sábado, 26 de junho de 2021

Tidinho, jogador importante do futebol amador de Jequié e região.

Acetildes Moreira Filho (Tidinho)

Fazendo algumas matérias sobre a Seleção de Jequié que disputou o Torneio Intermunicipal de 1969, com subsídios fornecidos por Dilermando (Jogador que atuou nesta seleção), observei que o jogador Tidinho, tinha atuado também na equipe titular em algumas partidas. Por telefone comentei com Dilermando sobre minha curiosidade e dele tive a confirmação da veracidade desta minha lembrança, mandando um abraço para o ex-companheiro. Informei ao amigo durante a conversa, que o nosso amigo Tidinho estava saudável e com a mesma aparecia jovial. No início do mês de junho, solicitei do também amigo Pascoal (Jogador do futebol amador de Jequié na década de 60), conseguir o contato de Tidinho. Dia 14 de junho Pascoal me informou o contato dele e em seguida falei com o torcedor do Vasco da Gama, Bahia e marquei a entrevista que foi realizada na manhã do dia 15, na Praça Rui Barbosa.

Acetildes Moreira Filho, nasceu em 01/01/1949, na rua Presidente Vagas no bairro do Jequiezinho em Jequié – BA, filho de Acetildes Moreira da Silva e Cleonice Santana Moreira. A esposa atual é Lucivanda Moreira Silva e tem um filho com 26 anos de idade, chamado Leonardo Silva Moreira e anteriormente teve outra companheira, aventuras amorosas, mais 3 filhos e não é casado.

Tidinho estudou no Colégio Anísio Teixeira até a quinta série, parou durante 10 anos os estudos e quando retornou de Brasília, inicialmente fez o supletivo e depois Contabilidade no CETEJE, que concluiu em 1976.

Depois de cumprimentar os donos do quiosque, onde sentaram numa mesa ao lado, Tidinho falou que bem pequeno jogava todos os dias pelada, tanto na rua como no arreião, sendo que o Rio de Contas foi a praia dele. Disputava o campeonato do arreião, jogando bola no time do Guimarães de Nilton Guimarães e mais 8 times. As competições aconteciam na parte de baixo da ponte Teodoro Sampaio, quase no fundo do Curtume Aliança, onde foi campeão invicto. Jogou bola também no colégio Anísio Teixeira, onde tinham os times da tarde e da manhã e quando aconteciam as festas do colégio, havia uma disputa entra as equipes. Certa época, a diretoria tomou as camisas emprestadas da Secretaria de Educação de Jequié para realização de uma partida. As camisas verde e branca listrada foi usada pela turma da manhã e a turma da tarde que Tidinho atuava vestiu as vermelhas e branca listrada. O time dele ganhou de 2 a 0, já atuando de zagueiro. Jogou também Futebol de Salão no Jequié Tênis Clube.

Ari Moura, Guel, Zéo, Tidinho, Wellinton, Neto e Cleber - 09-12-1965 

no Jequié Tênis Clube

O nosso zagueiro começou a sua vida profissional trabalhando de mecânico na oficina de Osório, durante o período de 1 ano e em seguida foi trabalhar de motorista na COMASE, atendendo um pedido de seu cunhado. Depois foi trabalhar na Prefeitura Municipal de Jequié, onde exerceu o cargo de fiscal de tributos até se aposentar.

Na adolescência, com 17 anos de idade Tidinho iniciou sua carreira de jogador amador de Jequié, atuando no aspirante do Mandacaru, disputando o campeonato no Estádio Aníbal Brito. Quando saiu do Mandacaru foi para o aspirante do Jequiezinho, mas não chegou a jogar nesta categoria. Esta oportunidade surgiu na sede do Jequiezinho na Avenida Presidente Vargas, pois iria jogar no domingo contra o Flamengo na partida preliminar que começava as 13 h. Ali chegando ficou aguardando o chamado de Lobão, técnico e dono da equipe, como eram também na época Gildásio Vieira no Botafogo, Isidório no América, Deosdete Amaral no Vasco, Ananias que era funcionário público no Flamengo e tantos outros que agiam desta maneira. Lobão escalou o time, distribuiu as camisas e não chamou Tidinho. Cansado de esperar e no pensamento questionado, não ter sido chamado, pois estava arrebentando nos treinos. Ficou calado e quando estava saindo, Lobão o chamou e disse que não jogaria no aspirante e sim no time principal, pois o lateral Catingueiro que foram buscar em Poções não veio preferindo atender a noiva para não jogar. Falou também que ele deveria fazer como estava atuando nos treinos e não desse mole, chegasse junto do atacante Dete Leão e que aquele jogo seria o teste e a prova de fogo dele. Surpreso com aquela decisão, mas ao mesmo alegre porque seria titular do time principal. O Jequiezinho ganhou o jogo de 1 a 0 com um gol de Vando, que jogava muito e Tidinho deu conta do recado.

