terça-feira, 25 de outubro de 2016

Tranquilino Antônio de Souza

Tranquilino Antônio de Souza  

                                        Charles Meira


         Nasceu em 4 de junho de 1883, na cidade de Maracás-BA. Filho de Marcionílio Antônio de Souza e Francisca Meira de Souza.
         O primeiro casamento foi com Laura Marques da Silva, filha de Zezinho dos Laços, depois de ficar viúvo casou-se com Maria Anália de Souza, filha de Lucas Nogueira com quem teve quatro filhos.
         Depois da morte de Zezinho dos Laços, os encontros e tiroteios entre os “Cauaçus” e os “Rabudos”, estes últimos comandados por Tranquilino, tanto em Jequié como em Curral Novo, foram se tornando cada vez mais intensos, gerando um clima de medo que se estendeu por toda região.
O clímax da briga envolvendo Tranquilino e Silvino ocorreu durante os meses que antecederam a Revolução de 30. O conflito entre os dois se agravou em abril de 1930, quando dez homens de Tranquilino atacaram o caminhão de Silvino, nas proximidades da Fazenda Babilônia. Depois de sustentar fogo com seus desafetos, Silvino conseguiu escapar.        
Nem tudo foi tranqüilo na historia da agência do Banco do Brasil de Jequié. A situação mais grave ocorreu durante a Revolução de 30, quando Jequié, contando com reduzido destacamento policial, ficou à mercê de dois grupos de jagunços: o de Tranquilino, que apoiava o governo de Washington Luís, e o de Silvino Araújo, favorável aos revolucionários. Tranquilino chegou primeiro e pôs a cidade em polvorosa, fazendo com que, no dia 24 de outubro, a administração local do Banco do Brasil encaminhasse o seguinte telegrama à Superior Administração do Banco:

“Noite sábado passado cidade foi ameaçada
grupos jagunços, estabelecendo grande susto.
Em face falta polícia, cidade foi guarnecida
próprios jagunços. Gerente foi
naquela noite procurando sua casa por homens
suspeitos. Por prudência havia se refugiado
com família casa amigos. Por enquanto nada
registramos lamentável”.

        No dia seguinte a situação se agravou com a tomada da estação ferroviária pelos cabras de Tranquilino, motivando a expedição de mais um telegrama, dirigido ao governador do Estado, nos seguintes termos:

“Cidade infestada jagunços; famílias em
pânico; acho-me refugiado. Apelo Vossa
Excelência providenciar urgente
garantia população em sobressalto”.

         Felizmente, na noite daquele dia chegou a Jequié a notícia da vitória dos revolucionários. O povo ganhou as ruas em passeata acompanhada de discursos, banda de música e pipocar de foguetes. Tranquilino e seus comandados deixaram Jequié levando dois caminhões, transportando mais de cem jagunços.
 Por ter o promotor público Constantino Souza apresentado denuncia contra Silvino pelas cenas de violência e assaltos perpetrados.
         Não tardou muito, uma bomba foi atirada sobre o telhado da residência do promotor do Ministério Público. O atentado, entretanto foi atribuído a Tranquilino, também citado pela Promotoria. Mesmo assim, ainda hoje perduram dúvidas sobre o verdadeiro responsável pelo incidente.
         Outro atentado a Silvino ocorreu a 25 de outubro, ocasião em que o bando de Tranquilino, chegando primeiro, ocupou Jequié. O trem de passageiros foi atacado nas imediações da estação, sendo obrigado a recuar até Jaguaquara. Avisado com antecedência, Silvino saltara antes. Durante os poucos dias em que ocupou Jequié, Tranquilino e seus seguidores praticaram uma série de arbitrariedades.
Apesar disso, a cidade foi outra vez assediada por mais de cem jagunços de Tranquilino, chefiados por seu lugar-tenente Cláudio Correia da Silva, que era também tenente reformado d polícia militar. Aquartelados em Jequiezinho, os sitiantes ameaçaram saquear impiedosamente a cidade, caso o juiz de direito não fizesse a entrega de um processo-crime contra Tranquilino, que se encontrava no cartório civil. Para poupar a população de novos dissabores, o processo foi entregue, retirando-se os bandoleiros às 19 horas do dia 27, quando também levaram dois caminhões.
         No dia seguinte, chegaria a Jequié o tenente Manoel Adolfo, à testa de trinta praças antecipando-se à Força Revolucionária que aportaria pouco depois, tendo como comandante o coronel João Faço.
         O Tenente Cláudio foi preso a 4 de novembro de 1930, enquanto Marcionílio e Tranquilino, igualmente presos, chegaram a Jequié no dia 10 de novembro.
         Tranquilino fugiu para ser preso novamente, ofereceu resistência na Fazenda Gruta Baiana. Os coronéis João Faço e Carlos Mena Barreto, depois do tiroteio que enfrentaram contra trezentos homens, apreenderam mil e oitocentas armas de fogo e munição para mais de setenta tiros.
         Tranquilino morreu em 21 de março de 1933 na cidade de Jequié, em conseqüência dos maus tratos que recebeu na prisão. 


Um comentário:

  1. Acredito que o meu avô José Feliciano de Oliveira, seria chefe desse bando do Tranquilino. Pois ele sumiu nessa época, e seu último aparecimento de seu nome , estava no início do processo em que Marcionilo era o reu de uma morte de um coronel, entretanto por forças políticas, ele foi inocentado, e alguns dos jaguncos foram condenados, mas já nesta sentença final, o nome do meu avô já não mais apareceu: suspeito ter sido assassinado no transmite do processo, por ter sido a testemunha chave deste assassinado de um coronel a mando do Marcionílio de Souza?

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