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Ivonildo Calheira no Hospital de Olhos Calheira – Jequié – BA. |
Caminhando na Avenida César Borges na manhã do dia 05/01/2018 encontrei o
Oftalmologista Ivonildo Calheira Pereira e marquei para o final do turno
vespertino, uma entrevista sobre a história dele no Tênis. Para sorte dos
leitores da “Revista Cotoxó”, consegui na oportunidade falar também de outros seguimentos
importantes, relacionados à sua vida.
No seu consultório no Hospital de Olhos Calheira, iniciamos enfim uma
entrevista que solicitei há mais de um ano ao profissional. Contrariando a ordem da conversa, primeiro
falou o Médico: “a você que é o homem que mexe na história de Jequié, isto é
importante, sempre digo: a cidade que não tem história, não valoriza o seu
passado, não merece ter um futuro digno, porque o seu presente e o futuro são o resultado do passado”.
Em seguida comecei a escrafunchar a vida de Ivonildo Calheira Pereira.
Contou que nasceu na Fazenda São Rafael, distante 6 km da cidade de Gandu – BA
em 26/07/1959. Filho de Arlindo Antônio Pereira nascido em Gandu - BA e Iracy
Pereira Calheira, que nasceu em Itaibó, distrito de Jequié – BA e tiveram quatro
filhos: Ivonildo, Ivonilton, Ivonaldo e Ivone, que vieram ao mundo em casa com
parteira. No local tiveram uma vida bem simples e atualmente a família toda mora
em Jequié. Em 1990, casou- se com Maria Aparecida e tiveram dois filhos:
Mariana que hoje está no quinto ano de medicina fazendo o curso de Oftalmologia
em Belo Horizonte - MG e o Tiago que está estudando no Anchieta em Salvador -
BA para fazer o vestibular. Hoje Ivonildo está separado e casado com a
medicina.
Com cinco anos de idade Ivonildo foi morar na cidade de Gandu, local onde
o menino começou estudar. Ficou pouco tempo no município, devido naquela época
acontecer na região muitos tiroteios entre famílias, época de brigas pelas
terras do cacau, confrontos que ocasionou o assassinato do seu tio. Para evitar
que prosseguisse aquele mata-mata, a sua família resolveu mudar para a cidade
de Jequié.
Em Jequié Ivonildo continuou os estudos. Primeiro estudou um período no Grupo
Escolar Castro Alves, onde funciona hoje o Museu Histórico de Jequié, local que
deixava os estudantes da época com medo e pavor, devido histórias assustadoras que
eram contadas para eles na instituição. Estudou ali no ano de 1965, depois Calheira
foi para o Grupo Escolar Ademar Vieira no Joaquim Romão, pois seus familiares
moravam na Avenida Lomanto Junior, perto da boa escola pública, local que completou
o seu estudo primário.
Em seguida foi para o IERP, onde fez todo o seu ginásio. Quando foi
fundado o CEMS pelo professor Flaviano Pinheiro e a professora Edna Pinheiro,
foi pioneiro da turma do científico no ano de 1976. Em 1978 foi estudar no
Colégio Vieira em Salvador, ali estudou o terceiro ano, na época tinha um
vestibulinho. 399 alunos disputaram 15 vagas e de Jequié apenas passaram Ivonildo,
Paulo Cesar, hoje Engenheiro Eletricista e Sayonara, que é formada em Medicina.
No final daquele ano fez vestibular para medicina e passou na Universidade
Federal da Bahia e na Universidade Baiana, optando estudar na Federal, pois o
ensino era público e gratuito.
Formado em Medicina, Ivonildo fez residência em Oftalmologia no Hospital
das Clinicas em Salvador, com um período opcional de três meses em São Paulo. Logo
após passou mais dois anos em Miami, na Universidade de Miami, no Bascom Palmer
Eye Institute, até hoje o melhor hospital dos Estados Unidos. Foi uma formação
muito importante, local onde fez uma especialização em córnea e doenças
externas oculares, fez também muitas pesquisas e apresentou para vários
congressos nos Estados Unidos, (Flórida na cidade de Sarasota onde existe um
congresso só de pesquisas) e publicou vários destes trabalhos em 2000.
A Formação foi feita por meio de uma bolsa de Pós-Graduação, que num
jantar do Rotary Club de Jequié, seu amigo Luís Cotrim sugeriu que ele pleiteasse
junto a àquela instituição, da qual foi presidente e tem muita gratidão.
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Sessão regular do Rotary Club de
Jequié.