                               Jequiezinho Esporte Clube,  time que Tidinho jogou 

                                                     no Estádio Aníbal Brito.

Ainda nesta fase da vida, antes de completar dezoito anos de idade foi para Brasília para trabalhar em qualquer coisa, porque não conseguiu emprego em Jequié. Ficou morando no pensionato de Zeca Pitanga, uma pessoa amiga que criou o Alfaiate Bria. Como sabia que Tidinho gostava de jogar bola, levou o jequieense para fazer um teste no time de aspirantes, onde jogava também seu sobrinho que era bom de bola. O treino aconteceu no domingo e foi disputado no campeonato de Taguatinga, onde o campo era areado e todos atuavam descalço. Tidinho jogou de zagueiro e fez 3 gols no primeiro, pois o time adversário era de péssima qualidade. No intervalo, tiraram o zagueiro e deram uma chuteira para atuar no time principal. Entrou no lugar de malhares, zagueiro tirado a famoso, mas falhava muito e este jogo foi a última vez que atuou no time titular. Em outra oportunidade, dia de sábado, foi levado por seu amigo Nil para disputar uma partida pelo time da Presidência da República, equipe muito boa que tinha somente jogadores profissionais, único amador era Tidinho, que entrou no segundo tempo de quarto zagueiro, arrebentou e não saiu mais do time. Atuou também na AMC da Atlas, onde era jogador do time e funcionário com carteira assinalada e treinou Rabelo outra boa equipe de Brasília. Na mesma ocasião, deixou este emprego para trabalhar e jogar no time da garagem da presidência, comandada pelo tenente Alcântara. Conseguiu neste trabalho não servir o exército, ficando como excesso de contingente, através de um pedido do tenente Alcantara ao capitão Cardoso, porque desejava voltar para a Bahia, pois tinha muita saudade dos seus pais e de Jequié. Assim aconteceu no final de 1969, foi liberado do trabalho pelo tenente Alcântara, depois de falar que seu país não estava passando bem de saúde. Retornou para a terra natal, deixando grandes amizades e o emprego garantido caso resolvesse um dia voltar.

Depois de rever os amigos, toda a família e circular nas ruas de Jequié, retornou a praticar o futebol amador, jogando no time do Jequiezinho. Contou que em determinada partida contra o Flamengo rico, pelo Campeonato Amador de Jequié a equipe com jogadores como Teodoro, Itacaré e Puruca, médio volante que jogava muito, vindo de Salvador. Interrompemos este assunto para saber como era o campo onde jogavam no Estádio Aníbal Brito. Segundo Tidinho, o campo do era de chão batido, cascalho mesmo, somente uma pequena parte de grama. Continuando a entrevista, relatou que nesta partida quando estava jogando em direção a trave adversária no segundo tempo aconteceu um escanteio e depois de autorizado pelo juiz Euzínio Soares, Jaime Bileu cobrou e Teodoro subiu, fazendo de cabeça o gol no goleiro Edmilson, porém o árbitro anulou, marcando impedimento. Protestaram, mas nada adiantou, pois o Flamengo tinha dinheiro e comprava tudo. O jogo terminou mesmo 0 a 0 e com este resultado o Flamengo disputou a final e foi campeão em 1969. Como a equipe do Jequiézinho não pagava, Tidinho foi jogar no time rico do Mandacaru, ocasião que Guilherme Braga assumiu a presidência, onde jogavam Pelé Cotó, Petrônio, Vagner e outros excelentes jogadores. Quando não atuava no campeonato pelo Mandacaru, Tidinho era convidado para jogar nas equipe do Bahia de Porções, Flamenguinho de Jaguaquara, que era de Zone, um dos maiores centroavantes amadores que conheceu, Itajurú, Aiquara, Ibitupan, localidades que ganhava muito dinheiro dos fazendeiros e dos donos dos times, entretanto neste período somente foi atleta do Mandacaru.

Jequiezinho Esporte Clube,  jogando no no Estádio Aníbal Brito.

Zé Baianão, Valdir, Lando, Coringa, Tidinho, Jaime Bileu, Geir, Virgilinho, Carlos Nei, Pichica, Maneca, Cleonísio, Zé Souza e Valdir.

Esporte Clube Mandacaru em 1969, time que Tidnho também jogou quando o presidente era Guilherme Braga jogando no no Estádio Aníbal Brito.

