sexta-feira, 21 de julho de 2017

Poeta em Férias


                                                    Moga Neto

Pensei que os poetas quando em férias, seriam apenas homens descansando seus corpos doloridos. Pensei que se desconectassem os botões da poesia, e desligassem o literata, ficando apenas o animal, o racional!
Mas para surpresa minha, ainda sinto os mesmos chamamentos. Ainda arde o peito e me umedecem os olhos, ainda sinto as mesmas sensações. Nossas praias e nossos campos, nosso povaréu ainda me comovem. Ainda sinto o belo na brisa que acaricia ou no azul silêncio dos sóis poentes das nossas paisagens.
Tentei anular minha individualidade e me massificar para confundir o poeta que há em mim: não consegui! Descobri pasmado que minh’alma é una, sou poeta e homem, sou dualidade, não subsistindo um sem outro, sou homogêneo! Para felicidade minha, caminharemos para o infinito algemados lado a lado, homem e poeta, transporei a vida e galgarei os céus, homem poeta, deixando atrás meus versos e estros, paralelos e iguais.

* Texto publicado no jornal de utilidades - A TARDE - Sábado, 10 de abril de 1976.

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