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Voltando para o Brasil, pensou em fazer concurso para ser professor na
UFBA em Salvador, entretanto no fundo a sua vontade era retornar para Jequié,
cidade onde tinha deixado muitos fortes laços de amizade. Sua idéia começou a
ser concretizada, quando anos depois veio passar férias na cidade sol e resolveu
permanecer até o carnaval. Neste período
passando onde hoje é o Hospital de Olhos Calheira, ficou sabendo através de
pessoas que estavam vendendo bebidas no local, que a residência ali existente estava
à venda. Na época, Ivonildo comprou o imóvel e nele por alguns anos morou e trabalhou.
Após contar quando, onde e como começou a funcionar o Hospital de Olhos
Calheira, o Oftalmologista, sempre sorridente e seguro nas suas declarações, relatou
que o estabelecimento foi sendo feito aos poucos. Inicialmente o hospital foi
fundado em Salvador e depois de um ano na capital veio para Jequié. Afirmou em
seguida que nada aconteceu como num toque de mágica e sim com muitas
dificuldades. O crescimento ocorreu durante 28 anos, desde a fundação do empreendimento,
que atualmente conta também com uma filial, atendendo na Rua D. Pedro II,
visando aumentar e melhor atender os seus clientes.
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Fachada do Hospital de Olhos Calheira - Jequié BA. |
Muito bem humorado, Calheira concluiu o relato sobre a história do
hospital dando uma boa e nova notícia para a revista. Contou que está fazendo
uma clinica muito bonita em Salvador. O Empreendimento chamado de Hangar Medical Center, fica na Avenida Paralela, próximo do aeroporto, local
onde tem hotéis, consultórios médicos, clinicas, hospitais, negócios e atividades de lazer. O Oftalmologista continuará
atendendo em Jequié e na filial de Salvador, atuará junto com sua filha, incentivadora
deste projeto do hospital na capital, que futuramente também contará com a
participação do seu filho, atualmente fazendo o vestibular, esperando que seja
na área da medicina. Na conclusão da boa notícia informou que através da realização
deste projeto foi dado o pontapé para continuar esta tão bem sucedida trajetória.
Dei uma pausa na entrevista e aproveitei a oportunidade para tirar também
algumas dúvidas relacionadas à Cirurgia de Catarata que recentemente fiz com o
Oftalmologista Ivonildo Calheira.
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XVI CALHEIRA OPEN DE TÊNIS, realizado de 05 a 07 de dezembro de 2014 no Clube de Tênis Calheira Senna – Jequié – BA. |
O assunto seguinte pesquisado foi o tênis, o tema que motivou anteriormente
a solicitação desta entrevista. Visivelmente contente Ivonildo afirmou que o
tênis é outro hobby, uma das paixões dele. Prosseguiu contando, que na verdade,
a história do tênis na sua vida surgiu depois da medicina, durante o tempo de
estudante. Quando mais novo jogava bola, esporte que apenas enrolava e somente
jogava quando a bola era sua. Bateu baba na Manga do Costa aqui em Jequié e
posteriormente em Salvador nas ruas do Bairro da Pituba. O tênis na sua vida
não tem nada a ver com o Jequié Tênis Clube. Na verdade começou a jogar tênis em
1990 nos Estados Unidos, quando tinha 28 anos. Praticava o esporte com um alemão
que gostava de jogar tênis nas quadras públicas, amigo que na época dividiu o
apartamento. Ficava jogando horas e horas, porém sem saber como o tênis
funcionava.
Na volta para Jequié, Calheira queria
continuar jogando tênis, entretanto na cidade não tinha quadras para praticar o
esporte. Inicialmente com a ajuda de Nei Lomanto, dono do Sítio Lírios do Vale,
localizada na saída para a cidade de Ipiaú – BA e que também gostava de tênis,
pintaram uma quadra de cimento e começaram a jogar mesmo ninguém sabendo muito aquele
entretenimento. Em 1997 organizaram o
primeiro Calheira Open, trazendo tenistas de Itapetinga e Vitória da Conquista.
Na ocasião, Ivonildo ganhou o seu
primeiro torneio, jogando em dupla com Luiz Faleiro, melhor tenista da época,
acontecimento que serviu de estímulo para o Oftalmologista continuar jogando e tentar
fazer uma quadra de tênis na AABB, porém não foi possível, pois segundo seu
presidente a verba teria que ser do próprio clube. Em seguida procurou o Clube
dos Maçons, intermediado por Dr. Milton Rabello e com a ajuda de Ivaldo Sena conseguiu
autorização para construir com o patrocínio do Hospital de Olhos Calheira uma
quadra e acabou fazendo quatro.