Em pé: -----, Moura, Magno, Paulo, ------, Jaime e -----.
Agachados: Cleber, Hilário, Petrônio, Herval Peru, Pelé Cotó, e Quito.


Do Torneio Intermunicipal de Futebol Amador da Bahia também várias foram as lembranças. Inicialmente, Tidinho falou do jogo que aconteceu no Estádio Aníbal Brito em 1969, partida que teve muita briga e a Seleção de Jequié perdeu para Ipiaú de 2 a 0. A Liga desportiva de Jequié, através do seu presidente Isidório Manoel do Carmo, que era muito esperto, entrou na Justiça Desportiva, alegando que a Seleção de Ipiaú havia colocado o jogador Gajé de forma irregular, afirmando que o mesmo já teria atuando profissionalmente em outra equipe. Jequié conseguiu ganhar os pontos e por causa desta decisão a Seleção de Ipiaú desistiu de continuar disputando a competição
Na continuação do campeonato intermunicipal, Jequié foi jogar com a Seleção de Cachoeira no Campo da Graça em Salvador, porque no ano anterior tinha acontecido muitas confusões nos jogos disputados pelas seleções naquela localidade. Durante o período de preparação na capital para o jogo no domingo a Seleção de Jequié realizou um coletivo na quarta-feira com o time profissional do Monte Líbano, treino que o primeiro tempo terminou de 2 a 0 para a equipe adversária. No intervalo, o técnico do Jequié Maneca Mesquita mudou o time, deixando somente o goleiro Edmilson. Os reservas entram, ajustaram o selecionado e conseguiram vencer por 3 a 2 a equipe visitante. Igualmente aconteceu no jogo disputado no domingo contra o selecionado de Cachoeira. O primeiro tempo foi desastroso e a Seleção de Jequié deixou o campo perdendo de 2 a 0, resultado que obrigou o treinador a modificar sua equipe. Colocou Marcos que era titular da equipe, mas estava no banco porque não havia concentrado no lugar de Valmir e Bajara substituiu o jogador Maneca. Conforme declaração de Tidinho foi demais da conta, de arrepiar o que aconteceu no segundo tempo. Marcos simplesmente estraçalhou com o jogo e arrasou o lateral direito chamado Pavão, jogador alto, quase um metro e noventa, que Marquinho sendo pequenininho até por debaixo das pernas dele passou. As mudanças deram certo, modificando a maneira de jogar da Seleção de Jequié, passando a dominar a seleção adversária e virando o placar para 3 a 2, gols de Dilermando, que recebeu um cruzamento de Marcos e na areia quente, sozinho conferiu e Tanajura fez o outro, que novamente o ponta esquerda deu a bola na conta para o atacante fazer e sair para o abraço. Segundo nosso entrevistado, este foi um dos jogos mais comentados pela imprensa da capital e interior, que ficou marcado na mente dos torcedores e na história do futebol amador de Jequié.

A maioria dos desportistas da nossa cidade, inclusive Charles Meira pensava que teria sido esta a última partida e nela a Seleção de Jequié teria ganho o título do Intermunicipal. Depois de várias entrevistas que fiz com componentes desta equipe, fiquei sabendo da verdade e nesta atual entrevista, Tidinho conta também para quem ainda não sabe a história correta do que realmente aconteceu durante a campanha de 1969 da nossa seleção. Segundo relato dele, para ser campeã, a equipe ainda teve que enfrentar as seleções de São Félix e Maragogipe, jogando pelo empate nas duas partidas. Nesta mesma ocasião, a equipe profissional do Jequié tinha iniciado sua participação no Campeonato Baiano de Futebol Profissional da Bahia e muitos jogadores foram profissionalizados, não podendo assim enfrentar os últimos adversários, apenas Edmilson, Caculé e Dilermando, continuaram na seleção e foram no domingo seguinte atuar em São Felix. No primeiro tempo do jogo Jequié fez 1 a 0, gol de Dilermando, momento que estava chovendo muito, campo cheio e a torcida deles gritando e animando a sua seleção. A pressão foi aumentando e numa disputa de bola, Tidinho deu uma cacetada tão grande em Simonal, que o jogador voou e passou por cima do baixo alambrado e caiu esparrado na torcida. Em outra jogada, Simonal revidou e pegou forte o tornozelo de Tidinho, que necessitou de atendimento médico para terminar a partida. O empate de São Félix, resultado final do jogo veio no segundo tempo devido à sua disposição, determinação, além da coação exercida pela torcida sobre o juiz da partida Antônio Conceição, um escuro e careca que teve a cabeça quebrada com uma sobrinha jogada em campo por um torcedor.

