segunda-feira, 21 de julho de 2014

“Policarpamente quaresmando” sobre os rios de Jequié e os cursos do progresso



Empreedimento na Av. César Borges, no local que poderia ser o parque dos sonhos. Foto: Gicult
Empreedimento na Av. César Borges, no local que poderia ser o parque dos sonhos. Foto: Gicult
Em muitos lugares, o progresso é saudado pela comunidade sem uma análise maior a respeito de seus benefícios e também sobre as questões ambientais. Nas reflexões abaixo, Benedito Sena (Bené) faz alguns alertas filosóficos e ambientais a respeito dos investimentos urbanos, tendo como base algumas mudanças na infraestrutura da cidade de Jequié. Leia:
O atacadão no sonho do parque
“Certo dia deu-se um caso por acaso, mas não foi por gosto meu que aconteceu”. Eu estava na feira comprando meia libra de “poca-zói” quando ouvi num rádio ligado, uma certa autoridade que anunciava e agradecia o benefício que uma nobre família acabava de fazer: a doação ou intermediação (não deu para ouvir direito), de um terreno para a construção de um supermercado atacadista. O terreno no caso é o único existente perto do centro da cidade de Jequié com capacidade para ser transformado num “Central Park”, e espaço para grandes eventos como o São João, por exemplo, além de servir de regulador das águas provenientes das grandes precipitações pluviométricas, as chamadas “chuvas das águas” nas trovoadas de São José.
Prospecção
Homens demarcam, fazendo prospecção nas áreas rurais de Itagi, Itajuru , Ipiau e outras localidades, em busca de minérios que ao serem explorados contaminarão e comprometerão os mananciais hídricos de toda a região.
O canto abafado
A Ferrovia Leste-Oeste romperá, cortará as roças, o silêncio, abafará o canto dos pássaros, dos sapos, singrando toda a região com suas gigantes locomotivas, sem oferecer nada mais que isso.
Regularidade do curso
Gilberto Freire em “Casa Grande e Senzala” observara, que muito deve o Brasil aos rios menores, mais regulares, onde docemente se prestavam a moer a cana-de-açúcar e alargar as várzeas onde grandes lavouras floresciam, diferentemente dos grandes rios sem equilíbrio no volume nem regularidade do curso, colaboradores incertos do homem agrícola na formação econômica do Brasil.
Tecnocratas frios
Enfim, sei que enquanto você lê, está pensando que este tipo de preocupação é para os ecologistas, as virgens cem por cento, as amadas que envelheceram sem maldade, Policarpo Quaresma, Professor Raimundo Novaes, Tõe da Lua, e os que sabem que estão nas mãos de um bando de tecnocratas frios e calculistas, governos sem visão humanista, e os familiares nobres que nunca pensaram em transformar um terreno num parque, num lugar ameno para o deleite dos seus concidadãos.
- Por Benedito Sena – avô de Elis Antonieta, músico diletante da Cidade Sol.

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