sábado, 6 de março de 2021

VIVA A IMPRENSA LIVRE!

                                                    Por Carlos Éden Meira

Um velho jornalista jequieense queixava-se de que seu jornal não era prestigiado pela sociedade local, porque “não falava das calçolas de ninguém”, referindo-se desta forma “sui generis”, à inexistência de uma coluna social em seu jornal. Na sua concepção, as pessoas só valorizavam as publicações em que havia uma coluna social onde podiam ser citadas, incluindo comentários sobre suas roupas ou aparência, e também ver suas fotos impressas. Obviamente, qualquer cidadão sente-se valorizado ao ver uma matéria publicada num jornal, tecendo elogios sobre sua pessoa. E há ainda, aqueles que têm dinheiro suficiente para pagar matérias enormes, com fotos coloridas suas e dos parentes, citados como verdadeiras “celebridades”. Entretanto, as pessoas mais esclarecidas não deixam de valorizar uma boa revista ou um bom jornal, só pelo fato de não ser citadas por eles.

Nota-se, porém, que quando um órgão de imprensa se propõe a fazer críticas e denúncias, quando seus colunistas usam de ironia e humor para criticar as hipocrisias da sociedade, aqueles que direta ou indiretamente sentem-se atingidos, reagem procurando menosprezar a imagem do jornal, seus representantes ou colaboradores.

“Só sabem criticar! Falam, falam, mas não fazem nada.” É o que dizem eles, como se as criticas e denúncias da imprensa não fossem de enorme importância para o esclarecimento das pessoas, o que com certeza, incomoda aqueles que preferem ler ou ouvir falar das “calçolas” de alguém, do que das verdades que levam o leitor ou ouvinte a se indignar, tomar uma posição e reagir.

É claro que existem aqueles órgãos de imprensa, claramente comprometidos com grupos políticos, cujas matérias visam apenas enaltecer seus correligionários e atacar seus adversários. A esses, faltam a credibilidade e a seriedade necessárias, para que mereçam o respeito dos leitores ou ouvintes. São meros órgãos de propaganda política, onde a mentira e a verdade se confundem, prestando enorme desserviço àqueles que buscam informação confiável. É preciso aprender a perceber o que é um jornalismo sério, descomprometido com interesses político-partidários, para que se possa ter confiança na informação veiculada.

Em que pesem tais diferenças no compromisso com a verdade, é preciso preservar a liberdade de expressão, acima de tudo. Cabe aos leitores e ouvintes, analisar e julgar o que lhes é transmitido através da imprensa, buscando a observação individual dos fatos, discutindo entre si, para se chegar democraticamente, a uma conclusão comum. Viva e imprensa livre! Censura, nunca mais!

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