JAILSON FARIAS
O
Jequié veio para o returno do campeonato bem diferente. Não era mais aquele
time que havia conseguido o segundo lugar no primeiro turno, nem aquele time
que levava o torcedor ao campo. Voltava sem esquema, sem força de vontade, sem
o espírito amadorista. Acontece que o Jequié amadureceu cedo demais não passou
pela fase de transição a fim de chegar ao profissionalismo com o mesmo espírito
dos primeiros tempos. O título de campeão? Nunca eles esperavam tal coisa.
Vamos voltar ao começo de tudo. Clube novo, gente nova
trabalhando, novos jogadores. Exceção de Chinezinho. Destacava de todos os
demais, por ser um jogador experiente, conhecedor das manhas do futebol.
Chinezinho era tão necessário ao time como o professor numa classe. Digo por
quê: a seleção de Jequié que venceu o intermunicipal foi à base do time que
entrou no campeonato baiano. Os jogadores entendiam futebol da maneira mais
infantil, aquela que a gente corre o campo inteiro e pula mais alto quando faz
o gol.
No campeonato era preciso saber várias outras coisas que
pular simplesmente por um gol, era preciso saber conversar o juiz, jogar a bola
para bem longe na hora certa, correr em certos setores sem atrapalhar os
demais, enfim era preciso ter estrutura. Fora do campo (depois de muita
discussão com o Fluminense) conseguiram um bom orientador – Geraldo Pereira.
Dentro de campo um nome só: Chinezinho. Ele (até hoje) fazia de tudo:
catimbava, orientava, reclamava com todos, se dirigia ao juiz, fazia tudo.
Começou o campeonato e as camisas amarelas e azuis
entravam em campo. Jogos e vitórias vibra a torcida, espanto do torcedor da
capital nunca chegou a acreditar no Jequié. Mas o Jequié era líder do turno, às
vezes junto dos maiores clubes do estado. Porque não se conservou nesta
posição? Geraldo Pereira, homem pobre humilde boa pessoa. Técnico de um clube
pela primeira vez: - Sempre tive vontade de ter um time só para mim. No
Fluminense eu ajudava Seu Miráglia, mas não me satisfazia. - Queria ser eu por
mim mesmo. Geraldo pensava isto desde muito tempo, desde quando a idade chegou
e “não deu para eu correr atrás da bola, vestindo a camisa do Fluminense”.
Geraldo não queria a fama do Fluminense, nem a de Miráglia. Queria ser técnico
de futebol.
- Joguei muito na mocidade, Passei por clubes grandes,
bons treinadores, que me ensinaram muita coisa. Daí pensei “Geraldo, porque
você não vai ser técnico”? Foi uma luta, mas consegui um lugar.
O preparo físico do Jequié é dado pelo próprio técnico. O
preparo técnico também fica a cargo de Geraldo. Então? Por que o Jequié não conservou
seu bom futebol?
- Sabe, acho que faltou experiência aos meninos,
Entusiasmo demais atrapalha. Tomaram um caminho errado, começaram a pensar que
somente eles existiam jogando e daí, ninguém segurou mais.
Você tem razão, Geraldo.
O torcedor – principalmente o do Bahia – ainda se
lembrava do jogo Bahia x Jequié no Valdomiro Borges. Um 2 x 1 merecido,
reconhecido por toda a imprensa. Nunca a cidade de Jequié pulou tanto, nem
mesmo no dia em que o prefeito entregou o estádio municipal. Pois bem, depois
desta partida começava a queda de um bom time.
Ainda me lembro como se fosse hoje. Logo depois do Bahia
o Jequié vai jogar com o Ilhéus, ainda no Valdomiro Borges. Fui a esse jogo
confesso, acreditando tranquilamente numa nova vitória do Jequié. Começa a
partida, Ilhéus um time perdido no campo, pelo convencimento de seus jogadores.
Resultado, 0X0. Foi aí que entendi o problema do Jequié e duas coisas me ajudaram
o raciocínio: - uma manchete da TRIBUNA e uma reportagem na revista Placar,
escrita por Carlos Libório. Dizíamos-nos: ”Jequié, um líder e tanto”. Se você
entrar na concentração do Jequié na Rua Mota Coelho, repare na parede existe um
quadro com a página deste nosso caderno esportivo ressaltando os diretores:
“Jequié, um líder e tanto”. “Libório escrevia sobre um novo time do interior”,
que estava com jeito de campeão.
Passa o jogo do Ilhéus, o empate foi considerado normal.
Próximo domingo a vez do Conquista. Tornei a viajar para Jequié, tava
acreditando.
A esta altura já havia reconhecido o convencimento dos
jogadores e a vitória do Conquista, 1 x0 não me surpreendeu.
Daí por diante fim do Jequié. Veio a Salvador e empatou com o Ipiranga.
Depois venceu o Galícia – Poder Azul X Aurélio Viana – foi o principal fator da
derrota. O segundo turno todos vocês já conhecem. Nunca o Jequié lembrou o bom
time. - nunca mais Tanajura fez gols, Edmilson foi barrado pelo reserva
Besouro. Até a imagem do time ficou destruída – perdeu para o Botafogo
“lanterninha” do campeonato jogando dentro do seu próprio estádio.
Um homem nesta história
sempre soube da verdade: Geraldo Pereira – Não falava, mas sabia o que estava
acontecendo. Tentou por todos os meios esconder a verdade, modificando o time,
tirando jogadores, armando novos esquemas táticos dentro das suas
possibilidades.
Somente dias atrás é que a diretoria do clube resolveu apoiar o treinador
em todos os seus atos – fossem quais fossem as conseqüências. Saiu Marco,
Edmilson virou reserva. Dilermando já entra no meio do jogo, porque não treina
durante a semana. Acabaram-se os cartazes do futebol. Uma tentativa para
levantar o Jequié, só tirá-lo do seu convencimento absurdo e prejudicial.
Depois que publiquei esta matéria, recebi de Dilermando um depoimento opinando sobre o fracasso do Jequié no ano de 1970.
"A culpa toda do fracasso da ADJ em 70 foi de Ewerton Almeida, que apoiou o louco do Geraldo Pereira, prejudicando o clube ao jogar na sarjeta, eu, Tanajura, Marcos e Edmilson, que éramos o patrimônio do clube. Até hoje não posso entender a razão que levou Ton a tomar tal atitude, ainda mais que parecia nosso amigo. Favor saber dele o motivo! Isso não posso esquecer. Veja bem que eu treinava menos, mas fazia muito mais que os protegidos de Geraldo Pereira, trazido de Feira de Santana". (Depoimento feito por Dilermando em 18/05/2107 através do Facebook).
Depois que publiquei esta matéria, recebi de Dilermando um depoimento opinando sobre o fracasso do Jequié no ano de 1970.
"A culpa toda do fracasso da ADJ em 70 foi de Ewerton Almeida, que apoiou o louco do Geraldo Pereira, prejudicando o clube ao jogar na sarjeta, eu, Tanajura, Marcos e Edmilson, que éramos o patrimônio do clube. Até hoje não posso entender a razão que levou Ton a tomar tal atitude, ainda mais que parecia nosso amigo. Favor saber dele o motivo! Isso não posso esquecer. Veja bem que eu treinava menos, mas fazia muito mais que os protegidos de Geraldo Pereira, trazido de Feira de Santana". (Depoimento feito por Dilermando em 18/05/2107 através do Facebook).
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