sexta-feira, 21 de outubro de 2016

José Marques da Silva (Zezinho dos Laços)

José Marques da Silva (Zezinho dos Laços)

                                                       Charles Meira


José Marques da Silva, mais conhecido como Zezinho dos Laços, por causa de uma sua fazenda com este nome. Informações de familiares e escritos citam o nome de seu irmão Cassiano Marques da Silva (Cassiano do Areão). Foi casado por duas vezes. A primeira esposa foi Francisca Augusta Marques da Silva, com quem teve os seguintes filhos: Randulfo Marques da Silva, Rodolfino Marques da Silva, Raul Marques da Silva e Laura Marques da Silva. A segunda esposa foi Otília Carolina da Silva, com quem teve os seguintes filhos: Manoel Marques da Silva, Placidina Marques da Silva e Maria Carolina Marques da Silva.
         É oriundo da cidade de Ituaçu - BA, outrora conhecida como Brejo Grande, onde vai encontrar as raízes do banditismo.
         Na época, duas famílias revezavam o poder naquela localidade. Os Silvas, “Rabudos” (ratos) chamados assim por viverem na baixada e os Gondins, apelidados de “Mocós” porque em momentos difíceis buscavam refúgio nos morros das Lavras Diamantinas. Os “Rabudos” mais conhecidos foram: José Marques da Silva (Zezinho dos Laços), Marcionílio Antonio de Souza, Tranquilino Antonio de Souza, Mariano Coxo, Lucas Nogueira e Cassiano Marques da Silva (Cassiano do Areão).
Apoiado pelas repetições elegeu-se presidente da Segunda Junta Distrital, empossado a 31 de maio de 1896, em Jequié - BA.
         Devido a incidentes ocorridos nos primeiros anos de República, abalaram-se por algum tempo as relações entre o Brasil e a Itália. Quando a notícia chegou a Jequié, Zezinho dos Laços, que tinha sido eleito presidente da Segunda Junta Distrital, resolveu tirar proveito da situação. Em nome de um falso patriotismo, começou a atacar as propriedades dos italianos que viviam em Jequié, Maracás, Pé de Serra e circunvizinhanças, estocando as mercadorias saqueadas em seus armazéns de Água Vermelha e Rio Preto.
Na Assembléia Legislativa Estadual, apoiava o nome de Pedro Gonçalves do Nascimento, conhecido como Pedro Cortiça, pois sempre estava por cima, nunca afundava. Em troca, o deputado votava as proposições do governo, conseguindo, assim, que a polícia não interviesse nos conflitos entre rabudos e mocós.
No dia 29 de outubro de 1896, numa casa da Rua Vitória, hoje Rua Lindolfo Rocha, houve uma reunião para restauração do partido. Tudo planejado por Lindolfo Rocha, para não provocar suspeita. Zezinho dos Laços foi o último a assinar a folha de votação. Naquele momento, chefiados pelos capitães Ivo Pinheiro de Matos e Agripino Chaves, os policiais invadiram a sala, prendendo o chefe dos “Rabudos”. Depois de preso foi escoltado até a capital do Estado, sendo recolhido ao forte São Marcelo.
Algum tempo depois, julgado em Ubaira - BA, Zezinho foi absolvido pelos jurados, receosos das ameaças que pesavam sobre suas cabeças e dos seus familiares.  Absolvido, José Marques da Silva reorganizou seu bando, perpetrando outros assaltos. Disposto a lutar novamente contra os “Mocós”, Zezinho convidou Augusto, um dos familiares dos Cauaçus, para fazer parte do seu bando, entretanto o homem negou-se a acompanhá-lo. O atrevimento da recusa foi acompanhado da alegação de que as relações entre Cauaçus e Gondins eram as melhores. Poucos dias depois Augusto foi assassinado por um cabra de Zezinho, conhecido por Tavares. Reunidos em família, os Cauaçus escolheram José para seu chefe, declarando guerra aberta a Zezinho e seus capangas.

Manchete de primeira página do jornal da capital Diário de Notícias de 04 de novembro de 1911:

“Confirmado a notícia que ontem demos sobre a morte do Major José Marques da Silva podemos asseverar, com bons fundamentos, que efetivamente aquele senhor foi assassinado no dia 26, em viagem de Boa Nova - BA para o povoado de Porto Alegre.
         Entre várias notícias que correm sobre a morte de Zezinho dos Laços, referem à de que ele foi assassinado por seus próprios jagunços, entre os quais se achava seu apaniguado Marcelino Cauaçu, irmão de Francisco Cauaçu, assassinado dias antes, naquelas paragens, por influência de Zezinho dos Laços segundo dizem ali. No dia 26, porém, em viagem com seu cunhado Lucas Nogueira, foi Zezinho dos Laços alvejado por tiros que partiam de emboscada e que lhe causaram a morte instante depois. Lucas Nogueira, ferido também nesta mesma ocasião, fugiu com seus companheiros de viagem, deixando na estrada seu cunhado Zezinho dos Laços e dirigiu-se para casa de um fazendeiro vizinho de onde providenciou a remoção do cadáver para fora do cenário da tragédia, incumbindo-se de sepultá-lo. Com Zezinho dos Laços e Lucas Nogueira viajavam então vários companheiros, que constituíam o séqüito do assassinato, e que fugiram logo que ele recebeu os primeiros tiros.
         A opinião geral naqueles centros é a de que, não obstante estar ao serviço de Zezinho dos Laços, de quem merecia inteira confiança, como seu bom e velho cabo de ordens, Marcelino Cauaçu se havia ultimamente irritado contra o velho patrão, a quem ele imputava o assassinato de seu irmão Augusto”.

* Bibliografia: Livro Capítulos da História de Jequié, Jornal Diário de Notícias e Familiares de José Marques da Silva.


Nenhum comentário:

Postar um comentário