Artiludo, o poeta e artesão que faz a arte com estilo e consciência de classe. Foto: Facebook |
Jequié é uma cidade radiante por seu sol e por sua gente, que faz da vida uma arte de viver. Mas também tem muitos artistas, como Florisvaldo F. Fernandes (ARTILUDO), um poeta popular e artesão que não cansa de usar os versos para mostrar as belezas e agruras da terra onde mora. Natural de Jaguaquara e jequieense por vivência, como ele mesmo informa, o poeta completou 67 anos de idade, muitos dos quais engajados nas atividades artísticas e nas tarefas por uma sociedade melhor para todos. Artitiludo, além de produzir com freqüência suas obras de artesanato, também faz escola, como nas oficinas que ministrou no SESC em 2016. Com sua poesia de cordel, Artiludo mostra que a arte literária, qualquer que seja o gênero, segue uma estética, um estilo, uma linguagem, mas o artista precisa ter compromisso com a vida do povo e expressar o mundo dos oprimidos, injustiçados, além de lutar por sua categoria. Por isso, Artiludo idealizou a O.P.A.JE (Organização Profissional dos Artesãos de Jequié) e é integrante de organização nacional dos poetas de Literatura de Cordel. Em sua produção, Artiludo mostra que o produtor de arte precisa possuir sensibilidade e sentimento de classe, de classe trabalhadora, ser povo que canta sua cidade, mas que tem pouco a comemorar a cada aniversário do município, devido às carências e o pouco compromisso dos governantes com as palavras ditas. Como tem compromisso com a palavra e com seu tempo, Artiludo escreve a cada ano uma poesia de cordel sobre o Aniversário de Jequié. No 25 de outubro de 2017, ele produziu mais um texto com o título “Jequié 120 anos – Comemorar... Mas comemorar o quê? (Cordel de A a Z)”. Deste último trabalho, leia três estrofes abaixo: (Gicult)
(E)
Estudantes indisciplinados
E muitos fora da escola;
E os educadores ganhando
Um salário de esmola;
E na aula aquele terror...
E eu pergunto ao professor,
A Pedagogia e a Didática:
Comemorar o que na prática?
(J)
Jequié, meu Jequiezinho
Mandacaru, Joaquim Romão,
Cidade Nova, Pau Ferro;
E na periferia, irmão ,
Quase cada dia morre um jovem –
Droga, tráfico, faca, revolver.
Eu pergunto à segurança:
O que será de nossas crianças?
(Q)
Quero registrar aqui,
Parabenizando a prefeitura,
Pelo apoio que vem dando
Aos artistas e à cultura...
Mas escutem o que digo:
Promova mais o artista vivo;
Não espere ele morrer não.
Pra lhe dar a justa promoção!
Artiludo comemora trabalho artesanal produzidos pelos alunos na oficina que ministrou. Foto: divulgação |
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