Por Carlos Éden Meira
Um
velho jornalista jequieense queixava-se de que seu jornal não era prestigiado
pela sociedade local, porque “não falava das calçolas de ninguém”, referindo-se
desta forma “sui generis”, à inexistência de uma coluna social em seu jornal.
Na sua concepção, as pessoas só valorizavam as publicações em que havia uma
coluna social onde podiam ser citadas, incluindo comentários sobre suas roupas
ou aparência, e também ver suas fotos impressas. Obviamente, qualquer cidadão
sente-se valorizado ao ver uma matéria publicada num jornal, tecendo elogios
sobre sua pessoa. E há ainda, aqueles que têm dinheiro suficiente para pagar
matérias enormes, com fotos coloridas suas e dos parentes, citados como
verdadeiras “celebridades”. Entretanto, as pessoas mais esclarecidas não deixam
de valorizar uma boa revista ou um bom jornal, só pelo fato de não ser citadas
por eles.
Nota-se,
porém, que quando um órgão de imprensa se propõe a fazer críticas e denúncias,
quando seus colunistas usam de ironia e humor para criticar as hipocrisias da
sociedade, aqueles que direta ou indiretamente sentem-se atingidos, reagem
procurando menosprezar a imagem do jornal, seus representantes ou
colaboradores.
“Só
sabem criticar! Falam, falam, mas não fazem nada.” É o que dizem eles, como se
as criticas e denúncias da imprensa não fossem de enorme importância para o
esclarecimento das pessoas, o que com certeza, incomoda aqueles que preferem
ler ou ouvir falar das “calçolas” de alguém, do que das verdades que levam o
leitor ou ouvinte a se indignar, tomar uma posição e reagir.
É claro
que existem aqueles órgãos de imprensa, claramente comprometidos com grupos
políticos, cujas matérias visam apenas enaltecer seus correligionários e atacar
seus adversários. A esses, faltam a credibilidade e a seriedade necessárias,
para que mereçam o respeito dos leitores ou ouvintes. São meros órgãos de
propaganda política, onde a mentira e a verdade se confundem, prestando enorme
desserviço àqueles que buscam informação confiável. É preciso aprender a
perceber o que é um jornalismo sério, descomprometido com interesses
político-partidários, para que se possa ter confiança na informação veiculada.
Em que pesem tais diferenças no compromisso com a verdade, é preciso preservar a liberdade de expressão, acima de tudo. Cabe aos leitores e ouvintes, analisar e julgar o que lhes é transmitido através da imprensa, buscando a observação individual dos fatos, discutindo entre si, para se chegar democraticamente, a uma conclusão comum. Viva e imprensa livre! Censura, nunca mais!
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