domingo, 29 de novembro de 2020

NOS PALCOS E NAS PRAÇAS

                                                                   Por Carlos Eden Meira

Luiz Gonzaga, zabumbeiro Catamilho e o Zequinha no triângulo, primeiro conjunto autenticamente nordestino, naquele estilo musical. (Foto do livro "Vida do Viajante - A Saga de Luiz Gonzaga" de Dominique Dreyfus).

Este texto me foi sugerido pelo meu primo e amigo CHARLES MEIRA, cantor, compositor, escritor, artista plástico e dinâmico diretor deste blog. Não vi, nem nunca fiz muita coisa em minha vivência no meio musical, mas Charles achou interessante que eu falasse algo que demonstrasse minha forma de sentir a beleza que a sublime arte musical representou para mim, apesar de minhas limitações. De qualquer maneira, foi uma oportunidade para falar sobre importantes eventos culturais que tive o prazer de assistir, e que atualmente não sei se ainda verei.

O ano era 1953 ou 1954, não sei exatamente, mas foi a primeira vez que vi emocionado, um inesquecível show de auditório. Foi no CINE TEATRO JEQUIÉ, numa manhã de domingo, e o artista a se apresentar era o ídolo da garotada da época, e de toda uma geração que continuou e continua a admirar sua arte. Era LUIZ GONZAGA, “O Rei do Baião”! O cinema superlotado, um barulho infernal de vozes da criançada principalmente, ansiosa para ver em carne e osso, o sanfoneiro famoso que formava junto com o zabumbeiro CATAMILHO e o ZEQUINHA no triângulo, o primeiro conjunto autenticamente nordestino, naquele estilo musical. Anos mais tarde, assisti a outras apresentações do Gonzagão já tocando em praça pública, patrocinado por alguma empresa comercial de marca famosa. Tempos depois, cheguei a ver shows de grandes nomes entre comediantes como ZÉ TRINDADE, e diversos artistas do rádio e da TV, como NILO AMARO E SEUS CANTORES DE ÉBANO, VIRGINIA LANE e suas vedetes, VICENTE CELESTINO, MARINEZ E SUA GENTE, TRIO NORDESTINO, POLY e seu conjunto, THE JORDANS, JERRY ADRIANI e RONNIE VON.

WANDERLEY CARDOSO foi um dos poucos artistas que acompanhei, tendo participado do conjunto THE BIRDS em 1967, contratado para acompanhar o cantor em algumas cidades baianas. Não sabíamos nenhuma música do cantor, pois, não gostávamos de quase nada da “Jovem Guarda”. Um amigo nosso que conhecia o repertório, ensaiou conosco. Com os ÍMPARES, acompanhamos o baiano OSVALDO FAHEL, que fez enorme sucesso com a canção “Morena do Rio Vermelho”. No mesmo grupo, participamos de algumas apresentações de ZÉ COIÓ (Roberto Ferreira), comediante carioca que mais tarde veio para o Nordeste. Zé Coió foi ator coadjuvante em O PAGADOR DE PROMESSAS, filme baseado na peça de DIAS GOMES com direção de ANSELMO DUARTE, ganhador da PALMA DE OURO no festival de Cannes em 1962. Zé Coió interpretava o “Dedé Cospe Rima”, personagem inspirado no cordelista baiano CUÍCA DE SANTO AMARO, conforme comentaristas de cinema, na época.

Anos antes, 1964 para ser exato, assistimos ao maior espetáculo de palco de todos os tempos em Jequié: A CARAVANA DA CULTURA, criada por PASCHOAL CARLOS MAGNO, Secretário Geral do Conselho Nacional de Cultura, na época. A Caravana viajou por vários estados do País, levando para o povo o que havia de melhor na música, folclore, teatro, dança típica, literatura e poesia nacionais. Ali, tivemos a oportunidade única de ver o grande ator do teatro brasileiro, SERGIO CARDOSO declamando o poema “O Operário em Construção” de VINÍCIUS DE MORAES, e uma belíssima performance de balé clássico, com a então Primeira-Bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, BEATRIZ CONSUELO.

Em épocas mais recentes destaco A ORQUESTRA SINFÔNICA DA BAHIA, o QUARTETO EM CY, LOS CATEDRÁSTICOS, os BEATLES “N”JAZZ, a apresentação no auditório do SESC do DUO CANCIONÂNCIAS do programa “Sonora Brasil”, além do inesquecível show em praça pública de ELBA RAMALHO, DOMINGUINHOS e WALDONYS, numa linda e maravilhosamente alegre noite de São João, que foi para mim, um dos melhores espetáculos que tive a oportunidade de assistir.

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