O estádio Waldomiro
Borges recebeu no último domingo um dos maiores públicos neste atual certame de
futebol.
Bahia e Jequié
defrontaram-se cumprindo a tabela do segundo turno e a ADJ após a pugna saiu
derrotada por um tento a zero. Mas, não vamos querer lamentar a placar oposto. Jequié
esteve bom durante toda luta, demonstrando seu poderio embora não conseguisse
penetrar na área adversária para assinalar o seu tento de honra. Não vamos
comentar o Jogo. Não nos arvoraremos em ser comentarista de futebol. Para nós
basta dizer que foi equilibrado. Vamos tentar descrever o cenário, no colorido
belíssimo dos torcedores, na tranquilidade dos visitantes, no entusiasmo dos
atletas e sobretudo, na coreografia de todo o panorama do estádio Waldomiro
Borges.
O Esporte Clube Bahia
veio à Jequié e não temeu os boatos surgidos na Capital onde pintavam nossa
Cidade como cenário de adversidade para os visitantes. Ele veio e aqui
encontrou um clima de hospitalidade comum aos “tabaréus” do Sertão Jequieense.
A própria imprensa foi testemunha de que aqui ninguém, feriu ninguém, ninguém
molestou ninguém e todo mundo foi um só no entusiasmo, na alegria, na grande
festa do esporte.
Não precisou soldados
de fora. Não foi necessário reforço de policiamento, Jequié é uma cidade
pacata, ordeira por excelência, nascida sob o signo da liberdade e por isto
sabe respeitar a lei e a ordem. O próprio Coronel Aurélio Vieira, proferiu
palavras de carinho e de reconhecimento ao modo com que foram tratados todos os
integrantes de sua embaixada.
A Capital talvez não
conheça profundamente o espírito de hospitalidade de nosso povo, e tenha
duvidado um pouco quando a imprensa marrom, aquela que destrói, aquela que
intriga e blasfema pintou com a tinta da mentira o retrato do nosso povo.
Jequié deu uma
resposta. E a deu, altiva e serena, sertanejos que somos não poderíamos
desmentir nossa tradição. E toda a Bahia assistiu o desenrolar do jogo.
Bandeiras agitadas por mãos nervosas, lábios ressequidos na ânsia do grito da vitória,
mas acima de tudo, a gentileza da esportividade, a educação para o visitante.
Não atacamos, porque
não fomos atacados. Claro que com isso, não queremos dizer que somos tão
pacatos ao ponto de levar desaforos para casa. Não! Agredidos, reagimos tratados
carinhosamente e com respeito, agradecemos.
Perdemos o jogo mas
ganhamos a confirmação do nosso espírito esportivo. Perdemos porque o Bahia
mereceu ganhar. O Juiz não pode ser culpado e nenhum Juiz será culpado quando
honesto em sua formação, correto na sua integridade moral. A Federação Bahiana,
pode estar tranquila. Demos mais uma vez a prova de nossa tradição esportiva.
Mas, pacatos que somos, ordeiros por excelência, não conseguiremos suportar o
ultraje do roubo a deslealdade das funções, o insulto do moleque, a humilhação
do covarde. Nesta hora reagiremos todos, porque afinal, o sertanejo é antes de
tudo, um Forte... (Jornal Jequié – 28/06/1971 - Fonte: Biblioteca Luiz Neves Cotrim do Museu
Histórico de Jequié - Material fornecido pelo Museólogo Antônio
Varjão Matos).
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