sábado, 29 de julho de 2017

Poema do Amanhecer


                                                                        Moga Neto

Recordo aquela noite, não se apaga.                         
Tenho lembranças dos anos vividos ...
Teu nome nem me lembro, distraidamente,
quando o cansaço dominou a todos, Tu e Eu,
Únicos viventes de uma turba emudecida,  e o hi-fi
parados,  olhando-nos calados, incompreensível
súbito nos atraimos tão juntos, sentia, podes crer
tua respiração sufocando a minha, e  tuas mãos
dengosamente em meus cabelos, e a música
envolveu e cobriu também o nosso primeiro beijo,
o frenesi incontrolado e a madrugada virgilante proibiu-nos,

de arquitetar sonhos futuros, e o romper da aurora,
surpreendeu-nos enlaçados, o sol intrometeu-se
ofuscando e matando as doçuras da noite que morria ...
lembra-te quando fores beijada na madrugada!
Que deixaste antes marcas indeléveis
por um momento nos pertencemos, fostes minha
escrevo estas linhas ouvindo aquela música
sinto na distância e na saudade,
querer beijar-te novamente.

* Texto publicado no jornal A Tarde – sábado 12 de julho de 1975.


Nenhum comentário:

Postar um comentário