quinta-feira, 15 de abril de 2021

A Nova Praça de Esportes.

A inauguração do Estádio Waldomiro Borges de Souza, constitui evidentemente o ponto primordial e central das comemorações festivas da passagem do 72 aniversário de Jequié. Trata-se, com certeza, de uma das mais importantes obras das tantas que já foram realizadas no Município aniversariante. E o nosso orgulho mais se acentua, quando sabemos que essa realização tão espetacular, foi concretizada única e exclusivamente com recursos da Prefeitura local.

Uma simples referencia à inauguração da nova praça de esportes, não seria motivo suficiente para um comentário da redação, bastaria, claro esta, uma simples notícia, uma foto talvez e, pronto. Acontece, porém, que o novo estádio tem uma história digna de referencia e, então, por dever de justiça e para louvar o idealismo de uns e ousadia de outros, nossa referencia retrospectiva, aqui. Lembremos, pois, a epopeia. Voltemos há alguns anos.

O desenrolar do tempo e a consequente evolução de tudo exigia, também para o futebol em Jequié, condições paralelas ao seu desenvolvimento e a construção de um novo estádio se fazia exigir. O histórico campo do bairro do Jequiezinho, lembranças do dinâmico Aníbal Brito, já não mais comportava o avanço evolutivo. Sendo assim, homens de função pública e desportistas diversos, lutaram então incansavelmente para atingir tal objetivo. Os anos passavam, nada era conseguido. O vereador Émerson Pinto de Araújo foi até autor de um Ante-Projeto de lei; pedra fundamental foi lançada, contando com o desportista e vereador Milton Rabelio á crista dos acontecimentos e Lomanto Jr. Prefeito. Infelizmente, contudo, a pedra inicial ficou sepultada. Era mais uma desilusão...

Enquanto o tempo corria e se esperava o milagre, melhoramentos foram introduzidos no velho campo, graças ao esforço e iniciativa de Milton Rabello, Walter Nogueira, Virgílio e Zenildo Tourinho. Laerson Soares, Izidório do Carmo e outros. Mas, chegava enfim, o início da materialização do velho sonho.

Entre os membros do legislativo municipal do período 1963-1968, estava com um defensor intransigente do esporte, componente várias vezes da Liga local o que, munido da condição de jornalista, radialista e das prerrogativas de vereador, pegou o estandarte da luta. Era Laerson Soares. Mesmo combatido, tomou várias medidas preparatórias e apresentou à Câmara um Ante-Projeto de Lei que após discursões acaloradas, contraposições, marchas e contra-marchas, foi aprovada e, em 22-6-1966, era transformada em Lei Municipal n 612 com um crédito especial de cem  milhões de cruzeiros. Mas não ficou no prazer de uma vitória legislativa com a aprovação do seu projeto. Incluiu no orçamento do ano seguinte mais dez milhões. Pediu e obteve da família Orrico (através do Sr, Geraldo Orrico Filho) a Área de terra onde foi construído o novo estádio. Perseguiu quase diariamente o Prefeito Daniel Andrade reiterando-lhe, pessoalmente,  ou através da imprensa falada e escrita, o início da construção de uma nova praça de esportes e conseguiu. Aquele Prefeito baixava ordem para o início das obras.

Formando uma comissão, o vereador de então, Laerson Soares, fora ao Governador Lomanto Jr. pleitear a ajuda do Estado. E o Govenador atendeu. Enviando mais uma parcela. Por capricho do destino, Milton Rabello, na Diretoria de Obras, acelerava os trabalhos. O tempo para aquela gestão, contudo, chegava ao fim, mas o sucessor de Daniel era uma esperança.

Mesmo sem haver incluído em seu roteiro administrativo aquela obra, Waldomiro Borges, o novo Prefeito, fê-la prosseguir, impedindo solução de continuidade. Era preciso muita coragem para isso, e ele a teve suficiente. E, contudo tão somente com as finanças municipais, sem ajuda de quem fosse, Waldomiro Borges remou sozinho com seus auxiliares. A obra seguiu, então, surpreendendo a todos e contrariando até aos “espíritos de porcos”...

É hoje, graças a tanto esforço tanto entusiasmo, tanto idealismo, tanta coragem, de tantos, Jequié festeja, regozijado, não só seu aniversário histórico, mas é também, a vitória de uma luta magnífica, de muitos para todos. (Jornal Jequié 2510/1969 - Fonte: Biblioteca Luiz Neves Cotrim do Museu Histórico de Jequié - Material fornecido pelo Museólogo  Antônio Varjão Matos).

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