Moga Neto
Recordo aquela noite, não se apaga.
Tenho
lembranças dos anos vividos ...
Teu
nome nem me lembro, distraidamente,
quando
o cansaço dominou a todos, Tu e Eu,
Únicos
viventes de uma turba emudecida, e o
hi-fi
parados,
olhando-nos calados, incompreensível
súbito
nos atraimos tão juntos, sentia, podes crer
tua
respiração sufocando a minha, e tuas
mãos
dengosamente
em meus cabelos, e a música
envolveu
e cobriu também o nosso primeiro beijo,
o
frenesi incontrolado e a madrugada virgilante proibiu-nos,
de
arquitetar sonhos futuros, e o romper da aurora,
surpreendeu-nos
enlaçados, o sol intrometeu-se
ofuscando
e matando as doçuras da noite que morria ...
lembra-te
quando fores beijada na madrugada!
Que
deixaste antes marcas indeléveis
por
um momento nos pertencemos, fostes minha
escrevo
estas linhas ouvindo aquela música
sinto
na distância e na saudade,
querer
beijar-te novamente.
*
Texto publicado no jornal A Tarde – sábado 12 de julho de 1975.
Nenhum comentário:
Postar um comentário