quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Morte tripla. A história de como um acidente acabou com João do Pulo, um dos ícones do esporte brasileiro.

João do Pulo ganhou as principais medalhas do atletismo. (Foto Produção).
O pulo de João aconteceu em 15 de outubro de 1975. Com uma breve corrida e três saltos, ele superou 17,89 metros. Para você ter uma ideia, é o equivalente a quatro carros populares – ou um prédio de sete andares. Foi um feito atlético tão impressionante que o pulo de João foi o recorde mundial por dez anos. Daí ter virado sobrenome. João do Pulo. Essa, porém, não é a história desse pulo, mas do que aconteceu com João depois dele. João Carlos de Oliveira nasceu no dia 28 de maio de 1954, quebrou o recorde mundial em 1975, perdeu a perna direita em 1982 e morreu em 1999. Foi um dos mais carismáticos atletas que o Brasil já teve. E morreu três vezes, Os relatos de quem fez o primeiro atendimento é chocante: “Os policias jogaram os três no fundo de um carro e o recado que eu recebi foi o seguinte: ‘Tem três camaradas no camburão da polícia em estado muito grave. Querem saber se devem tirá-los do camburão ou esperar morrer’. Então, o recado foi esse: três pacientes extremamente graves, praticamente mortos. Eu disse que estava correndo para o hospital”, lembra o neurocirurgião Núbor Orlando Facure, um dos primeiros a atender João do Pulo no hospital Irmãos Penteado, em Campinas. Então maior atleta olímpico brasileiro em atividade, João do Pulo foi tratado como indigente no hospital até 9 horas da manhã, quando a imprensa começou a chegar ao hospital. O quadro era preocupante. “Chegou para mim um paciente alto, forte e que respirava mal, com a mandíbula quebrada, fratura na perna, trauma de crânio. Eu corri atrás de tudo, mas foquei no crânio, que é minha especialidade”, lembra Facure. Imagine se você fosse o maior atleta do seu país e perdesse a capacidade de fazer aquilo que o tornou famoso? E aos 27 anos, no auge de sua vida. Foi o que aconteceu com João Carlos de Oliveira em 1982. A solução que ele encontrou foi ser político. Afinal, era o fim do governo militar, ele era militar e famoso. Lembre-se: João morreu com a patente de sargento. Foi eleito duas vezes para ser deputado estadual. A primeira, em 1986. A segunda, em 1990. Mas não era o bastante. “Na verdade, o João do Pulo nunca quis ser político. O João do Pulo sempre quis fazer aquilo a que sempre se propôs: ser atleta. Ele gostava daquilo e, por infelicidade, perdeu a perna e estragou o homem”.

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