Charles Meira
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José Fernandes (Zé Biu), presidente da ADJ em 1994. |
Em busca de dados para enriquecer a história da Associação
Desportiva Jequié, entrevistamos José Fernandes (Zé Biu) seu presidente no ano
de 1994, no dia 08/03 na sua empresa.
Conversando de maneira bastante descontraída, o entrevistado
iniciou falando que desde a idade de mais ou menos 10 anos era apaixonado pela
ADJ. Nesta época, não tinha dinheiro para pagar o ingresso para assistir os
jogos do seu time do coração. No dia das partidas que aconteceram na década 70,
ficava no portão principal do estádio, aguardando um conhecido para colocá-lo,
casadinha na ocasião permitida pelos dirigentes do Jequié.
Sempre acompanhando a trajetória do seu time, José Fernandes
cresceu, tornou-se um comerciante bem conceituado na cidade e no ano de 1994
surgiu à oportunidade de concretizar o seu sonho de ser presidente a ADJ.
Amigos relacionados ao futebol o convidaram para dirigir a agremiação. Analisou
a proposta e resolveu aceitar o desafio.
Cheio de boas idéias e muita vontade de acertar assumiu os
destinos da ADJ. A Diretoria era formada por José Fernandes (presidente),
Reginaldo Barros (vice-presidente), Edson (Tesoureiro), Paulo Bolão (diretor de
compras), Nelson (segundo tesoureiro), e Zebrão (diretor de futebol).
Diferente de outros presidentes, Zé Biu contou que na nossa época
teve dinheiro, não faltou dinheiro. O Prefeito Lomanto Junior mandou e foi
aprovado um projeto pela Câmara Municipal, firmando um convenio para ajudar o time
com a quantia de 40 mil, na época muita grana.
Igualmente a
maioria dos presidentes Zé Biu teve desafios. O primeiro foi convencer Lomanto
Junior, o prefeito na ocasião, iluminar o estádio Waldomiro Borges. Devido este
problema, os jogos do Jequié estavam sendo realizados nas quartas-feiras ás
15h, horário que impedia de muitas pessoas frequentarem o estádio, pois estavam
trabalhando ou estudando.
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Reginaldo Barros, José Fernandes (Zé
Biu) e Zebrão.
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Mesmo com esta dificuldade fizemos um trabalho muito bom, e o time
da ADJ ficou entre os líderes naquele campeonato. Disputou aqui numa
quarta-feira á tarde à semifinal com o Camaçari, pois o estádio ainda não
estava iluminado. Naquele dia o comercio fechou todo, nunca vi acontecer um
fato desta maneira por causa de uma partida de futebol. Foi tão inusitado o fato
que a cidade foi manchete no Jornal Bahia Meio- Dia e no Jornal Nacional,
notícia constantemente nos
jornais principais da Capital e quase no final da competição, o Globo Esporte
encerrou o programa com imagens e comentários positivos sobre o time sensação
do Baianão, que lotava o estádio Waldomiro Borges em todas as partidas. Perdemos de 1x0 para o Camaçari, fato
que Zé Biu não gosta de comentar, pois naquele dia fiquou muito chateado com o
futebol. O time jogou muito bem, porém fomos roubados. O Juiz escalado pela
federação foi Paulo Jackson, árbitro que inverteu um lateral e depois marcou um
pênalti contra a ADJ, infração que ocorreu fora da grande área. Este fato
aconteceu a mais 20 anos, mas continua gravado na sua mente. Neste dia o juiz
teve que sair escoltado pela Policia Militar quase meia-noite, porque a torcida
queria pegá-lo. No jogo seguinte contra o Vitória o time perdeu aqui por 3x2,
jogo que o Jequié atuou totalmente desmotivado.
Depois destes jogos, Lomanto sensível ao pedido de Zé Biu e
convencido desta necessidade, conseguiu recursos e iluminou o estádio, que foi
Inaugurada em 25/05/1994 com um jogo amistoso entre o time da ADJ 0 X 1
Cruzeiro de Minas Gerais, gol marcado por Paulo Roberto. A equipe do Cruzeiro
na oportunidade foi dirigida pelo técnico Enio Andrade, o goleiro era Dida, que
depois foi convocado para a Seleção Brasileira e outros grandes jogadores de
destaque no futebol brasileiro. Mesmo sem Ronaldinho Fenômeno, que não veio
porque estava sendo negociado, o Cruzeiro era um time muito forte. O
estádio nunca recebeu um público tão grande, foi um momento impar para Jequié.
Após o encerramento do jogo o técnico Enio Andrade elogiou bastante o time da
ADJ, equipe treinada por Nivaldo Santana e sua comissão formada por Cerezo (auxiliar
técnico), Carlos Alberto Tucha (preparador físico), Santana (massagista) Gilson
Fonseca (Médico) e pelos jogadores: Tim Maia, Luiz Alberto, Ednaldo, Marcinho,
Alex, Jadilson, Paulo Henrique, Ado, Wilson, Nei Carioca, Glaedson, Nei Baiano,
Tição, Paulo Henrique e Idalmir, dizendo que o time era muito bom, precisa
apenas melhorar o condicionamento físico, porém mesmo observando esta
deficiência, o time do Jequié havia dado muito trabalho ao Cruzeiro. Zé Biu
falou que mesmo perdendo o jogo na época, considerou aquele momento festivo uma
vitória dos desportistas, da equipe do Jequié e da diretoria que recebeu a
doação de toda a renda arrecadada no jogo.
Segundo José Fernandes, a campanha realizada no ano de 1994 foi um momento muito importante da ADJ, pois recuperou novamente a alta estima dos torcedores que voltaram a encher o estádio Waldomiro Borges e vibrar em todos os jogos, inclusive os realizados em outras cidades.
Como nem
tudo são flores nos diversos seguimentos da nossa vida aconteceu na época um
fato que contribuiu para desestabilizar o bom trabalho que estava sendo
realizado pela equipe. Devido o destaque de Nivaldo Santana técnico do time na
competição, o profissional recebeu uma proposta de um time do Espírito Santo e
deixou o Jequié. Foi difícil para a diretoria aceitar a decisão dele, pois o
time estava invicto a 13 jogos e bem colocado no campeonato.
A diretoria rapidamente
contratou Roberto Basílio dos Santos, técnico conhecido no
meio esportivo da Bahia, pelo apelido de “Merrinho”. Depois desta e outras
mudança que ocorreram no comando técnico do time cooperaram para um declínio da
equipe, porém quando Zé Biu terminou o seu mandato deixou o time na primeira
divisão do Campeonato Baiano de Futebol da Bahia.
Zé Biu disse
em seguida que está muito otimista com essa diretoria, inclusive já conversou
com Juarez Almeida (Bolinha), pois faz parte do quadro de associados do time, é
conselheiro e vai claro, ajudar o time dentro da sua modesta condição
financeira, pois é Jequié de coração e espera que o time possa retornar a elite
do futebol da Bahia. Quanto ao horário que vai acontecer os jogos achou
importante, pois tem jogos acontecendo neste horário no Brasil e os estádios
ficam cheios e com audiência na televisão. Brasileiro é bom de adaptar,
acrescentou.
Com um
semblante de seriedade, diferente do restante da entrevista, falou que tem três
times do coração: o primeiro a ADJ, o segundo o Bahia e depois o Fluminense do
Rio de Janeiro. Que se a ADJ jogar com eles, torce pela ADJ.
José Fernandes no encerramento da entrevista
falou que na ocasião que presidiu a ADJ existiram momentos felizes e outros de
muitas dificuldades, entretanto todos serviram muito para marcar e edificar a
sua vida.
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