quarta-feira, 22 de março de 2017

O sonho que tornou realidade.

                                              Charles Meira


José Fernandes (Zé Biu), presidente da ADJ em 1994.

Em busca de dados para enriquecer a história da Associação Desportiva Jequié, entrevistamos José Fernandes (Zé Biu) seu presidente no ano de 1994, no dia 08/03 na sua empresa.
Conversando de maneira bastante descontraída, o entrevistado iniciou falando que desde a idade de mais ou menos 10 anos era apaixonado pela ADJ. Nesta época, não tinha dinheiro para pagar o ingresso para assistir os jogos do seu time do coração. No dia das partidas que aconteceram na década 70, ficava no portão principal do estádio, aguardando um conhecido para colocá-lo, casadinha na ocasião permitida pelos dirigentes do Jequié.
Sempre acompanhando a trajetória do seu time, José Fernandes cresceu, tornou-se um comerciante bem conceituado na cidade e no ano de 1994 surgiu à oportunidade de concretizar o seu sonho de ser presidente a ADJ. Amigos relacionados ao futebol o convidaram para dirigir a agremiação. Analisou a proposta e resolveu aceitar o desafio.          
Cheio de boas idéias e muita vontade de acertar assumiu os destinos da ADJ. A Diretoria era formada por José Fernandes (presidente), Reginaldo Barros (vice-presidente), Edson (Tesoureiro), Paulo Bolão (diretor de compras), Nelson (segundo tesoureiro), e Zebrão (diretor de futebol).
Diferente de outros presidentes, Zé Biu contou que na nossa época teve dinheiro, não faltou dinheiro. O Prefeito Lomanto Junior mandou e foi aprovado um projeto pela Câmara Municipal, firmando um convenio para ajudar o time com a quantia de 40 mil, na época muita grana.
Igualmente a maioria dos presidentes Zé Biu teve desafios. O primeiro foi convencer Lomanto Junior, o prefeito na ocasião, iluminar o estádio Waldomiro Borges. Devido este problema, os jogos do Jequié estavam sendo realizados nas quartas-feiras ás 15h, horário que impedia de muitas pessoas frequentarem o estádio, pois estavam trabalhando ou estudando. 

