Por Carlos Eden Meira
Luiz Gonzaga, zabumbeiro Catamilho e o Zequinha
no triângulo, primeiro conjunto autenticamente nordestino, naquele estilo
musical. (Foto do livro "Vida do Viajante - A Saga de Luiz Gonzaga"
de Dominique Dreyfus).
Este texto me foi sugerido pelo meu primo
e amigo CHARLES MEIRA, cantor, compositor, escritor, artista plástico e
dinâmico diretor deste blog. Não vi, nem nunca fiz muita coisa em minha
vivência no meio musical, mas Charles achou interessante que eu falasse algo
que demonstrasse minha forma de sentir a beleza que a sublime arte musical
representou para mim, apesar de minhas limitações. De qualquer maneira, foi uma
oportunidade para falar sobre importantes eventos culturais que tive o prazer
de assistir, e que atualmente não sei se ainda verei.
O ano era 1953 ou 1954, não sei
exatamente, mas foi a primeira vez que vi emocionado, um inesquecível show de
auditório. Foi no CINE TEATRO JEQUIÉ, numa manhã de domingo, e o artista a se
apresentar era o ídolo da garotada da época, e de toda uma geração que
continuou e continua a admirar sua arte. Era LUIZ GONZAGA, “O Rei do Baião”! O
cinema superlotado, um barulho infernal de vozes da criançada principalmente,
ansiosa para ver em carne e osso, o sanfoneiro famoso que formava junto com o
zabumbeiro CATAMILHO e o ZEQUINHA no triângulo, o primeiro conjunto
autenticamente nordestino, naquele estilo musical. Anos mais tarde, assisti a
outras apresentações do Gonzagão já tocando em praça pública, patrocinado por
alguma empresa comercial de marca famosa. Tempos depois, cheguei a ver shows de
grandes nomes entre comediantes como ZÉ TRINDADE, e diversos artistas do rádio
e da TV, como NILO AMARO E SEUS CANTORES DE ÉBANO, VIRGINIA LANE e suas
vedetes, VICENTE CELESTINO, MARINEZ E SUA GENTE, TRIO NORDESTINO, POLY e seu
conjunto, THE JORDANS, JERRY ADRIANI e RONNIE VON.
WANDERLEY CARDOSO foi um dos poucos
artistas que acompanhei, tendo participado do conjunto THE BIRDS em 1967, contratado
para acompanhar o cantor em algumas cidades baianas. Não sabíamos nenhuma
música do cantor, pois, não gostávamos de quase nada da “Jovem Guarda”. Um
amigo nosso que conhecia o repertório, ensaiou conosco. Com os ÍMPARES,
acompanhamos o baiano OSVALDO FAHEL, que fez enorme sucesso com a canção
“Morena do Rio Vermelho”. No mesmo grupo, participamos de algumas apresentações
de ZÉ COIÓ (Roberto Ferreira), comediante carioca que mais tarde veio para o
Nordeste. Zé Coió foi ator coadjuvante em O PAGADOR DE PROMESSAS, filme baseado
na peça de DIAS GOMES com direção de ANSELMO DUARTE, ganhador da PALMA DE OURO
no festival de Cannes em 1962. Zé Coió interpretava o “Dedé Cospe Rima”,
personagem inspirado no cordelista baiano CUÍCA DE SANTO AMARO, conforme comentaristas
de cinema, na época.
Anos antes, 1964 para ser exato,
assistimos ao maior espetáculo de palco de todos os tempos em Jequié: A
CARAVANA DA CULTURA, criada por PASCHOAL CARLOS MAGNO, Secretário Geral do
Conselho Nacional de Cultura, na época. A Caravana viajou por vários estados do
País, levando para o povo o que havia de melhor na música, folclore, teatro,
dança típica, literatura e poesia nacionais. Ali, tivemos a oportunidade única
de ver o grande ator do teatro brasileiro, SERGIO CARDOSO declamando o poema “O
Operário em Construção” de VINÍCIUS DE MORAES, e uma belíssima performance de
balé clássico, com a então Primeira-Bailarina do Teatro Municipal do Rio de
Janeiro, BEATRIZ CONSUELO.
Em épocas mais recentes destaco A ORQUESTRA SINFÔNICA DA BAHIA, o QUARTETO EM CY, LOS CATEDRÁSTICOS, os BEATLES “N”JAZZ, a apresentação no auditório do SESC do DUO CANCIONÂNCIAS do programa “Sonora Brasil”, além do inesquecível show em praça pública de ELBA RAMALHO, DOMINGUINHOS e WALDONYS, numa linda e maravilhosamente alegre noite de São João, que foi para mim, um dos melhores espetáculos que tive a oportunidade de assistir.
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