Vitória da Conquista/BA – A Polícia Federal deflagra na manhã desta
terça-feira, 27/03, a Operação LANZAROTE, que visa à repressão de fraudes
relacionadas com a gestão do Projeto Glaucoma em diversos municípios da
microrregião de Guanambi, no sudoeste baiano. O nome da Operação é uma
referência à ilha aonde viveu o famoso escritor português JOSÉ DE SOUSA
SARAMAGO, autor do premiado livro “Ensaio sobre a Cegueira” – o glaucoma é a
terceira maior causa de cegueira no Brasil. O Projeto Glaucoma é um programa instituído
pelo Governo Federal e que consiste no cadastramento e contratação de
instituições de saúde para o tratamento oftalmológico de pacientes com
glaucoma, com o atendimento clínico e o fornecimento contínuo de medicação
(colírios). Tal projeto é financiado pelo FAEC – Fundo de Ações Estratégicas e
Compensação, do Ministério da Saúde. Após a instauração de Inquérito Policial,
restou verificado que o IOBA – Instituto Oftalmológico da Bahia, clínica
responsável pela implementação do Projeto Glaucoma em Guanambi, realizava
mutirões de grandes dimensões em diferentes locais improvisados, como salões
paroquiais, câmaras de vereadores, clubes, centros comunitários, ginásios e
teatros, o que ensejou que a clínica investigada recebesse repasses do
Ministério da Saúde em quantidade superior à sua capacidade física instalada
para atendimentos. Foi constatado que o sócio-administrador do IOBA também
exigia de seus subordinados (médicos, enfermeiras e técnicos) que
multiplicassem a quantidade de pacientes atendidos no Projeto e que fossem
ministrados aos pacientes os colírios da linha 3, em lugar dos colírios das
linhas 1 e 2, que são mais baratos. De acordo com a regulamentação do Projeto
Glaucoma, o SUS realiza o pagamento (repasse) à Clínica gestora do Projeto do valor
dos colírios, sendo que os da linha 3 (prostaglandinas) custam cerca de seis
vezes mais que os da linha 1 e 70% (setenta por cento) a mais que os da linha
2. Além disso, em virtude dos atendimentos em regime de mutirão, verificou-se a
ocorrência de inúmeros casos de falsos diagnósticos de glaucoma, inclusive com
a prescrição e utilização de colírios por pacientes, sem necessidade, por
períodos de até dois anos. De acordo com o Ministério da Saúde, no período de
2013 até maio de 2017, o IOBA recebeu a quantia total de R$ 9.418.632,99 (nove
milhões, quatrocentos e dezoito mil, seiscentos e trinta e dois reais e noventa
e nove centavos), relativamente a atendimentos a pacientes em 31 (trinta e um)
municípios baianos, a maioria da microrregião de Guanambi. Após a reunião das
provas colhidas ao longo de mais de um ano de investigação, foram expedidos
cinco mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva, em
desfavor do sócio-administrador do IOBA, que estão sendo cumpridos nas cidades
de Guanambi e Brumado, na Bahia, e em Aracaju e Itabaiana, em Sergipe. Os
responsáveis pelas condutas delitivas investigadas serão indiciados pela
prática dos crimes previstos nos arts. 129, 278 e 312 do Código Penal. (Junior Mascote)
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