terça-feira, 1 de novembro de 2011

Texto publicado na Revista Cotoxó em outubro de 2011.



O Trote
                                                                      
                                                                                      Charles Meira


Depois de Manoel servir no Tiro de Guerra, Zélio, esposo de sua prima, conseguiu um emprego para ele no Bradesco, graças a uma grande amizade entre ele e o gerente.
Sua admissão aconteceu na época em que o Bradesco tinha comprado o Banco da Bahia. Manoel e alguns remanescentes do banco extinto foram trabalhar na agência da rua Colombo de Novaes.   
Aproveitando-se de que a futura agência da rua Dois de Julho estava em processo de fusão e realizando também uma reforma geral no prédio, Antônio Pereira, um gordinho brincalhão e esperto, que era mais conhecido por Totonho, um dos empregados da instituição adquirida;o qual permaneceu para realizar serviços referentes à fusão, telefonou para um colega da outra agência para colocar o plano do trote em prática.
Na conversa, ficou acertado que depois de atender à ligação, ele falaria aos empregados que o Sr. Gitirana, gerente do banco, tinha solicitado um deles para buscar uma máquina de tirar diferença que seria utilizada no setor de contas correntes daquela agência, e Manoel, o novo funcionário e alvo da brincadeira, logicamente seria o escolhido. Assim foi feito e Manoel inocentemente foi buscar a máquina que estava com Totonho.
          Enquanto ele se deslocava para o local, os colegas arrumaram um pacote contendo vários adobinhos e forrados de papelão de forma que ficou igual a uma máquina.
       Entrando no banco procurou por Totonho, perguntando pela máquina. Depois de conversarem um pouco, Totonho entregou-lhe o pacote. Neste momento, todos os funcionários saíram da agência para acompanhar de perto o que aconteceria com o pobre do Manoel. Como o pacote era grande e pesado colocou-o na cabeça e saiu andando devagar e com cuidado, recomendação dada por Totonho, certamente prevendo o sofrimento que o colega iria passar durante o trajeto que percorreria.    Atravessou a rua Dois de Julho, passou em frente a Radio Bahiana de Jequié e parou, tirou o pacote da cabeça e colocou no ombro direito. Chegando ao lado do supermercado Sumel colocou o pacote no chão, pois estava cansado e suando bastante. Era um dia daqueles que o sol brilhava, proporcionando um calor insuportável. Passados alguns minutos, apanhou novamente o pacote e desta vez usou o ombro esquerdo, pois o outro estava dolorido. Com muita dificuldade conseguiu terminar o trajeto.
         Quando entrou no banco com aquele pacote, os colegas começaram a dar risadas. Ainda sem saber o porquê da alegria deles, colocou com cuidado o pacote numa mesa do depósito. Os colegas acercaram-se dele e passaram a abrir o pacote e a contar os detalhes do trote que haviam preparado.
         Durante alguns dias ficou com o corpo todo dolorido e muito chateado com a brincadeira dos colegas, mas com o passar do tempo tudo foi esquecido.
        

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