A última competição do campeonato, foi realizada em Maragogipe e neste jogo Tidinho entrou em campo calçando uma chuteira 42, devido seu tornozelo continuar ainda muito inchado, devido o chute recebido do jogador de São Felix na partida anterior, tornozelo que até hoje continua deformado. Com 15 minutos de competição a seleção de Jequié já ganhava de 2 a 0, gols marcados por Petrônio e Dilermando. Na continuação da partida, Maragogipe atacava muito, conseguindo depois de uma falha de Adauto fazer seu primeiro gol e com o placar de 2 a 1 a primeira etapa terminou. No segundo tempo o jogo começou equilibrado, porém aos 20 minutos, Adauto voltou a falhar e a Seleção de Maragogipe empatou, momento que a partida estava equilibrada e as duas equipes atacando sempre perigosamente.  Aos 45 minutos de jogo, o juiz marcou um pênalti contra a equipe de Jequié. Bola colocada na marca, tudo preparado e atrás do gol, o massagista Cebola da Seleção de Jequié que foi no lugar de Foca, fazendo gestos com os braços, tentando atrapalhar quem iria bater a penalidade, época que podia tudo. O Jogador de Maragogipe chutou forte no centro da trave e Edmilson caiu seguro pegando a bola. O jogo terminou de 2 a 2 e a Seleção Jequié foi campeã, atuando com Edmilson, Tidinho, Adalto, Nelito e Caculé; Bajara e Eduardo; Dete Leão, Dilermando, Petrôneo e Valmir.

A comemoração do título do Campeonato Intermunicipal aconteceu no Hotel Itajubá, com um jantar oferecido pelo Prefeito Waldomiro Borges para todos jogadores, diretoria, comissão técnica, médica e depois um jogo que acorreu na Inauguração Estádio Waldomiro Borges com o time amador do Comerciário de Vitória da Conquista, que era a base do selecionado local  e  a equipe jequieense ganhou de 3 a 0, onde as autoridades presentes entregaram as faixas e o troféu de campeã do torneio.

Zé Augusto recebendo o troféu da Seleção de Jequié de campeã do Intermunicipal de 1969. 

Jogadores  da Seleção de Jequié e autoridades recebendo as faixas de campeões do Intermunicipal de 1969.

Do Campeonato Intermunicipal disputado em 1970, contou que jogando em Itapetinga ganhou de 1 a 0, gol de Zé Luiz e no outro encontro em Jequié ganhou também de 1 a 0, gol marcado por Vadinho. Deste jogo ficou guardada na sua mente uma história interessante. Falou que o ponta esquerda da equipe adversária era moreno, magro, alto, cambota, parecia com Rivaldo, jogador da Seleção Brasileira e que num lance acontecido na partida, Tidinho distanciou um pouco do atleta e deu uma pegada que ele voou, dando um salto de trapezista, passando por cima dele e ainda atingiu saco de Barrão da nossa seleção, que jogava de lateral direito e caiu gritando. O massagista Foca entrou rápido em campo e perguntou ao atleta o que tinha ocorrido. Barrão disse que era no saco e Foca estirou a perna dele, pegou o frasco contendo éter e aplicou no local. Barrão pegando no saco saiu pulando e gritando pelo meio do campo igual um gorila e a torcida dando risada daquela cena engraçada. O massagista que era malvado falava sorrindo, que Barrão tinha pago caro as brincadeiras que fazia para atentá-lo.

 

 Seleção de Itapetinga 0 X 1  Seleção de Jequié.

Tidinho, Barrão, Céu, Bajara, Soi. Nelson e Ewerton Almeida 
Zé Luiz, Dizinho; Deinha, Elmo e Salvador.

Como quase todos jogadores amadores do futebol de Jequié, Tidinho também atuou no campo do Cururu, onde disputou vários campeonatos e em quase todos foi campeão. O primeiro título foi no Choque, equipe que nove irmãos jogavam e foi vice campeão, depois no Caxias sagrou-se campeão e em seguida no Botafogo e Katiney, que ganhou em cada dois campeonatos invictos. 

Equipe do Choque

Equipe  do Botafogo - Cururu 
   
Nelson, Vava, Tidinho, Nelito, Julival e Fio, 
Luizão, Conquista, Bocais, Deme, Raimundinho, Chiquinho e Vadinho.

Equipe do Jequiezinho - Pau-Ferro

Jogou ainda no campeonato da Manga de Elza no time de Zé Lambança e no campeonato do Pau Ferro na equipe do Jequiezinho. Nesta época, jogou também em Jaguaquara no time de Bruno um italiano, que vinha busca-lo em casa e ganhava muito dinheiro toda semana.

Tidinho encerrou a carreira com 40 anos de idade, devido problemas no joelho, quando estava jogando no sênior da AABB de Jequié.


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