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Ivonildo Calheira no Golden Clube Pindorama - Jequié BA. |
Hoje têm 18 anos que foram construídas estas quadras. Anteriormente jogavam
os torneios fora de Jequié, porque não podia trazer o circuito de tênis do
interior para Jequié, devido à falta de quadras para praticar o esporte em
Jequié. Depois existência das quadras,
trouxe o Bahia Point de Tênis, torneio organizado pelo professor Luiz Pedreira,
evento que deu um novo e grande impulso aos tenistas de Jequié. Hoje existem
mais de 100 tenistas em Jequié. O Clube
de Tênis Calheira Senna, nome dado em homenagem a Ivonildo Calheira e Ivaldo
Senna, baluartes na sua construção, ajudados por outros tenistas e várias
pessoas do comércio e da Prefeitura Municipal de Jequié. Graças à construção do
clube, Jequié tem hoje um dos melhores tenistas da Bahia, Gustavo Campos,
considerado o Guga Jequieense. O atleta tem 17 anos, joga o circuito nacional, atualmente
o número 32 do Brasil. Desde a construção do Clube de Tênis Calheira e Senna, é
realizado anualmente o torneio Calheira Open de Tênis, onde participa mais de
100 tenistas de toda a Bahia e às vezes de outros estados, evento realizado no Clube
dos Maçons.
Hoje o tênis em Jequié é realizado também na AABB, clube que tem 04
quadras, local também frequentado pelos atletas que atuam no Clube de Tênis
Calheira Senna, pois o tênis é um esporte que faz amigos.
Terminou este assunto dizendo que o tênis existiu também em Jequié na
década de 50, representado por Milton Rabelo e João Aguiar, melhor atleta da
região, que jogou vários torneios nacionais, entretanto o esporte infelizmente acabou.
E também contando que graças aos tenistas Ivaldo Sena, Nei Lomanto, Ivonildo
Calheira e tantos outros, novamente o tênis foi impulsionado e atualmente é
forte em Jequié e na Bahia.
Médico, tenista, Ivonildo Calheira é também escritor. Sempre gostou de ler e de escrever. Com 10
anos de idade escreveu um diário e aos 11 anos começou escrever poesias. O
primeiro livro dele foi um romance, intitulado: “GEONDY - A Cicatriz de um Sentimento”,
que escreveu com 18 anos em 1979, ocasião que estava de férias em Itacaré – BA.
O livro foi escrito em dois meses, debaixo dos coqueiros e em frente à praia,
época que tinha passado no vestibular de medicina. Depois vieram as poesias,
escritas durante o curso de medicina, momento que participou de vários concursos.
Tempos depois escreveu um livro de poesias: “A poesia de Ivonildo Calheira e Luís
Cotrim”, um livro interessante, livro que reúne todas as suas poesias, editado no
início da década de 90, época que já estava em Jequié. Ivonildo em seguida começou
a escrever contos, participar de concursos e escreveu o livro de contos “Nas
Asas da Imaginação”, motivado pela participação dele em um evento realizado
pela UESB na mesma década de 90, concurso de contos que ganhou e recebeu das mãos
do escritor Jorge Amado o troféu e um livro dele autografado. Após os escritos
que originou este livro de contos, Ivonildo Calheira resolveu relatar as
experiências, aflições, aventuras e desventuras dele no livro “DOCTOR – Um
Médico Brasileiro nos EUA, editado no ano de 1992.
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Capa do Livro "Doctor - Um
Médico Brasileiro nos EUA".
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Sessão Solene da ALJ no Centro de Cultura de Jequié – Jequié – BA. |
Em seguida participou em parceria de alguns livros de coletâneas editadas
através da Academia de Letras de Jequié. Academia que pelo desejo de Luís
Cotrim foi fundada em 20 de junho de 1997 e dela foi o seu primeiro presidente, permanecendo no mandado da
instituição durante 11 anos, pela insistência de seu grande amigo Cotrim.
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Lançamento do Livro "A Poesia de
Ivonildo Calheira e Luíz Cotrim”, realizado no Itajubá Hotel - Jequié - BA.
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No encerramento do tema de mais um seguimento da sua vida, Ivonildo
afirmou que continua lendo, escrevendo, e fazendo novas edições dos seus livros
e concluiu a entrevista falando que a nossa vida é feita de paixões e seguramente
quem não tem paixões não faz, não vive; e sem boas lembranças, nela apenas passa.
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