domingo, 29 de novembro de 2020

Assim me Contaram

                                                                             Charles Meira
      
Maria Letícia, Tomaz, José Barros Meira e Charles.                                        

José Barros Meira casou-se com Maria Letícia da Silva Meira já maduro, com idade acima dos trinta anos e com experiência suficiente para terem um lar sólido.

José era um comerciante bem sucedido na região, um homem sério, trabalhador, direito e inteligente. Maria foi criada na esperança de encontrar um bom casamente, orientada pela mãe, de maneira que aprendesse os dotes de uma excelente doméstica do lar, como se diz popularmente, boa de forno e fogão. Depois de um ano de preparo a filha estava no ponto para o matrimônio.

O casal sempre que confabulava tinha o desejo de ter filhos. Poderia ser três ou no mínimo dois. Com o passa do tempo Maria ficou grávida e com isso a alegria deles era muito grande. Só pensavam no dia da chegada da criança. O enxoval era muito bonito, tudo feito na expectativa de qual seria o sexo. José preferia um homem e teria o seu nome. As várias peças feitas eram trabalhos artesanais, presenteados por parentes e amigos mais próximos. 

Naquela época os partos eram feitos nos próprios lares por parteiras, pessoas que tinham adotado a profissão por amor. Durante toda a noite Maria sentiu dores, não deixando José dormir. Bem cedo as contrações foram aumentando e tiveram de mandar chamar com urgência dona Dorinha, a parteira da família. Ela chegou ofegante devido à pressa no trajeto, sua casa era um pouco distante da casa do amigo, quase parente. O diagnóstico foi alarme falso e ainda demoraria a hora de ela apanhar o neném. Depois de esperar bastante, dona Dorinha resolveu agilizar o parto, pois o menino estava demorando de vir à luz. O menino nasceu com muito sacrifício e métodos diversos foram utilizados para ajudar no parto. A tristeza tomou parte de todos naquele local, quando souberam que a criança estava morta. Muito choro dos familiares e dos pais que com tanta ansiedade esperavam o primeiro herdeiro. As causas da morte não souberam por certo, mas acreditaram que foi pela demora de o menino ser retirado da barriga da mãe, ou ter sido estrangulado pelo cordão umbilical.

Passados um ano Maria tolinou a engravidar. Dessa vez tudo ocorreu normalmente, nascendo um belo menino. O parto foi feito por Dr. Mariotti, na Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Charles foi o nome escolhido pelo pai. O Sr. José mostrou desejo que no futuro o menino estudasse para médico. Um ano e oito meses depois nasceu Tomaz, mais um menino para alegrar aquela família. Tinha olhos verdes e cabelos claros. O nome dado e a profissão de engenheiro foi escolha do papai.

Os meninos foram crescendo e quando Charles completou dois anos e seis meses o pai veio a falecer. Dona Maria sofreu bastante com a perda do esposo, mas conseguiu forças para os dias de dor e dificuldades. Dai por diante dedicou todo o seu amor à criação dos seus filhos. Mesmo enfrentando os reveses da vida, Maria conseguia criar seus filhos com bastante dignidade.

Desde pequenos Charles e Tomaz eram tratados de maneira que despertavam a atenção de todos os amigos e parentes. As roupas compridas tinham um detalhe notado por todos: sempre eram iguais, como nos gêmeos, Nas festas escolares, nas viagens que faziam para Maracás e Salvador, eram sempre admirados pelos trajes bonitos que vestiam. Charles e Tomaz eram escolhidos pelas tias para namorarem suas filhas que tinham a mesma idade deles. Charles, o mais esperto nesse sentido, paquerava Sônia, mas tudo sem maldade era uma brincadeira de criança, tudo arrumado entre parentes. As mentes deles eram sadias e puras. Essas atitudes são difíceis de acontecer nos nossos dias, onde as crianças já com pouca idade tem a mente poluída de desejos maléficos.

Ficaram somente saudades.

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