terça-feira, 22 de junho de 2021

As Festas Juninas.

                                                            J. B. Pessoa

“A fogueira está queimando, em homenagem a São João...” Com essa cantiga se iniciava o baile típico das noites de São João, nos saudosos anos dourados. Aos ritmos dos xotes, baiões e xaxados, a moçada sacudia as “cadeiras” nos animados forrós, também conhecidos como “arrasta pés”, que tanto sucesso faziam naquela época. Enquanto a meninada soltava fogos e balões em volta das fogueiras, os mais velhos bebericavam licores e quentões, se empanturrando com as guloseimas característica da festa.

As festas juninas começavam com as novenas rezadas na igreja matriz em homenagem a Santo Antonio. Nas treze primeiras noites do mês de junho, as quermesses patrocinadas pela paróquia, eram frequentadas pela maioria da população, principalmente pela juventude, que aproveitava o evento para flertar, esperando que o santo casamenteiro agraciasse os solteiros com um noivado promissor no dia dos namorados. Na noite desse dia, felizes com seus parceiros, os namorados dançavam no baile tradicional que o Jequié Tênis Clube dava todo o ano, na noite de 12 de junho. Esse baile terminava com a saraivada de foguetes às cinco horas da manhã, anunciando o alvorecer do dia do santo padroeiro de Jequié.

Pela manhã do dia 13 de junho, missas solenes eram rezadas e a tarde uma gloriosa procissão percorria as principais ruas do centro da cidade acompanhada pela população, principalmente pelos jovens namorados.

O último dia das quermesses era o mais animado, no chamado parque de Santo Antonio. Barracas com várias diversões entusiasmavam a juventude. Desde o famoso bingo, passando pelo jogo dos preás aos cassinos improvisados e pelo leilão para angariar fundos para a igreja. A partir da meia noite, as famílias iam se retirando e a festa terminava com os últimos notívagos sonhando com a noite das fogueiras.

A festa de São João era a mais esperada do mês. Logo pela manhã, as senhoras preparavam os quitutes juninos, para servir ao povaréu, que iam penetrar nas suas residências, pois esta era uma festa sem convites. As “donas de casas” faziam questão de receber parentes, amigos e até pessoas desconhecidas para ouvir os elogios às suas mesas. Vários tipos de bolos, doces e licores eram servidos, juntos às pamonhas, canjicas e outras iguarias feitas de milho. Durante o dia, moças enfeitavam as suas ruas com muitas bandeirolas e pequenos balões, enquanto os rapazes armavam as fogueiras em frente das suas casas e, perto delas, cavavam o chão e assentava um grande ramo de árvore, simbolizando a planta de São João, na qual era colocadas frutas todas as espécies que pudessem conseguir. Certa vez um cidadão colocou no ramo de sua fogueira, além as frutas naturais, algumas garrafas de aguardente. Um bêbado, ao passar pelo local, exclamou maravilhado: “Esta sim, que é uma planta abençoada, pois até pinga ela da!”

As fogueiras eram acesas a partir das dezoito horas, seguidas do pipocar das bombas e dos clarões de diversos fogos de artifícios. Foguetes mil rasgavam os céus, estourando suas bombas no alto e, se era noite de estio, podia se ver milhares de balões, que se confundiam com as estrelas. Os “arrasta-pés” eram inúmeros, com muitos foliões indo de casa em casa para dançar, comer e beber em louvor a São João. No alvorecer do dia 24, os festeiros iam tomar banho no Rio de Contas, na crença de serem suas águas abençoadas e purificadas pelo santo.

A última festa junina era a de São Pedro, comemorada somente pelos viúvos e viúvas e pelos que tinham sidos batizados com o nome do santo. Era uma repetição mais modesta da festa anterior, devido ao pouco número de residências que festejava o santo porteiro do Céu. Porém a festa era atraente pela quantidade de pessoas que iam às ruas ávidas de farras, e pelo fato dos forrós serem poucos, tendo muita gente querendo dançar.

As festas juninas de outrora foram desaparecendo com as novidades em moda. O avanço tecnológico do mundo industrial tornou inviável o costume de soltar balões, Os novos ritmos liquidarem os saudosos “arrasta pés” e o custo de vida não permitem mais, que as “donas de casa” patrocinem banquetes como antigamente.(Publicado pela revista “O tra-bóide” N.32 de Junho/2008.)

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