Bené Sena* |
A “mulher”, como o povo a chamava, iria sustentar o mundo, anunciavam. Seus ombros, suas mãos encheriam os postos de saúde com médicos e remédios. Escolas brilhariam, multiplicariam as creches. A pedra do Curral Novo transformada em cuscuz, leite e mel jorrando pelos rios das Contas e Jequiezinho. No séquito, no cortejo rumo à beatificação, toda espécie de gente rodeava-a carregando-a no andor: deputados, ex-vereadores, candidatos, cabos-eleitorais e as personagens de sempre, ávidas para retornarem às tetas da viúva que lhes foram tiradas por Reinaldo e Rita, Amaral e Lopes. Consumada a beatificação, os papéis se inverteram. O povo neste momento, buscando-a como os romeiros do poema de Drummond: “pedindo com a boca, com os olhos, com as mãos”, ansiosamente o que lhe fora prometido.
Agora, os que fizeram o périplo, os transes gloriosos pelo reino da fantasia juram que ela é mesmo uma santa. E a culpa de tudo o que acontece é dos “caõzinhos” do terceiro catecismo. Leia-se: secretários, diretores e rebentos tecendo uma coroa de espinhos para aureolar a sua via crucis com uma possível passagem pelo “Sinédrio”, e a possibilidade de quem sabe, acontecer o “molhar de mãos”, aliás o lavar de mãos. Aconteça o que acontecer, tudo ficará como dantes no quartel de Abrantes. Virão outras “santas”, outros “ santos”, afinal de contas neste ano de fifas, neymares, filipões e demais coca-colas, estes santos acima citados são “fichinhas”.
*Bené Sena – músico diletante, avô de Elis Antonieta
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