Carlos Eden Meira
Sisminino passudintirinzin acumê". Alguém
poderia traduzir o significado dessas palavras? Não! Não são
palavras de origem indígena nem estrangeira.
Prestando bem atenção, pode-se notar que é Português. Um linguajar típico,
usado por pessoas idosas, nascidas e criadas na zona rural.
Na casa de minha avó tinha um quintal enorme, cheio
de árvores diversas, com uma grande variedade de frutas. Mamoeiros, Goiabeiras,
mangueiras, laranjeiras, além dos pés de pinha, "fruta-do-conde",
acerola, pitanga, carambola, e outras. Era um tempo em que não tínhamos
geladeira, e, assim sendo, consumia-se as frutas o mais cedo possível, antes
que apodrecessem.
Nós, meninos na época éramos os maiores
consumidores destas benditas frutas. E não era somente das frutas. Havia também
os doces de leite, de goiaba, laranjadas, os bolos e biscoitos que as mulheres
da casa faziam num tempo em que era tudo obviamente "in natura". Nada
de conservantes, corantes, etc. Por isso mesmo eram saborosos.
Em tempos de férias, nos juntávamos todos a correr
pela casa abrindo armários em busca de biscoitos e bolos, ou subíamos nas
árvores do quintal à procura de frutas.
Era aí que minha avó pronunciava as tais palavras
estranhas citadas no começo deste texto. Na verdade,o que ela dizia era:
"Esses meninos passam o dia inteirinhozinho a comer".
Nesse mesmo embalo podemos citar palavras como: etuquitaí, quecocequé,
deuzulivre, deuzemais, ceisqué, soceisquizé, capranóis, xacomigo que
obviamente, são frases reduzidas a uma palavra só. Por aí vemos, que não era
somente minha avó que usava esse linguajar. Mineiros e baianos usam muito essas
reduções de frases como ebomdimais sô, (Minas) e o famoso opaió,(Bahia).
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