Reginaldo Barros, José Fernandes (Zé Biu) e Zebrão.
Mesmo com esta dificuldade fizemos um trabalho muito bom, e o time da ADJ ficou entre os líderes naquele campeonato. Disputou aqui numa quarta-feira á tarde à semifinal com o Camaçari, pois o estádio ainda não estava iluminado. Naquele dia o comercio fechou todo, nunca vi acontecer um fato desta maneira por causa de uma partida de futebol. Foi tão inusitado o fato que a cidade foi manchete no Jornal Bahia Meio- Dia e no Jornal Nacional, notícia constantemente nos jornais principais da Capital e quase no final da competição, o Globo Esporte encerrou o programa com imagens e comentários positivos sobre o time sensação do Baianão, que lotava o estádio Waldomiro Borges em todas as partidas. Perdemos de 1x0 para o Camaçari, fato que Zé Biu não gosta de comentar, pois naquele dia fiquou muito chateado com o futebol. O time jogou muito bem, porém fomos roubados. O Juiz escalado pela federação foi Paulo Jackson, árbitro que inverteu um lateral e depois marcou um pênalti contra a ADJ, infração que ocorreu fora da grande área. Este fato aconteceu a mais 20 anos, mas continua gravado na sua mente. Neste dia o juiz teve que sair escoltado pela Policia Militar quase meia-noite, porque a torcida queria pegá-lo. No jogo seguinte contra o Vitória o time perdeu aqui por 3x2, jogo que o Jequié atuou totalmente desmotivado.
Depois destes jogos, Lomanto sensível ao pedido de Zé Biu e convencido desta necessidade, conseguiu recursos e iluminou o estádio, que foi Inaugurada em 25/05/1994 com um jogo amistoso entre o time da ADJ 0 X 1 Cruzeiro de Minas Gerais, gol marcado por Paulo Roberto. A equipe do Cruzeiro na oportunidade foi dirigida pelo técnico Enio Andrade, o goleiro era Dida, que depois foi convocado para a Seleção Brasileira e outros grandes jogadores de destaque no futebol brasileiro. Mesmo sem Ronaldinho Fenômeno, que não veio porque estava sendo negociado, o Cruzeiro era um time muito forte.  O estádio nunca recebeu um público tão grande, foi um momento impar para Jequié. Após o encerramento do jogo o técnico Enio Andrade elogiou bastante o time da ADJ, equipe treinada por Nivaldo Santana e sua comissão formada por Cerezo (auxiliar técnico), Carlos Alberto Tucha (preparador físico), Santana (massagista) Gilson Fonseca (Médico) e pelos jogadores: Tim Maia, Luiz Alberto, Ednaldo, Marcinho, Alex, Jadilson, Paulo Henrique, Ado, Wilson, Nei Carioca, Glaedson, Nei Baiano, Tição, Paulo Henrique e Idalmir, dizendo que o time era muito bom, precisa apenas melhorar o condicionamento físico, porém mesmo observando esta deficiência, o time do Jequié havia dado muito trabalho ao Cruzeiro. Zé Biu falou que mesmo perdendo o jogo na época, considerou aquele momento festivo uma vitória dos desportistas, da equipe do Jequié e da diretoria que recebeu a doação de toda a renda arrecadada no jogo.
Em pé: Radialista, Cerezo (Auxiliar Técnico), Tim Maia, Luiz Alberto, Ednaldo, Marcinho, Alex, Jadilson, Paulo Henrique, Guina (Roupeiro) e Ado. Agachados: Wilson, Nei Carioca, Glaedson, Nei Baiano, Tição, Paulo Henrique e Idalmir, Osvaldo Batista Radialista), Reginaldo Barros, Zé Biu e Zebrão.

         Segundo José Fernandes, a campanha realizada no ano de 1994 foi um momento muito importante da ADJ, pois recuperou novamente a alta estima dos torcedores que voltaram a encher o estádio Waldomiro Borges e vibrar em todos os jogos, inclusive os realizados em outras cidades.
Como nem tudo são flores nos diversos seguimentos da nossa vida aconteceu na época um fato que contribuiu para desestabilizar o bom trabalho que estava sendo realizado pela equipe. Devido o destaque de Nivaldo Santana técnico do time na competição, o profissional recebeu uma proposta de um time do Espírito Santo e deixou o Jequié. Foi difícil para a diretoria aceitar a decisão dele, pois o time estava invicto a 13 jogos e bem colocado no campeonato.  
A diretoria rapidamente contratou Roberto Basílio dos Santos, técnico conhecido no meio esportivo da Bahia, pelo apelido de “Merrinho”. Depois desta e outras mudança que ocorreram no comando técnico do time cooperaram para um declínio da equipe, porém quando Zé Biu terminou o seu mandato deixou o time na primeira divisão do Campeonato Baiano de Futebol da Bahia.
Zé Biu disse em seguida que está muito otimista com essa diretoria, inclusive já conversou com Juarez Almeida (Bolinha), pois faz parte do quadro de associados do time, é conselheiro e vai claro, ajudar o time dentro da sua modesta condição financeira, pois é Jequié de coração e espera que o time possa retornar a elite do futebol da Bahia. Quanto ao horário que vai acontecer os jogos achou importante, pois tem jogos acontecendo neste horário no Brasil e os estádios ficam cheios e com audiência na televisão. Brasileiro é bom de adaptar, acrescentou.
Com um semblante de seriedade, diferente do restante da entrevista, falou que tem três times do coração: o primeiro a ADJ, o segundo o Bahia e depois o Fluminense do Rio de Janeiro. Que se a ADJ jogar com eles, torce pela ADJ.
José Fernandes no encerramento da entrevista falou que na ocasião que presidiu a ADJ existiram momentos felizes e outros de muitas dificuldades, entretanto todos serviram muito para marcar e edificar a sua vida

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