezinho, Pezão, jogadores que valorizaram o time e consequentemente, atraía um número grande de torcedores para os campos durante os campeonatos, buscando apreciar um futebol de melhor qualidade. Segundo Sales, posteriormente foram jogar também no campo do Cururu, onde se sagraram bi campeões, atuando no time do Katinei, comandado por Vandé. A seguir, Idalmy, que morava e não saía do bairro do Curral Novo, se destacou no time amador do Fluminense da Cidade Nova, dirigido por Muthato e fez amizade com o jogador Pelezinho e outros do centro, período que ganhou uma oportunidade de Vandé e foi treinar no Juvenil do Jequié com Cristóvão e Sales, que foi levado por Paulo Bochetti em 1977, tempo que Vandé era o treinador. 


Vandé, técnico do Jequié em 1977.

Após, Sales contou que nesta temporada o time apenas treinava e os jogadores atuavam representando os times amadores do Katinei e do Fluminense da Cidade Nova.
Depois, Sales que gostava de outros esportes, foi convocado para jogar Basquete e Futebol de Salão nos Jogos Abertos do Interior em Ilhéus no ano de 1979 e levou o amigo Idalmy. Durante a programação do evento, recebeu um telefonema da direção do Jequié, convocando os dois para jogarem no time de juniores contra o Itabuna, partidas que os resultados foram: Itabuna 1 x 2 Jequié, com um gol de Idalmy e Jequié 0 x 0 Itabuna. Em Alagoinhas foi Atlético 0 x 1 Jequié e ganhou também Fluminense de Feira, placar não informado. Logo o time atuou na Fonte Nova em Salvador e o resultado foi Redenção 0 x 1 Jequié e na partida final terminou Botafogo 0 x 1 Jequié, gol marcado por Idalmy na preliminar de um jogo do Campeonato Brasileiro, também na Fonte Nova. Segundo Sales, o artilheiro do campeonato foi Idalmy e Vandé o técnico, grande administrador do grupo. Que no final do jogo, recebeu uma taça pequena e depois comemoraram o título em uma churrascaria perto de Salvador. 


Idalmy Vieura e Paulo Sales, quando foram convocados para a Seleção Baiana de Futebol.

De acordo Sales, o prêmio maior veio depois com a convocação dele, Cristóvão, Idalmy e Bonitinho em uma primeira relação de 40 jogadores para a Seleção Baiana de Futebol. Na segunda relação contendo 22, apenas Sales foi convocado, seleção que ficou colocada em terceiro lugar no Brasil.
De acordo os jogadores Sales e Idalmy, contando o tempo de juvenil e profissional, atuaram durante três anos na equipe do Jequié. 


Paulo Sales, jogador do Jequié.
Paulo Sales, campeão pelo Bahia.

Que em 1979, Sales foi comprado pelo Bahia por Um milhão (dinheiro da época) e no ano seguinte, Idalmy também foi comprado pelo Bahia por Setecentos Mil (dinheiro da época), quantia que segundo os jogadores ninguém sabe para onde foi. Que Idalmy jogou durante dois anos no Esporte Clube Bahia, equipe onde foi profissionalizado e se deu muito bem. Que foi ainda campeão, artilheiro nos juniores jogando com Sales e campeão pelo profissional em 1980, como reserva. Que em 1981, devido o seu comportamento irregular fora de campo, Idalmy foi emprestado para o Penedense e a seguir para o CRB, onde foi muito bem e jogou durante oito anos e foi o artilheiro do Brasil.
No final da conversa, bastante emocionado e com lágrimas nos olhos, Idalmy contou que se casou e separou cedo, depois voltou para Jequié com o carro batido para morar com sua mãe. Que em seguida, foi Cobrador na Empresa Cidade Sol, ocasião que Sales seu grande amigo se comoveu com a situação e o indicou em 1980 para o time do Bangu. Após, Idalmy ainda jogou no Figueirense, Tubarão, Fluminense de Feira e depois foi para o Goiás, indicado por Zebrão, time onde conheceu os “Atletas de Cristo” e mudou a sua vida. Com 32 anos de idade, quase parando, Idalmy fez um teste no Atlético Goianiense, momento que não conhecia nada da Bíblia. No treino, disputando um lance, ganhou a bola de Gilson Batata, mas recebeu um tranco dele. No final do treino, Gilson pediu perdão para Idalmy e disse que era o líder dos “Atletas de Cristo” e, abrindo a Bíblia leu o versículo que diz: “não jogue pérolas aos porcos”. Idalmy não entendeu, porém autorizou Gilson ler outro versículo que diz: “Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Na ocasião, aquela mensagem entrou na sua vida, pois estava passando por um momento difícil. Aquela mensagem, mudou a vida de Idalmy, que começou a conhecer Jesus. Em seguida, orientado por Gilson Batata, ligou para sua ex-esposa e pediu perdão.


Time do Jequié em 1994, quando Idalmy encerrou a careira de jogador profissional. 
Em pé: Radialista, Cerezo (Auxiliar Técnico), Tim Maia, Luiz Alberto, Ednaldo, Marcinho, Alex, Jadilson, Paulo Henrique, Guina (Roupeiro) e Ado. Agachados: Wilson, Nei Carioca, Glaedson, Nei Baiano, Tição, Paulo Henrique e Idalmir, Osvaldo Batista Radialista), Reginaldo Barros, Zé Biu e Zebrão.
Depois, Idalmy retornou para Jequié e encerrou sua carreira, jogando na equipe da Associação Desportiva Jequié em 1994, período que Zé Biu era o presidente. Posteriormente, também orientado por Gilson Batata, foi aconselhado a procurar uma mulher temente a Deus para casar novamente e orientado pelo seu amigo Paulo Sales, certo dia procurou um atendimento na Caixa Econômica Federa com a funcionária chamada Suely Peixoto, hoje aposentada e sua atual esposa.                             

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