Por José Américo*

Durante dois dias seguidos o jornalista Fernando Gabeira esteve na região sul da Bahia colhendo informações e imagens para uma reportagem que será veiculada no próximo dia 21(domingo), às 18:30 horas, em seu programa no canal por assinatura GloboNews.
Tive a oportunidade de entrevistá-lo na Fazenda Santa Maria do Jenipapo, de Edvaldo Bruni, no município de Ibirapitanga.
Falamos de jornalismo, política, literatura, ecologia e outros assuntos, mas, neste texto, priorizei o motivo da sua visita à região e os assuntos que estarão na pauta do programa.
Aspectos ambientais, econômicos e sociais serão abordados na matéria de Gabeira cujo principal foco é a prolongada crise da cacauicultura regional , suas causas, consequências e possibilidades de soerguimento.
Muitas fontes foram consultadas por ele. Uma das principais foi o documentário cinematográfico “O Nó”, dirigido pelo ipiaúense Dilson Araújo que defende a tese de que a doença conhecida como “vassoura-de-bruxa”( Moniliophtera perniciosa) foi criminosamente disseminada na região. Um ato deliberado de terrorismo biológico.
Cenas de “O Nó” e provavelmente uma entrevista com Dilson serão mostradas no programa.
A questão do desmatamento das “cabrucas”, substituindo-as por pastagens de gado bovino, o desaparecimento de nascentes, indícios de desertificação em algumas áreas da zona cacaueira, o desemprego, o êxodo rural, a crescente criminalidade nos centros urbanos, foram outros aspectos que chamaram a atenção do celebre jornalista.
A introdução da doença vassoura-de-bruxa na zona cacaueira da Bahia aconteceu no final da década de 1980, desencadeando uma ação devastadora que foi acentuada por quedas do preço do cacau no mercado internacional e estiagens prolongadas como a verificada no ano de 2016.
Ao entrevistar o engenheiro agrônomo José Roberto Benjamim, Fernando Gabeira tomou conhecimento do malogro da orientação governamental no combate à doença, fato que potencializou a crise.
O olhar de Gabeira não viu só desastres. Também se voltou para a exuberância da Mata Atlântica e do cacau-cabruca, sua biodiversidade, os projetos preservacionistas e ações regeneradoras.
Ele constatou que homens de boa vontade como Edmond Ganem, Edvaldo Bruni, Victor Becker, dentre outros, que se dedicam à preservação da biodiversidade e ao reflorestamento, reacendem a esperança de melhores dias na região.
Em Ilhéus, Gabeira conheceu uma plantação de cacau consorciada com pau-brasil e no município de Camacan ficou encantado com a reserva Serra Bonita, “uma pioneira e inovadora iniciativa privada de conservação de florestas no sul da Bahia”.
Trata-se de um condomínio que se estende por 2.500 hectares contendo varias RPPNs (Reservas Particular do Patrimônio Natural). A experiência tem recebido prêmios internacionais.
Outros detalhes observados por Fernando Gabeira e registrados pelo cinegrafista Mauricio de Souza serão mostrados no primeiro programa que a dupla gravou neste ano de 2018.
Com essa reportagem o Brasil conhecerá os impactos do terrorismo biológico do cacau e a tentativa de soerguimento de uma das regiões de maior riqueza, biodiversidade e beleza do planeta.
“A região sofreu. Tenho a impressão de que ainda não se recuperou dos impactos que lhe trouxeram dificuldades, mas ela tem potencial de superar tudo isso”, concluiu Gabeira. *José Américo Castro é jornalista, poeta e escritor (Revista Bahia em Foco)