O Jussiape, nome indígena, Rio São Julião, denominação dada pelos espanhóis que o percorreram antes da chegada de Cabral nas terras brasileiras e Rio das Contas ou Rio de Contas, como foi batizado pelos colonizadores portugueses, foi cenário dos grandes canoeiros indígenas. Os índios das tribos cotoxós e mongoiós também conhecidos como camacãs eram excelentes fazedores de canoas e exímios canoeiros. Sabiam tanto remar que tinham habilidade de guerrilhar em cima das canoas.O costume de produzir boas canoas e navegar no Rio das Contas foi herdado pelos caboclos, mulatos e cafuzos, que formaram a grande civilização do Vale do Rio das Contas. Os mestiços passaram a utilizar o velho Jussiape como uma das principais rotas comerciais de ligação entre o litoral e o sertão, entre o baixo, o médio e o alto Rio das Contas, entre a Mata Atlântica, a Caatinga e a Mata de Cipó. Frutas nativas, mercadorias agrícolas e produtos industriais eram transportados pelas canoas.
Canoeiros como Silvino do Curral Novo também utilizaram suas embarcações para salvar muita gente na enchente de 1914.
Herdeiro dos canoeiros indígenas e mestiços, o canoísta baiano de Ubaitaba, Isaquias Queiroz, fazia seus trenos nas canoas do Rio das Contas e tornou-se o brasileiro mais vencedor em uma Olimpíada, sendo o porta-bandeira do Brasil na festa de encerramento dos jogos, realizada na noite deste domingo (21). Isaquias Queiroz recebeu o convite do Comitê Olímpico do Brasil depois de se tornar o primeiro atleta do país a ganhar três medalhas numa só Olimpíada. Nos jogos do Rio 2016, ele ganhou duas medalhas de prata e uma de bronze na canoagem.
Que a consagração de Isaquias Queiroz possa contribuir para registrar a memória do velho Jussiape e chamar atenção para a situação de degradação do Rio das Contas e a necessidade de revitalizá-lo. (Domingos Ailton)
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